Amarante: ‘A obra de Padre Albino continua firme e forte e ainda maior’
Presidente do Conselho de Administração da FPA, José Carlos Rodrigues Amarante, falou sobre financiamento com o BNDES e os 97 anos da instituição
Foto: Comunicação/FPA - Amarante afirmou que a FPA se prepara para os novos desafios da saúde pública e particular
Por Guilherme Gandini | 27 de junho, 2023

A Fundação Padre Albino anunciou na sexta-feira, 23, a liberação de financiamento junto ao BNDES que possibilitará a ampliação de seus dois hospitais, Padre Albino e Emílio Carlos. Serão R$ 70 milhões que custearão parte do projeto Design do Futuro, já em andamento, calculado em quase R$ 120 milhões para obras civis, montagens e instalações nos dois locais.

Com os investimentos, a Fundação pretende aumentar a capacidade e melhorar a qualidade do atendimento prestado pelos seus hospitais a Catanduva e 18 municípios da região.

O assunto foi abordado pelo presidente do Conselho de Administração da Fundação Padre Albino, José Carlos Rodrigues Amarante, em entrevista concedida ao V1 Notícias, da Vox FM, que está disponível no facebook da emissora e também do jornal O Regional.

No bate-papo, ele ainda falou sobre os 97 anos de atuação da Fundação, completados nesta segunda-feira, 26, e relembrou ensinamentos deixados por Padre Albino, que ainda hoje norteiam o trabalho da instituição. O conteúdo, na íntegra, compõe a entrevista a seguir.

O Regional: Como serão investidos os recursos obtidos junto ao BNDES?

José Carlos Amarante: Os recursos financeiros obtidos do BNDES serão investidos integralmente no desenvolvimento do projeto denominado Design do Futuro e complementarão os R$ 120 milhões que estão orçados para esse projeto, que constitui na ampliação e melhoria da estrutura física dos hospitais Padre Albino e Emílio Carlos que serão feitos em três movimentos.

O primeiro deles já pode até ser visto por quem passa em frente à portaria da rua Belém, que é a imagem ícone da Santa Casa, construída pelo Padre Albino em 1926 e que constitui o incremento de dois elevadores sociais, escadarias amplas que permitem a passage de macas, nova recepção para tanto pacientes SUS quanto de convento, uma lanchonete interna que nós não tínhamos e que vão proporcionar mais conforto e segurança aos pacientes, familiares e colaboradores. A conclusão dessa primeira fase está prevista para outubro deste ano.

O segundo movimento poderá ser poderá dobservado dentro de alguns dias com a demolição das estruturas existentes do lado esquerdo de quem desce a rua 13 de Maio e onde hoje se encontram os prédios da medicina nuclear, estacionamento e anfiteatro, que vão dar lugar a um prédio de quatro andares, onde serão instalados a hemodinâmica, serviço dediagnóstico, como tomografia, cintilografia, litotripsia, medicina nuclear, consultórios e anfiteatro. Vai ter uma passarela que liga esse novo prédio, esses quatro andares ao prédio de cinco andares já existente hoje no centro da do Hospital Padre Albino.

E o terceiro movimento será no Emílio Carlos, com a construção de uma nova ala, onde vamos aumentar o leito de terapia intensiva adulto, com sala de simulação realística para o ensino de medicina, hemodiálise, logística e mais uma ampliação da central de suprimentos.

O Regional: A Fundação Padre Albino está preparada, estrutural e economicamente, para assumir esse empréstimo vultoso?

Sim, tanto que as negociações se arrastaram por quase dois anos e, no final, obtivemos o sinal verde para o empréstimo, porque superamos todos os obstáculos e sem nenhuma intermediação de agente bancário. Na verdade, até algo inédito em se tratando de instituição filantrópica. O que nos encorajou na tomada do empréstimo foi exatamente a necessidade e a urgência das melhorias na estrutura física dos nossos hospitais, que há anos carecem dessas melhorias e atual situação econômica da instituição que a gente vem já ao longo do tempo, desde 2012 construindo, é que permitiu não só a segurança do BNDES em conceder o empréstimo, mas também a segurança para nós mesmos de que esse empréstimo poderá ser quitado ao longo dos 10 anos, conforme previsto em contrato.

