Professores da rede municipal de ensino de Catanduva realizaram manifestação na Praça da Matriz, no Centro, em defesa do pagamento do piso salarial nacional e pela valorização da categoria. Eles discordam da forma como o governo municipal propõe calcular o piso: a ideia seria somar o salário base e a gratificação do Fundeb, que hoje é um extra, para atingir o valor.
“O objetivo desta manifestação é sensibilizar toda a população, explicando que nós não somos contra a reestruturação que a Prefeitura está fazendo com os funcionários públicos, nós só estamos pedindo para que a reestruturação separe os professores, porque o olhar para os professores tem que ser diferente”, defende Gislaine Barbosa, uma das líderes do movimento.
Segundo ela, na proposta de reestruturação feita pelo prefeito Padre Osvaldo, os professores sairão perdendo. “Eles vai apenas contemplar o piso e tirar uma gratificação que nós já recebemos há mais de 10 anos. Isso, somado aos impostos, nós vamos ganhar menos do que estamos ganhando hoje. Somos a favor da reestruturação, mas sem tirar nossa gratificação.”
Ao Jornal O Regional, a educadora também reclamou da falta de diálogo com a categoria. “Está tendo muita fake news querendo colocar os servidores uns contra os outros, querendo colocar a população contra os professores, como se estivéssemos sendo partidários e não tem nada a ver. Somos apartidários, somos professores que queremos ser ouvidos”, criticou.
Gislaine disse, ainda, que a Prefeitura está irredutível quanto ao seu plano de reestruturação. “Não somos contra [a reestruturação], os professores não são contra, como diz a fake news. Nós só queremos que eles não tirem o que nós já temos, o que é nosso por direito.”
O manifesto dos professores municipais prosseguiu pela rua Brasil até o Paço Municipal e teve apoio da Apeoesp - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo. Já o Simcat - Sindicato dos Funcionários Públicos Municipais não enviou representante e vem sendo alvo de críticas dos servidores.
VEREADORES
Acompanhando a movimentação, o presidente da Câmara de Catanduva, Gleison Begalli, se disse favorável às demandas do professorado. “É uma mobilização justa, pacífica, onde eles buscam especificidades da categoria do magistério, para valorização, uma vez que já estão há três anos sem reajuste, em virtude de lei federal e de posicionamento do governo municipal.”
O parlamentar frisou que concorda com a proposta da reestruturação, mas que espera que o prefeito dialogue com a classe. “É uma importante reestruturação que busca valorizar os níveis mais baixos do funcionalismo, Se ela vier de fato contemplar os funcionários públicos, certamente seremos favoráveis. Estamos acompanhando essa movimentação e dando apoio moral e aguardando que o governo do Padre Osvaldo possa receber a categoria e negociar.”
Quem também marcou presença foi a vereadora Taise Braz, que chegou inclusive a discursar no evento. “É muito triste toda a movimentação que [eles] vêm fazendo em torno da luta de vocês, trazendo essa causa como um engodo, trazendo questões políticas”, lamentou.
E prosseguiu: “É muito importante toda a sociedade se atentar que esta movimentação que os professores estão fazendo é por direito. Ninguém aqui saiu de casa e está fazendo essa luta há mais de 100 dias para retirar direito de ninguém. Muito pelo contrário. Muito se fala que o professor é a base da sociedade, mas não é a valorização que a gente encontra nesse momento.”
Abaixo-assinado e pedido de apoio aos vereadores
Após a audiência pública realizada na Câmara e mediante as propostas que o prefeito Padre Osvaldo fez para a reestruturação do funcionalismo, a Apeoesp realizou assembleia dos professores municipais e definiu comissão de presentantes para organizar as ações. Além do manifesto deste sábado, também estão previstas panfletagens e diálogo com a população.
De acordo com Leandro Alves Oliveira, secretário-geral da Apeoesp, a intenção é envolver a comunidade escolar. Já o pedido de apoio direcionado aos vereadores busca fazer com que eles desmembrem o futuro projeto de lei para reestruturação do funcionalismo em duas partes, separando o que diz respeito à Educação. O pleito será acompanhado por abaixo-assinado.
Também está sendo preparada denúncia ao Ministério Público e ação coletiva em favor de todos os professores para que a Prefeitura atenda a lei do piso. “A Prefeitura está querendo fazer uma manobra matemática para falar que está atendendo a lei do piso e, de fato, não vai estar”, pontua o sindicalista. “A Apeoesp está entrando nessa luta com os professores.”
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