“Meu coração foi tocado e algo dentro de mim pediu para ensinar Jiu-Jitsu. Foi aí que criei o Projeto Jiu-Jitsu para Cristo”. Essa é a explicação do professor e atleta Fábio Rossi, o conhecido Fábio Popeye. Ele ministra aulas gratuitas da modalidade na Assembleia de Deus Ministério da Fé, que fica no Jardim Caparroz, em Catanduva.

Competidor há 15 anos, Popeye é o atual vice-campeão paulista de Jiu-Jitsu, categoria faixa presta pesadíssimo. O título foi conquistado em março deste ano, em evento da Federação Paulista de Jiu-Jitsu. Ele é da equipe catanduvense Léo Marques Jiu-Jitsu. Léo é seu professor.

Desde 2022 ele atende crianças que não podem pagar por uma mensalidade no aprendizado da arte marcial. No início eram, apenas, 3 alunos. Atualmente são 110, sendo crianças a partir dos 5 anos, adolescentes e adultos. As aulas acontecem toda quarta-feira, a partir das 19h30, e aos sábados, em diferentes horários.

Membro da igreja onde dá aulas, ele conseguiu o espaço gratuitamente cedido pelo pastor Hemerson Cantoia. O pouco apoio que recebe vem dos pais dos alunos, que doam bolo, lanche e suco para que os atletas se alimentem.

Formado em Educação Física, Fábio Rossi afirma que “toca o projeto na raça”, já que não existem mensalidades e nem mesmo apoio de empresas, órgãos de classe ou qualquer entidade. Apesar da dificuldade, ele consegue doar chocolate na Páscoa e panetone no Natal para seus alunos. “Acredito muito no esporte. O esporte é o maior definidor de caráter do ser humano”, disse ele.

Morador da periferia, no bairro Nosso Teto, Fábio disse que poucas crianças e jovens procuram pelo Jiu-Jitsu, considerado um esporte caro. Um kimono custa em torno de R$ 350.

“Eu acredito que muitos amigos que tive não estariam nas drogas, nas bebidas, presos ou procurado caminhos errados na vida se existisse um projeto acolhedor como o Jiu-jitsu para Cristo. Como conheço essa difícil realidade, escolhi dar aulas gratuitamente, visando ajudar os que queiram praticar essa arte marcial”, comentou o professor e atleta.

Fábio diz que vários alunos chegaram com problemas de saúde mental, falta de condicionamento físico, pessoas acima do peso, sedentárias e aqueles que poderiam experimentar o mundo das drogas. “Através do Jiu-jitsu podemos formar o caráter da pessoa, que poderá virar um atleta, uma pessoa que saiba o valor da competição de maneira respeitosa”, frisou Popeye.

Além de alunos de vários bairros de Catanduva, o Projeto Jiu-Jitsu para Cristo conta com alunos de Pindorama, Palmares Paulista e Catiguá. Para as mulheres, Fábio também ensina defesa pessoal. “Aqui somos uma família, todos com disciplina para a prática desta bonita arte marcial. O projeto ajudou vários jovens a deixar as drogas, a depressão, a revolta e outros problemas”.

PARCERIA

A escola Léo Marques Jiu-Jitsu é parceira do Projeto Jiu-Jitsu para Cristo. Alunos que se destacam no projeto social são levados para treinar na equipe Léo Marques, que oferece bolsa aos atletas.