O Dia Mundial do Diabetes é celebrado nesta sexta-feira, 14 de novembro. Criado em 1991 pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a data reforça a conscientização e importância da prevenção, e marca o aniversário de Sir Frederick Banting, codescobridor da insulina – medicamento essencial para o tratamento da doença.
O diabetes acomete 35 milhões de pessoas na América do Sul e Central, segundo dados do IDF e se diferencia em diabetes tipo 1 e tipo 2.
O endocrinologista Victor Vidal, de Catanduva, explica as diferenças. “O tipo 1 acontece com a destruição total do pâncreas, por qualquer motivo, como o próprio sistema imunológico ou remoção do órgão”, resume.
Ainda sobre o primeiro tipo, o médico esclarece que as crianças estão mais propensas à doença. “Quando crianças começam a beber água, urinar com frequência, aparece o principal sintoma e, se não tratar no começo, ela pode morrer com cetose – quando o sangue fica muito ácido pela falta de insulina”, alerta.
“Os picos de incidência começam nos 3 ou 4 anos de vida e depois por volta dos 12 anos, que é onde aparece os maiores riscos”, prossegue o médico, que também é portador do diabetes tipo 1 e começou o tratamento no início. “Descobri com 12 anos e, hoje, tenho 38, então são 26 anos de diabetes comigo. São mais anos com diabetes do que sem.”
Já o tipo 2 é o mais comum e se relaciona com a obesidade e genética. “A principal diferença é que o 1 não tem insulina e o 2 tem, só que não funciona direito, por conta do contexto da doença. O tipo 2 desenvolve os picos altos mais devagar. Começa com a glicemia no 100, 110, 120, 130 e muitas pessoas não acabam tendo sintomas no começo e é crônica, insidiosa. O melhor jeito de descobrir é no exame preventivo.”
Ainda segundo Vidal, os níveis da doença vêm em um crescente, principalmente o tipo 2. “A obesidade e o envelhecimento da população fazem a combinação para o aumento. Já o tipo 1, tem menos carga genética e fatores de prevenção, ocorre pelo sistema imunológico.”
Ele frisa que o diabetes e a qualidade de vida podem andar juntos. “Como médico e diabético, eu incentivo os pacientes a fazerem de tudo, a trabalharem com o que quiserem, praticar muitos esportes. A pessoa continua com a vida normal, só precisa equilibrar um pilar a mais, que é o controle glicêmico, alimentação balanceada, insulina ou remédios.”
MITO OU VERDADE?
O endocrinologista Victor Vidal desmente mitos que a sociedade tem ao lidar com a doença. “No tipo 1, muitos acham que comer doce faz mal, mas como esses pacientes não possuem a insulina, isso não atrapalha. Tirar o açúcar, comprar alimentos diets, optar por adoçante, normalmente, não é necessário e, em alguns casos, por exemplos, o carboidrato de ação rápida para atletas diabéticos é essencial.”
E prossegue: “Do tipo 2 não é um mito, mas existe uma polêmica importante sobre a questão da cura. Costuma-se dizer que o diabetes não tem cura, porém, no caso do tipo 2, como os principais fatores são o sedentarismo, o excesso de peso e, claro, o envelhecimento e a carga genética, há situações em que ele pode ser reversível.”
Ele reforça que se a pessoa perder peso, atinge um índice adequado e adota rotina de atividade física regular, muitas vezes o diabetes tipo 2 pode entrar em remissão. Ou seja, pode parecer ‘curado’, especialmente se for diagnosticado no início e houver intervenção forte no estilo de vida. Em alguns casos, até mesmo a cirurgia bariátrica pode levar à remissão do tipo 2.
O médico afirma que o importante é não ignorar o diagnóstico. “O problema é ter diabetes e não tratar. A partir do momento em que a pessoa tem diabetes e faz o tratamento corretamente, ela pode ter uma vida absolutamente normal. Caso contrário, ocorre a perda da visão, amputar a perna e a hemodiálise, que é o principal vilão de quem ignora seu diabetes.”
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