Atletas com diabetes participaram da Copa Interior de Duathlon e Triathlon, cuja 2ª etapa aconteceu no último final de semana em Sorocaba. Livia Ciarlo foi um dos 25 representantes do Clube de Tênis, que conta com outros dois atletas com diabetes, Bruno Bolinelli e Victor Vidal, na competição. Ela destaca que mesmo com a condição é possível conquistar bons resultados esportivos.

A Copa Interior tem como objetivo trazer as provas multimodalidades para o interior de São Paulo, passando por diversas cidades. A modalidade Duathlon é composta por corrida, pedal e corrida novamente, enquanto a Triathlon começa com nado, depois pedal e em seguida corrida.

Livia competiu na categoria Duathlon Sprint 40-44 anos, onde correu por 2,5 km, depois pedalou 20 km e em seguida fez mais 5 km de corrida. O diagnóstico da atleta é diabetes tipo 1 e foi descoberto há 28 anos. Ela conta que no início era difícil manter o controle, ainda criança, por conta da falta de conhecimento e informações.

“Eu era uma criança que tinha medo de fazer atividade física por medo de hipoglicemia ( queda de glicose no sangue) então deixava de participar de educação física na escola e isso também acabava prejudicando o controle. Nunca passou pela minha cabeça participar de alguma competição tendo diabetes”, relembra.

Mas tudo começou a mudar quando encontrou atletas que tinham a mesma condição, muito pela ajuda da Associação de Diabetes de Catanduva que, através de lives com vários atletas de alto rendimento e alguns encontros presenciais, tem colaborado com comunidade ao espalhar informação e comunicar sobre as possibilidades para pessoas que possuem a doença.

“Nossa principal ferramenta é a educação em diabetes, através de lives semanais que são realizadas pelos voluntários da associação, principalmente pelo nosso presidente Rudy Vilarinho e pelo Bruno Bolinelli que é educador físico e tem diabetes tipo 1”, acrescenta Livia.

No último final de semana ela conquistou o 4º lugar em sua categoria, um resultado que considera positivo, tendo em vista que fez uma cirurgia recentemente e ficou cerca de um mês sem treinar.

“Essa competição não é só para quem tem diabetes, é uma Copa do Interior de São Paulo, onde participam vários atletas de vários lugares do Brasil. É isso que tentamos desmistificar: que dá sim para ter alto rendimento, desde que a pessoa busque busque informações, tente entender um pouquinho como funciona o organismo dela, como que a intensidade, duração e as modalidades do esporte impactam na glicemia”, relata.

Livia ainda ressalta que a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) possui algumas recomendações para a prática de atividades físicas, mas que essa busca individual é essencial, visto que cada indivíduo tem uma condição e organismos diferentes. Por isso, é preciso ter planejamento e conhecimento, sempre com acompanhamento de médicos e profissionais nutricionista e educador físico.

“A recomendação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) é que essa prática deve ser em torno de 150 minutos semanais, o que daria 30 minutos cinco vezes na semana. Tem também as especificações dos valores de glicemia recomendados. O ideal é que se comece uma atividade física com o índice de 150 até 180. Não é recomendado fazer acima de 350 por risco de cetoacidose diabética. Todo esse acompanhamento é necessário para que a pessoa tenha sucesso nos seus treinamentos, evolução física e consiga adequar alimentação, atividade e esse manejo do tratamento. Esse é o ponto chave do autoconhecimento que a gente só consegue tendo esse acompanhamento individual”, conta.