Vacinação infantil é a principal arma contra a meningite, doença que pode levar a óbito
Infecção é ainda mais grave para crianças e adolescentes, alerta especialista do Cejam
Foto: DIVULGAÇÃO - Infectologista Rebecca Saad salienta que doença é trágica e pode evoluir rapidamente, levando a óbito em menos de 24 horas
Por Da Reportagem Local | 27 de abril, 2022
 

Graças à ampla vacinação contra a Covid-19, o mundo se recupera da pandemia de coronavírus. No entanto, a diminuição da cobertura vacinal infantil no Brasil preocupa especialistas, que temem o reaparecimento de doenças já erradicadas. 

Desde 2015, o país sofre quedas constantes na cobertura vacinal de crianças, problema que ficou ainda mais agravado por conta da pandemia. Dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) de 2021 mostram que, entre as 15 vacinas que fazem parte do calendário do Ministério da Saúde, pelo menos nove tiveram uma redução brusca no número de aplicações.  

A infectologista Rebecca Saad, coordenadora do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do Cejam - Centro de Estudos e Pesquisas 'Dr. João Amorim', alerta para a importância da vacinação infantil como principal arma de prevenção e combate a esta doença letal.  

“A vacinação é a forma mais eficaz e segura de se adquirir proteção contra doenças infecciosas. Por meio dela, os riscos de adoecimento ou de manifestações graves, que podem levar à internação e até mesmo ao óbito, diminuem consideravelmente”, ressalta. 

O QUE É A MENINGITE 

Meningite é uma infecção que se instala, principalmente, quando uma bactéria ou vírus, por alguma razão, consegue vencer as defesas do organismo e ataca as meninges, três membranas que envolvem e protegem o cérebro, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. 

Sua transmissão é feita por meio de gotículas e secreções do nariz e garganta de pessoas contaminadas. De acordo com a profissional, algumas pessoas podem apresentar e transmitir a bactéria sem estarem doentes. 

Entre os principais tipos de meningite estão a viral, considerada a mais frequente e com menor potencial de complicações, e a bacteriana, que tem como principal causador a bactéria Meningococo, seguida pelo Pneumococo, Haemophilus e Mycobacterium Tuberculosis. “Ela é considerada mais grave pelo seu potencial de complicações”, explica. 

Há também a meningite fúngica, tipo mais raro, geralmente associada a doenças de base que comprometem a imunidade, considerada de difícil tratamento e com alta taxa de complicações e sequelas. 

Entre os sintomas da doença estão as dores de cabeça e na nuca, rigidez no pescoço, febre, vômito, confusão mental, gangrena - morte do tecido corporal -- de pés, pernas, braços e mãos, paralisia e surdez. 

“Essa doença é trágica e pode evoluir rapidamente, principalmente entre crianças e adolescentes, para perda dos sentidos, levando a óbito em menos de 24 horas”, afirma Rebecca. 

PREVENÇÃO E TRATAMENTO 

Por conta da sua rápida evolução, a meningite é uma patologia considerada imprevisível, já que a proliferação das bactérias acontece rapidamente. Segundo a infectologista, quanto mais cedo o diagnóstico e tratamento no hospital forem realizados, maiores serão as chances de cura. 

No entanto, sabe-se que as sequelas da doença podem ser percebidas entre 11 e 19% dos sobreviventes, incluindo perda de audição, amputação de membros, alterações neurológicas e cicatrizes na pele. 

“A melhor forma de prevenir a meningite é por meio da vacinação. Atualmente o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente dois tipos de vacina contra a meningite: a meningocócica C e a ACWY.” 

A vacina meningocócica C é oferecida de graça nos postos de saúde para crianças com menos de 5 anos. Ela protege contra doenças causadas pelo meningococo C. O esquema vacinal funciona com três doses: uma aos 3 meses de vida, outra aos 5 meses e uma terceira dose de reforço aos 12 meses. 

Já a vacina ACWY protege contra meningites e infecções generalizadas causadas pela bactéria meningococo dos tipos A, C, W e Y. Ela está disponível gratuitamente nos postos de saúde apenas para adolescentes de 11 e 12 anos. A dose é única. 

 

 

 

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