O chamado Abril Laranja é uma iniciativa criada pela Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade a Animais. O objetivo é conscientizar a população sobre os maus-tratos causados aos animais, algo que, segundo a médica veterinária integrativa Melissa Bueno, profissionais, poder público e sociedade podem ajudar.
Em sua visão, o papel do veterinário na luta contra os maus-tratos começa já dentro da clínica, quando percebe que o tutor não cuida direito, não tem consciência de que o animal tem toda uma vida e pode durar 20 anos e pode vir a ter doenças. Melissa afirma que quando percebe que o tutor escolhe um animal aleatório para si ou para dar “de presente” a alguém e não tem a noção de que este animal passará a fazer parte da família, já é um sinal de alerta.
“Já é uma função do médico veterinário sentar com esse tutor e colocar ele na real, explicando tudo para ele. Como, por exemplo, como o animal vive, quais os cuidados deste animal, que ele precisa ter felicidade, passear, ser bem tratado e, de fato, fazer parte da família, e que não pode ser jogado em um quintal. É função do médico veterinário fazer esse trabalho”, aponta.
No caso da sociedade como um todo, a veterinária conta que o principal meio de ajudar na problemática dos maus-tratos é a denúncia. Ou seja, caso presencie uma situação do tipo com um vizinho ou parente, por exemplo, é imprescindível que ele conte para um médico veterinário, pois, de acordo com Melissa, estes profissionais passaram a ter o poder de denunciar por meio da Lei.
“A pessoa que tem um médico veterinário de confiança e vê os maus-tratos no vizinho, no parente, ela pode comunicar este veterinário, que irá denunciar. O importante também é o próprio médico, dentro da clínica, fazer a denúncia de um tutor quando perceber maus-tratos, independente se irá perder cliente ou não. É uma função moral do profissional”, destaca.
Já as ações do poder público dependem também da movimentação por parte da população, por meio dessas denúncias. Assim, na opinião de Melissa, os órgãos governamentais poderão agir criando leis e condições para que esses tutores respondam pelos maus-tratos cometidos contra os animais.
“Também podem ajudar fazendo locais para que estes animais sejam acolhidos, dando orientação para estes tutores, multas altas e leis que proíbam essas pessoas de ter outros animais. Quando a sociedade começa a se movimentar o poder público tem que se mexer e criar leis dentro da sua própria cidade para resolver esse problema de abandono e maus-tratos”, diz a profissional.
Ela ainda acredita que Catanduva melhorou nessa questão, visto que hoje há lugares para onde as pessoas podem ligar para denunciar, por exemplo. Mas ainda há muito a avançar e algumas das sugestões de Melissa é quanto ao resgate dos animais, de locais onde possam ficar e também no tratamento adequado para aqueles que estão em sofrimento.
“Ter um hospital público seria muito interessante para a cidade poder ajudar estes animais da população mais carente, orientar estas pessoas em escolas e faculdade sobre a posse responsável. Acho que Catanduva poderia desempenhar um papel muito melhor porque hoje fica muito na mão das ONG's, ou seja, de poucas pessoas e não tem a divulgação adequada nem profissionais adequados que o façam”, completa.
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