Barbeiro que viajou com a Seleção Brasileira iniciou a carreira em Catanduva
Baianinho teve salão no Solo Sagrado e depois ganhou fama em Curitiba por atender jogadores de futebol; ele foi levado ao Catar pelo goleiro Weverton
Fotos: ARQUIVO PESSOAL - Baianinho diz que curso de cabeleireiro foi divisor de águas em sua vida
Por Guilherme Gandini | 18 de dezembro, 2022

Quando Antonio Cesar Santana, o Baianinho, chegou a Catanduva, ele estava prestes a completar 18 anos. Nascido em Itaberaba, interior da Bahia, no começo da Chapada Diamantina, carrega o apelido de Baianinho e se destaca com uma barbearia de alto padrão em Curitiba/PR. Recentemente, ganhou fama ao acompanhar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar.

Em Catanduva, trabalhou primeiro como servente de pedreiro e auxiliar em uma serralheria. “Eu ainda não podia trabalhar nas usinas, que era onde tinha bastante emprego e fui para Catanduva justamente com esse objetivo, mas eu não podia por causa da idade”, lembra ele.

Depois passou por usinas e fábricas de ventiladores, até fazer curso de cabeleiro unissex em uma escola da cidade, estimulado por um amigo, que notou seu interesse pelo ofício. “Surgiu esse interesse no meu coração, porque eu já fazia alguns cortes de cabelo amador, de alguns amigos e parentes”, confidencia. “E assim começou a minha trajetória como barbeiro.”

O curso foi um divisor de águas. “Lá tive o privilégio e prazer de conviver com a professora Maria Santa Borges. Foi essa mulher que me deu a luz, o caminho, a direção de me interessar pela área da beleza. Quando cheguei na sala [de aula], fiz bastante amizade com essa professora, até hoje ela me chama de um apelido bem carinhoso, que era ‘neguinho’ e foi assim que eu comecei.”

Ele conta que a professora enxergou seu talento desde o primeiro instante. “Ela olhou pra mim e os olhos dela brilhavam. Ela falava “neguinho, você corta cabelo super bem de homem”, e eu falei que queria fazer os dois, de homem e mulher, então ela disse que ia me ajudar e ensinar.”

Baianinho morou em Catanduva por sete anos, de 2005 até 2012, até decidir se mudar para Curitiba aos 25 anos. Seu último ano na cidade foi marcado pela conclusão dos estudos no CAIC, no bairro Solo Sagrado, onde morava na rua 3. Foi aquele local também que ele escolheu para abrir seu primeiro salão: Cesar Cabeleireiro, dando o pontapé inicial em sua carreira.

CABELO E FUTEBOL

Quando Baianinho chegou em Curitiba, começou a trabalhar em uma barbearia onde iam muitos jogadores de futebol. Falante, fez amizade com muitos deles, inclusive conheceu o lateral Alex Sandro, que é catanduvense e naquele ano de 2012 reforçava o elenco do Athletico Paranaense.

“Conheci meninos que foram fundamentais no meu início de carreira, como o Bruno Costa, o Adriano Lara, o Jajá (que também é de Catanduva, filho do ex-jogador Jajá), o Renan Lodi, que é de Ribeirão Preto. Tive o privilégio de cortar cabelo de vários jogadores requisitados no mundo da bola, inclusive o [goleiro] Weverton, que foi o cara que me levou para a Copa”, relata.

O atual arqueiro do Palmeiras, na época, saiu do Botafogo de Ribeirão Preto, passou pela Portuguesa e chegou ao Athlético em 2012. “Fiz uma amizade com ele, que virou mais que irmão, depois ele fez tudo isso, me presenteou com um gesto de carinho e amizade verdadeira”, diz Baianinho, em referência ao fato de Weverton tê-lo levado às Olimpíadas e ao Catar.

“Ele me fez uma promessa que onde ele fosse jogador futebol ele me levaria. Em 2016, surgiu a primeira oportunidade, quando ele foi convocado para as Olimpíadas, que foi no Brasil, e nós fomos para Salvador, no primeiro jogo, aí depois para São Paulo e Rio de Janeiro, quando o Brasil foi coroado com o primeiro ouro olímpico, e eu estava lá, tive o privilégio de conhecer o Neymar, tive contato com tantos nomes do futebol brasileiro, como Gabriel Jesus, Gabigol”, relembra.

Com a convocação do goleiro por Tite, Baianinho ganhou do amigo a passagem de ida e volta ao Catar, onde ficou com a seleção por 22 dias. Lá atendeu vários jogadores do time, como Rodrygo e Casimiro, além de médico, fisioterapeuta, massagista, roupeiro e pessoas da CBF. Depois da derrota brasileira, voltou com os jogadores no mesmo voo e presenciou a tristeza do grupo.

“Foi magnífico, um país tão rico, com uma cultura tão diferente. Pra mim, um jovem do interior da Bahia, que cresceu no interior de São Paulo, trabalhando nas usinas, que virou barbeiro e pode chegar no meio dos caras mais influentes do mundo da bola, poder fazer o atendimento dos jogadores em Doha, foi surreal. Um momento único pra levar para o resto da minha vida.”

VÍNCULO COM A CIDADE

Baianinho mantém vínculo grande com Catanduva, já que suas cinco irmãs moram na cidade. “Deus tem um propósito na nossa vida, tive que passar por Catanduva para chegar a Curitiba, onde estou há quase 11 anos”, reflete, celebrando as conquistas.

“Tem sido maravilhoso. Tenho conhecido muitas pessoas do mundo do futebol. Tenho uma barbearia muito bonita, renomada, em uma área nobre da cidade, então acredito que ainda tem muita coisa pra acontecer na minha vida, sou muito grato a Deus por tudo isso.”

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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