O MIS Experience, na capital paulista, transformou-se na vila mais famosa da TV brasileira com a chegada de “Chaves: A Exposição”, a maior mostra dedicada aos seriados Chaves e Chapolin já realizada no mundo. A iniciativa celebra as quatro décadas de exibição do icônico programa no Brasil e tem curadoria de João Victor Trascastro, que tem 25 anos e é de Novo Horizonte.
O projeto representa a concretização de um sonho na vida do publicitário, que chegava da escola quando criança e ia direto para frente da televisão assistir ao SBT, justamente por causa do Chaves e do Chapolin Colorado. É também, segundo ele, um reconhecimento à sua dedicação e uma forma de retribuir o apoio que recebeu da família e amigos, que sempre o incentivaram.
O interesse de João Victor pelas artes, especificamente pela televisão e cinema, surgiu ainda na infância. Enquanto na escola ele tinha muitos amigos para brincar, em casa, por ser filho único, tinha só a televisão como companhia. “Acabei absorvendo de tudo um pouco, dos programas infantis e educativos, às comédias e novelas. Fui uma criança que viu muita TV aberta.”
Foi na frente da telinha que ele conheceu a obra de Roberto Gómez Bolaños. Chaves e Chapolin surgiram na programação do SBT em 1984 e, mesmo passados 20 anos desde a estreia no Brasil, o pequeno João Victor foi contagiado pelo humor leve do programa – e ficava lá, rindo de tudo.
“A genialidade do texto de Chespirito (apelido de Roberto Bolaños, criador de Chaves) me abriu a mente para muito daquilo que formou meu lado profissional”, analisa.
Apaixonado pela leitura, pela mídia e o noticiário, João Vitor “brincava” de editar imagens e escrever roteiros durante a adolescência. Ao decidir por uma carreira, escolheu cursar Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, em São José do Rio Preto, e encarou a rotina de pegar ônibus oferecido pela prefeitura local, saindo às 17 horas e retornando na madrugada.
Nessa fase, começou a trabalhar como social media e designer de embalagens em Novo Horizonte e, diante das dificuldades, foi obrigado a trancar o curso superior durante a pandemia. Na internet, tornou-se produtor de conteúdo, administrando o Fórum Chaves, maior comunidade de fãs da obra de Chespirito no mundo, produzindo vídeos, posts e, com a credibilidade em informar bem, tornou-se uma espécie de “influencer” sobre a temática.
PRIMEIROS TRABALHOS
Em 2021, já conhecido pelo trabalho “de fã pra fã”, João Victor escreveu parte do material adicional da edição brasileira de “O Diário do Chaves”, escrito em 1995 pelo próprio Chespirito e publicado no país pela editora Pipoca & Nanquim. No mesmo ano, revisou “Sem Querer Querendo - Memórias”, autobiografia do criador de Chaves, da editora Estética Torta. Um ano depois, prestou consultoria para “O Circo Mágico do Chaves”, que ficou em cartaz em São Paulo.
“Todos esses projetos são oficiais, com chancela da família de Roberto Gómez Bolaños”, frisa o profissional. “O aprofundamento e amor por essas séries da década de 1970 me trouxeram até o projeto atual, “Chaves: A Exposição”, também em São Paulo. Isso porque a credibilidade construída com o Fórum Chaves transformou a dedicação sem propósito em trabalho sério.”
MEGAEXPOSIÇÃO
No ano passado, além de se formar em publicidade e propaganda pela Unip de Rio Preto, despediu-se do antigo emprego como social media e passou a se dedicar à curadoria da megaexposição, sendo encarregado de produzir os textos informativos, conteúdos e, também, pontuar e aprovar cada criação visual, de cenário e experiência imersiva.
“Chaves: A Exposição” tem mais de mil metros quadrados e mais de 20 ambientes, com a recriação de todos os cenários de Chaves, e alguns de Chapolin, apresentando toda a história do legado do programa humorístico número um da televisão latina, com direito a itens originais, como a primeira calça usada pelo personagem, o figurino completo, a marreta biônica, tudo dos anos 1970, direto pro MIS Experience, museu que abriga a mostra.
No evento de abertura, além da felicidade de ver o resultado do seu trabalho, João Victor ainda teve a oportunidade de conhecer o filho de Chespirito, Roberto Gómez Fernández. “Não sei se tenho tanta astúcia quanto o Chapolin, já que foi tudo “sem querer querendo”, mas sem dúvida alguma posso dizer: Tinha que ser o Chaves”, brinca ele, revivendo os famosos bordões.
Visitação é feita de terça a domingo
Aberta no dia 5 de janeiro, “Chaves: A Exposição” tem visitação de terça a sexta-feira, das 10 às 20 horas, aos sábados, das 10 às 21 horas, e aos domingos e feriados, das 10 às 20 horas. A entrada é de graça às terças-feiras, com retirada de ingressos na bilheteria física no dia da visita. De quarta a sexta-feira, os valores são R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Aos sábados, domingos e feriados, R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). O site é https://misexperience.org.br/.
A realização é do Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, MIS Experience, Chespirito, Boldly e Deeplab Project, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
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