Clientes de mais quatro bancos estão impedidos de utilizar os caixas eletrônicos após as 18 horas e aos finais de semana e feriados. Isso porque Bradesco, Itaú, Mercantil do Brasil e Santander aderiram ao “toque de recolher” declarado pelo sistema bancário do município em resposta à lei municipal nº 6.195/2021, de autoria do vereador Gordo do Restaurante (PSDB).
Eles se juntam ao Banco do Brasil e às agências das cooperativas, como a da Sicredi Noroeste SP, que puxaram a fila, conforme revelado por O Regional na edição de ontem. No caso do Sicredi e Itaú, os caixas eletrônicos passaram a funcionar das 8h30 às 17h30 de segunda a sexta-feira, apenas. Os demais fecham as portas do autoatendimento às 18 horas.
A lei que motivou a redução dos horários foi aprovada pela Câmara de Catanduva em 2021 e regulamentada no início de março pelo prefeito Padre Osvaldo (PSDB). A norma exige que um vigilante permaneça na área de caixas eletrônicos até as 22 horas, além de um funcionário para realização de limpeza e sanitização dos equipamentos, em preocupação contra a Covid-19.
Em contato com gestores e funcionários das agências, O Regional apurou que a regra é tida como inviável, pois o vigilante ficaria exposto na área externa e, com isso, é considerado uma isca para os bandidos, o que colocaria o profissional em risco. Atualmente, os vigilantes saem ao término do expediente bancário e a arma é deixada dentro do cofre da unidade.
A reportagem confirmou também que os bancos já receberam mais de uma autuação, aplicadas pelos fiscais de posturas da Prefeitura de Catanduva, por não terem vigilantes no período noturno, como exige a lei. Conforme o texto, o descumprimento pode acarretar a aplicação de multa diária de cerca de R$ 7,2 mil – o que acabou por apressar a redução dos horários.
Único banco que ainda não alterou o horário do autoatendimento, a Caixa Econômica Federal foi questionada por O Regional se as agências locais seguirão o fluxo das demais instituições financeiras. A empresa não respondeu até o fechamento desta edição.
REVOGAÇÃO
Questionado, o vereador Gordo do Restaurante defendeu a lei de sua autoria e citou legislação federal que, segundo ele, obrigaria o atendimento até as 22 horas pelos bancos. “Os cidadãos que pagam seus impostos e tarifas precisam de segurança, assim a referida lei foi criada visando o futuro, proteger os usuários, principalmente os mais idosos e vulneráveis. O que custaria aos cofres dos bancos colocar um ou dois vigias para garantir a segurança de seus usuários?”
Apesar disso, na sessão da Câmara realizada na noite desta terça-feira, 28, Gordo apresentou projeto que revoga a lei municipal nº 6.195/2021 na sua totalidade. Ele não utilizou a tribuna para tratar do assunto, porém, nas redes sociais, publicou texto que diz que a lei geraria mais de 100 empregos na cidade e que os bancos estão lesando a população e o culpando pela redução do horário do autoatendimento. “A lei não foi criada para fechar os caixas eletrônicos, os bancos fecharam por não quererem cumprir a lei municipal que pede somente vigilantes e a higienização dos caixas eletrônicos”, reforça. “Nunca quis prejudicar ninguém.”
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