Polícia Civil de Catanduva tem déficit de mais de 100 profissionais
Estado de São Paulo tem baixa de quase 100 policiais civis por mês, alerta Sindpesp, sem previsão de substituição imediata
Foto: Divulgação - Delegada Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp, denuncia que déficit se agrava mês a mês
Por Guilherme Gandini | 13 de junho, 2023

A Polícia Civil de Catanduva tem 111 cargos vagos, atualmente. É o que revela o Defasômetro, ferramenta do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, o Sindpesp, que contabiliza, mês a mês, a defasagem nos quadros da polícia civil paulista, por morte, exoneração e aposentadoria. Os números foram obtidos com exclusividade pelo jornal O Regional.

Em Catanduva, a lei prevê 20 cargos de delegados, mas há 12 ocupados. Seriam 48 escrivães, mas existem 35 em atividade. Os investigadores deveriam ser 73, mas há 43. E os agentes policiais, que precisariam ser 94, hoje são apenas 24.

No caso dos agentes de telecomunicações, são 12 em atuação na cidade, bem acima dos dois exigidos em lei. A situação se repete com os papilocopistas, que são sete para mínimo de três. Porém, há apenas um auxiliar do tipo, quando deveriam existir cinco.

Na somatória, existem 134 cargos ocupados na Polícia Civil de Catanduva, dos 245 que a lei estabelece, resultando em 55% de ocupação e comprovando defasagem de 111 profissionais. A atualização dos dados foi feita pela Secretaria de Segurança Pública em outubro do ano passado.

No estado de São Paulo, o Sindpesp afirma que são 16.653 homens e mulheres a menos trabalhando na Polícia Civil: dos 41.912 cargos existentes na instituição, 28.294 estão ocupados. Somente nos últimos cinco meses, SP perdeu em seus quadros 486 policiais civis.

Sem a realização de novos concursos públicos, nem a conclusão dos que já estão em andamento desde a gestão anterior do Palácio dos Bandeirantes, o déficit chega hoje a 38,5%. Neste caso, o levantamento foi tabulado no dia 31 de maio, sinalizando para as 16.653 posições vagas.

Segundo a delegada Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp, os desligamentos, aposentadorias e os óbitos há anos não são preenchidos de imediato por novas admissões, fazendo com que o déficit se agrave, mês a mês.

"Se levarmos em conta a média, são quase 100 policiais civis a menos por mês trabalhando no estado de São Paulo, em diversas funções: de escrivão a delegado, de investigador a papiloscopista, só para citar algumas. Essa falta de recursos humanos prejudica o trabalho da Polícia Judiciária no andamento de inquéritos, em investigações de todo tipo de crime, e no atendimento à população nas Delegacias das cidades paulistas", analisa.

No mais novo levantamento do Sindpesp, do total de cargos vagos, o maior número é de investigadores - são 4.136 a menos, quando deveriam estar na ativa 11.957. Para agentes policiais, o déficit é de 1.615. Faltam, ainda, 989 delegados.

“Assistimos, há anos, o desmonte da estrutura da Polícia Civil, com baixas remunerações e falta de recursos materiais, entre outros problemas. Por tudo isso, é fundamental e urgente a valorização dos profissionais da instituição, para que permanecem na carreira, bem como a abertura de concursos públicos, para que o Estado, ao menos, comece a reverter este cenário”, pontua Jacqueline.

NOVOS CONCURSOS

A expectativa do Sindpesp é de que, ainda no segundo semestre deste ano, sejam publicados editais de um novo concurso da Polícia Civil paulista, para o preenchimento inicial de 3,5 mil vagas. O certame é aguardado desde o fim de 2022. As vagas são para nível superior, entre elas estão as de investigador, escrivão, delegado de Polícia, médico-legista e perito criminal.

O reajuste anunciado recentemente pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de 18% em média para a Polícia Civil e válido a partir de agosto próximo para os holerites, deve beneficiar os novos aprovados. O último concurso da Policia Civil, aberto no ano passado, para 2.939 vagas, ainda está em andamento e sem previsão de conclusão e de contratação.

OUTRO LADO

Questionada, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que a recomposição e a valorização do efetivo policial são prioridades do Governo do Estado. “A atual gestão da SSP, desde que assumiu a pasta, tem adotado um conjunto de ações emergenciais para reduzir o déficit das polícias paulistas, que é de 32,4% na Polícia Civil. O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, se reuniu com integrantes do Sindpesp para tratar sobre o assunto.”

Segundo o órgão, estão em andamento concursos para a seleção de mais 8.559 policiais, sendo 2.750 para a Polícia Civil. Os editais estão previstos para serem divulgados no segundo semestre de 2023.

Região de Novo Horizonte tem 46 policiais a menos

A reportagem de O Regional obteve junto ao Sidpesp os números referentes à Seccional de Novo Horizonte, na região de Catanduva. A cidade tem seis delegados, mas deveria ter o dobro. São 18 escrivães para 24 cargos, 16 investigadores e não 34, 10 agentes policiais, enquanto deveriam existir 22. As três vagas para papilocopista estão vazias e há quatro auxiliares, em vez de cinco. Os agentes de telecomunicações são quatro, única função com a quantidade adequada.

Na somatória, são 58 profissionais em atividade na Polícia Civil de Novo Horizonte, de um total de 104 vagas. Isso representa 56% de ocupação e defasagem de 46 profissionais.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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