O Regional: Como o senhor avalia a estrutura e a saúde da FPA, que chega hoje aos 97 anos?

Padre Albino nos deixou um grande legado de atuação nas três áreas que são críticas em qualquer país, que são a saúde, educação e assistência social. Porém, em um contexto muito diferente dos nossos dias. Tudo que ele construiu foi através do seu carisma e com a ajuda de pessoas abnegadas e altruístas, num ambiente de pouquíssimos reconhecimentos de direitos e garantias coletivas e individuais. Na saúde, tínhamos apenas o Hospital Padre Albino, com pouquíssimos recursos operacionais e até bastante limitado em atendimentos especializados. Hoje, além do Hospital Padre Albino, com 207 leitos de atendimento de alta complexidade, a Fundação também possui o Hospital Emílio Carlos, com 164 leitos e atendimento ambulatorial e de média complexidade. Administra o Ambulatório Médico de Especialidades, o AME, para exames diagnósticos e outros pequenos procedimentos. E também temos o plano de saúde com cerca de 25 mil usuários. Ou seja, mesmo após 50 anos que vão ser completados em setembro deste ano da morte de Padre Albino e com todas as dificuldades enfrentadas, a Fundação Padre Albino cresceu, melhorou muito sua competência em assistência à saúde nas várias camadas sociais de Catanduva e região. E se prepara, assim, dessa forma, para os novos desafios que se descortinam tanto na saúde pública quanto na particular.

O Regional: Quais os pilares do trabalho desenvolvido pela Fundação?

Os pilares que dão sustentação e desenvolvimento sustentável à Fundação Padre Albino começam pela participação voluntária da sociedade, através do Conselho de Curadores e do Conselho de Administração, passa pela profissionalização da gestão, ocorrida recentemente, e percorrem todos os valores espelhados no nosso fundador, com os necessários incrementos que a própria evolução natural do segmento vai impondo. E esses valores são o comprometimento, o empreendedorismo, o profissionalismo, o respeito, a preservação da memória do Padre Albino e todo o seu legado, o trabalho de equipe e a transparência.

O Regional: Quais ensinamentos de Padre Albino que dão sustentação para a FPA?

Além do exemplo que Padre Albino nos deixou pela sua própria existência e maneira de viver, eu creio que a frase dita por ele próprio na comemoração dos seus 40 anos de sacerdócio, contém ou resume em um lema que guiará para sempre a trajetória da instituição que ele mesmo criou. E ele disse o seguinte: “Trabalho continuamente e com paixão para as obras sociais, mas nunca desejei ser rico, pessoalmente. Pelo contrário, sempre desejei ser pobre, honrado. Eu desejo com toda sinceridade morrer inteiramente pobre, sem dinheiro, sem bens, sem dívida e sem pecado”.

O Regional: Diante dessa reflexão e de tudo o que sabemos sobre ele, o senhor diria que a Fundação está honrando bem a memória de Padre Albino?

Eu diria que, não apenas está honrando a memória de Padre Albino, porque sua obra continua firme e forte, e ainda maior do que o que ele nos deixou. E, assim como ele, continuamos enfrentando muitas adversidades e incompreensões por parte daqueles que insistem em não reconhecer a grandeza e a importância da Fundação Padre Albino para todos os habitantes de Catanduva e região. Digo sempre que Padre Albino foi um só, não há nem haverá outro, e, portanto, não é justo querer comparar qualquer um de nós, voluntários, à figura e atuação exponencial do homem que está em processo de canonização. Apesar disso, a obra que ele deixou está muito viva e cumprindo fielmente com os propósitos de Padre Albino.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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