Abandonada pela Prefeitura, Univesp deixa Catanduva de fora do Vestibular 2022
Falta do orientador no polo presencial motivou não oferta de vagas no processo seletivo
Foto: ARQUIVO/O REGIONAL - Prefeitura investiu R$ 200 mil para instalar laborat
Por Guilherme Gandini | 24 de março, 2022

Catanduva ficou de fora do novo vestibular da Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. A decisão da instituição de ensino foi motivada pela falta de um orientador de polo, profissional exigido no convênio firmado com o município, que vem sendo resrespeitado pela Prefeitura. O núcleo local da Univesp funciona no campus do Imes/Fafica desde 2018.

Alunos ouvidos pelo Jornal O Regional confirmam o descaso e afirmam viverem situação de completo abandono. Com aulas exclusivamente a distância desde o início da pandemia, eles dizem não ter orientador ou monitor para ajudá-los e alguns tiveram até dificuldade para concluir as aulas no semestre passado. No Imes, ninguém dá qualquer orientação sobre o tema.

“Quero registrar nossa indignação. Pouco depois de entrarmos, nosso tutor teve o contrato vencido e não foi renovado. Desde então, não foi colocado outro professor no lugar e ficamos sem ninguém. A diretora do Imes, Maria Lúcia Chiliga, nos auxiliou em várias situações, mas depois que ela se afastou, ficamos sem qualquer auxílio”, reclama Lyvia Maurutto Spósito, que cursa Pedagogia na Univesp desde 2019. “É uma falta de respeito”, sentencia.

A estudante teme que Catanduva perca o polo da universidade e os alunos sejam prejudicados. “A gente não tem a quem recorrer, é sempre 0800, e-mail ou whatsapp. Mas várias vezes que precisamos de atendimento, fomos orientados a conversar com o tutor ou diretor, e cadê?”

Ela cita o caso de um colega que teve a rematrícula cancelada e que, apesar de ter ligado para todos os canais, mas, sem ajuda de um tutor, não conseguiu solução e teve o curso paralisado.

A opinião é compartilhada por Camila Carvalho, aluna do mesmo curso. “Está um descaso, não recebemos retorno de ninguém. Estamos sem orientador desde o começo da pandemia. Não sabemos nem para quem ligamos, não somos avisados de nada”, critica a estudante.

A Univesp confirmou o impasse e esclareceu que, após vistoria, a Coordenação de Polos detectou a falta temporária do orientador na unidade presencial, o que motivou a não oferta de vagas no Vestibular 2022. “No convênio firmado com a prefeitura municipal, o Orientador de Polo é de responsabilidade do município. O profissional auxilia nas rotinas acadêmicas, entre elas, na recepção dos alunos, efetivação da matrícula, guarda e envio dos documentos, orientação quanto à plataforma virtual, aplicação de provas e zeladoria do Polo”, frisou.

A função de orientador de polo, citada pela Univesp, era desempenhada pela ex-diretora do Imes/Fafica, Maria Lúcia Miranda Chiliga, que deixou o cargo no ano passado. Ela acumulava as duas funções. Já o cargo de monitor, indicado pelas alunas, está vago desde dezembro de 2019.

A Univesp notificou a Prefeitura e afirma que o atendimento pedagógico aos alunos continua normalmente, via ambiente virtual. Questionada desde a semana passada pela reportagem do Jornal O Regional, a administração municipal não se manifestou sobre o tema.

HISTÓRICO

As tratativas para implantação da Univesp no município começaram em 2017, na gestão do ex-prefeito Afonso Macchione Neto. Quarta maior instituição de ensino superior paulista, a Univesp reúne docentes da USP, Unesp e Unicamp em aulas a distância e com encontros presenciais periódicos. Os polos estão espalhados por 347 municípios, num total de 31.125 vagas.

Para viabilizar a Univesp, a Prefeitura investiu R$ 200 mil na aquisição de 50 computadores, monitores, switch e equipamentos de infraestrutura elétrica e rede. O laboratório foi montado no campus do Imes/Fafica para, conforme divulgação feita à época, também ser utilizado por alunos da autarquia municipal e, se necessário, por outras instituições públicas de ensino.

O primeiro vestibular, em 2018, teve vagas para Pedagogia, Engenharia de Produção, Tecnologia em Gestão Pública e Engenharia de Computação. Com novo formato, o polo ofereceu no ano passado 48 vagas para os eixos de Licenciatura (Letras, Matemática e Pedagogia) e Computação (Tecnologia da Informação, Ciências de Dados e Engenharia da Computação).

PEDIDO DE AJUDA

Nas redes sociais, alunos compartilham mensagem com pedido de ajuda. Até mesmo o governador João Doria (PSDB) foi alvo das reclamações. “Por favor, governador, nos ajude. Desde aproximadamente 2020, o contrato com o Professor Tutor venceu e não foi renovado e não colocaram nenhum outro no lugar. Ano passado a Diretora se aposentou e ficamos sem auxílio nenhum. Agora o contrato com a Prefeitura Municipal de Catanduva está em análise, contrato que a princípio foi feito até 2023. Estamos sozinhos. Nos ajude”, diz o texto.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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