Quando chega a data do espetáculo, tudo precisa estar na mais perfeita ordem para que o artista brilhe. Esse é o clímax, o resultado do trabalho de produtores culturais que lidam diariamente com paixões e riscos para lotar palcos país afora. É deles a responsabilidade de organizar agenda, viagem, estada, alimentação, estrutura e a venda dos ingressos, lutando para ter casa cheia.
O catanduvense João Paulo dos Santos, 37, que atua na área desde meados de 2014, tem em seu currículo vários shows de MPB, samba, choro, jazz, música regional de viola e rock. Grande parte de suas produções foram e são executadas em parceria com as unidades do Sesc-SP. Sua primeira experiência foi com o grupo Feitiço do Choro, no Sesc Catanduva – sucesso de público.
“O sucesso foi tanto que recebi o convite para uma série de quatro shows entre abril e maio de de 2015 na unidade do Sesc Catanduva”, lembra João Paulo, o popular JP.
A partir daí, a lista de brasilidades produzidas por ele fica extensa, envolvendo nomes consagrados como Quarteto do Rio, Toninho Horta, Lula Barbosa com Miriam Mirah e Jane Duboc, Eliana Pittman com Flavia Bittencourt e Marcelo Jeneci(Viva Dominguinhos!), Adylson Godoy Trio, Quinteto O’ Scaravelhos, André Marques Trio, Zeca Collares, Quésia Neves e Ellen Oléria, Feitiço do Choro com Arnaldinho do Cavaco e Guta do Pandeiro, entre outros.
“Entrei na profissão porque sou apaixonado por música brasileira, jazz, choro, MPB e samba e pesquiso música desde os meus 15 anos. Sou torneiro de profissão e pelo amor à música acabei me tornando produtor. Hoje tenho o prazer de trabalhar com pessoas que sempre ouvi e admirei, como Leny Andrade, Roberto Menescal e Renato Teixeira, entre tantos outros”, expõe. rq
Formado em Direito, o olimpiense Davi Mendes começou a atuar profissionalmente há quatro anos como produtor
Na região, Davi Mendes, 34, morador de Olímpia e formado em Direito, passou a atuar como produtor cultural de maneira profissional em 2018, com a Intercultural Produções. Até então, realizava shows de stand up desde 2012, mas de maneira amadora e esporádica. “Desde muito cedo tive contato com a cultura popular, através do Festival de Folclore de Olímpia, assistindo, dançando e por fim produzindo o festival nos anos de 2017 e 2018. A partir deste momento decidi que era isso que queria fazer para o resto da vida, algo prazeroso e rentável para mim.”
Entre as características do ofício, ele cita a proximidade com a cultura como o item de mais valor. “Poder fazer da arte profissão é fascinante”, diz. Atualmente, Davi produz shows musicais, teatrais e stand up comedy. “Trabalhamos quase sempre em teatros em diversas cidades da região”, completa, citando que faz cerca de seis espetáculos por mês, em média.
O profissional menciona a dificuldade em atuar no interior paulista. “É uma profissão de risco, além de precisar atrair grande público, precisamos apostar nas atrações. Como maior desafio acredito que seja mostrar aos artistas a viabilidade dos shows em cidades com menor número de habitantes.”, pontua, citando a turnê da banda Pedra Letícia como sua grande realização.
Produtora cumpre oito shows em apenas três dias
Júlia Carvalho, 25, de Marília, trancou a faculdade de Administração para se lançar ao como empreendedora e, logo depois, casou. Nesse meio-tempo, foi contratada como secretária de um humorista, tornando-se produtora dele ao longo de quatro anos. “Eu realizava os eventos, a agenda, a organização geral”, lembra ela, que decidiu focar neste mercado este ano.
“Desta vez, atuo com eventos locais em várias cidades, sobretudo musicais, como o Abba, Queen, A Pequena Sereia, Clássicos Encantados e, agora, estamos com datas em Catanduva com o Amazing Tenors, que vai ser uma ópera, e também o stand up com o Matheus Ceará”.
Hoje, Júlia faz produções locais pelo interior paulista, em Catanduva, Bebedouro, Franca, Jales, Votuporanga, Presidente Prudente, Assis, Bauru e outras. “Esse trabalho me anima demais. Fico muito contente em trazer conteúdo, cultura, musicais, coisas que transformam o dia de uma família, causam um sorriso, uma gargalhada, é algo muito gostoso. Você vê uma criança vendo “A Bela e a Fera” e é incrível, ainda mais vendo aqueles teatros lotados”, enaltece.
No último final de semana, ela cumpriu a jornada de oito shows em três dias, com quase todas as sessões esgotadas. “Foi um feito profissional”, celebra. Em agosto, foram cerca de 15 shows e, para setembro, estão previstos mais de 20. “Vou organizar até shows sem estar no local.”
Para a produtora, a vantagem da profissão é conhecer o mundo de teatro e shows, além de proporcionar essa oportunidade para mais pessoas, incluindo amigos e familiares. “O desafio pessoal é ficar longe da família e o cansaço é grande, pois, querendo ou não, a gente precisa estar 100% o tempo todo. Além disso, o risco é alto no aspecto financeiro”, confidencia.
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