Nutrólogo alerta para importância do hábito de beber água mesmo sem sede
Durval Ribas Filho diz que a hidratação é essencial para que o corpo humano possa desenvolver, com eficiência, todas as funções biológicas
FOTO: ARQUIVO PESSOAL - Durval Ribas Filho orienta que se urina estiver muito escura é preciso beber mais água
Por Guilherme Gandini | 12 de julho, 2022
 

Manter o hábito de beber água regularmente deve valer para todas as estações, não apenas para o verão. No inverno, com os dias mais secos, se hidratar também é essencial para garantir o funcionamento correto do organismo. Afinal, cerca de 70% do corpo é composto por água. Em bebês, o percentual pode ser ainda maior e chegar aos 80%.   

O alerta é do médico Durval Ribas Filho, nutrólogo, endocrinologista e presidente da Abran – Associação Brasileira de Nutrologia. “Não basta beber água apenas quando temos sede e em grandes quantidades, para não sobrecarregar o organismo. O ideal é ingerir várias vezes por dia, com intervalos médios de 2 horas, e porções de 300ml”, orienta o especialista.  

Ele reforça que bebendo água de forma controlada e sem exagerar na dose, é possível obter os benefícios da hidratação para limpar o organismo e evitar desequilíbrios entre os órgãos.   

“Para extrair todos os benefícios da hidratação, é fundamental com preferência ao consumo de água natural. Nosso corpo também absorve água dos alimentos, mas bebidas açucaradas, como refrigerantes, chás adoçados, néctares e refrescos prontos, não são as melhores fontes para repor o líquido perdido”, pondera.  

A boa hidratação ajuda a regular a temperatura corporal; contribui na desintoxicação do corpo; na absorção de nutrientes e digestão; na maciez da pele; no metabolismo celular, no bom funcionamento dos rins e numa melhor circulação sanguínea.   

A água também é fundamental no processo de gestação, por compor o líquido amniótico que protege o embrião durante seu desenvolvimento.  

“Beber água cerca de meia hora antes das refeições, por exemplo, pode auxiliar na digestão. A água ocupa espaço no estômago e contribui para reduzir a fome. De manhã, ao despertar, ajuda a ativar os órgãos e tem efeito desintoxicante e, à noite, antes de dormir, traz efeitos positivos para o aparelho cardíaco e, na prática de exercícios, ajuda a repor perdas de líquido com a transpiração”, completa o médico.  

ALIADA DO BEM-ESTAR  

Durval Ribas Filho diz que a hidratação é essencial para que o corpo humano possa desenvolver, com eficiência, todas as funções biológicas. Estudos científicos mostram uma associação entre o grau de hidratação e algumas doenças, como distúrbios urológicos, gastrointestinais, circulatórios e neurológicos.  

O baixo consumo de água pode dar sinais, desencadeando sintomas de alerta. “Podemos sentir menos vontade de urinar, produzir menos saliva e até sentir tonturas, porque o cérebro está tentando se adequar à falta de líquido”, pontua.  

A dor de cabeça pode ser desencadeada porque, ao redor do cérebro, os vasos sanguíneos são muito sensíveis e podem reagir à mudança no volume sanguíneo e provocar as cefaleias. Prisão de ventre e dores abdominais e dificuldades para evacuar também podem sinalizar desidratação - é uma manifestação do sistema digestivo, que não está funcionando adequadamente. 

Outras consequências da falta de água no organismo podem ser cansaço; dificuldade de emagrecer; envelhecimento mais rápido da pele; piorar a memória e raciocínio, além de menor desempenho escolar; sensação de boca seca; pele e olhos ressecados; perda de massa muscular.  

Vários danos também podem ser evitados com uma boa hidratação, como as lesões ósseas, provenientes de patologias como artrite e artrose. Nos idosos, os cuidados devem ser redobrados, pois seus mecanismos de sede são mais lentos e devem ser estimulados a beber água, mesmo sem ter vontade. Em crianças e bebês também merecem atenção especial, pela maior tendência à desidratação porque sofrem, com mais frequência, de problemas como diarreia, febre e outras infecções. 

 

 

Cuidado com a desidratação 

Vale o alerta que a desidratação é uma consequência direta de um desequilíbrio, quando o corpo usa ou perde mais líquido do que é ingerido, causando, assim, a dificuldade para o bom funcionamento dos órgãos.    

É comum a perda de água pela urina, fezes, suor e mesmo sob a forma de vapor, quando respiramos. Ao mesmo tempo são liberadas também quantidades de sais minerais, essenciais para o nosso organismo, o que demonstra a importância de uma hidratação constante. “Uma urina de cor amarelo claro é sinal de que a quantidade de água está ideal. Se muito escura, é preciso beber mais água”, adverte Ribas Filho.  

Qualquer líquido sempre é muito bem-vindo, mas é preciso evitar bebidas alcoólicas, destiladas ou fermentadas, porque o álcool é, de certa forma, um desidratante. Ele inibe um hormônio que é antidiurético e, portanto, favorece a diurese e ainda mais a desidratação. Esse é um fato.  

O segundo ponto é que não se pode tratar desidratação com os chamados alimentos de alta densidade energética, aqueles que têm grande quantidade de calorias, por grama-peso, como os doces, as gorduras, os chocolates. O indicado é dar preferência para alimentos de baixa densidade energética, como frutas, verduras e legumes.   

Evitar exposição ao sol, por longos períodos e se hidratar durante os exercícios físicos também são importantes para manter a hidratação. “Sempre a melhor conduta é consultar um médico que irá avaliar o grau da desidratação e suas causas e poder indicar o melhor tratamento.”  

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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