Dois tristes fatos no mundo do esporte na semana passada reforçaram a importância de as pessoas, inclusive atletas, fazerem avaliação médica antes da prática de exercícios. O surfista Márcio Freire, referência mundial no surfe de ondas gigantes, morreu na praia de Nazaré, em Portugal. A causa: parada cardiorrespiratória. A mesma que levou o jogador Damar Hamlin a ser ressuscitado pelos médicos em campo, durante partida do campeonato de futebol americano.
As circunstâncias em torno desses incidentes ainda estão por ser esclarecidas, mas fato é que ambos chamam a atenção para a importância de a pessoa ter ciência de suas condições físicas, em particular, cardiovasculares para praticar exercícios, como salienta o médico Adriano Fróes, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares - IMC, de São José do Rio Preto.
Pós-graduado em Medicina do Esporte e do Exercício, Fróes orienta a avaliação médica criteriosa por qualquer pessoa, não importa a idade. “Para usufruir dos benefícios que o exercício pode nos proporcionar é imprescindível que a pessoa que busca por ele esteja em dia com a sua saúde e tenha um amparo de um médico para agregar segurança a esta prática. A prática de exercícios ou esportes é fundamental, no entanto, a pessoa precisa antes consultar-se com especialista, podendo envolver inclusive outros profissionais”, explica o médico.
No IMC, por exemplo, a avaliação e acompanhamento do paciente envolve equipe multidisciplinar, que pode contar com cardiologista, pneumologista, ortopedista, entre outros.
“Todos sabemos dos benefícios de exercícios, porém, estes não devem ser feitos aleatoriamente, de maneira desorganizada. Uma equipe multidisciplinar pode adequar a melhor forma de iniciar a prática de exercício e, inclusive, ponderar e colaborar com a escolha da modalidade levando em consideração características individuais, histórico de vida, preferências e hábitos”, ressalta o especialista, que também é triatleta amador.
Fróes faz questão de enfatizar que a individualidade é ponto crucial na avaliação realizada no IMC. “Cada indivíduo é diferente do outro, tem uma história única e objetivos particulares que o levaram a nos procurar. Assim, os exames complementares variam de um paciente para outro a depender do nível de envolvimento com o exercício e os propósitos de cada um”, explica.
CORAÇÃO
São muitas as causas que podem levar uma pessoa a ter um problema no coração durante a prática esportiva. Comorbidades como as doenças cardíacas congênitas (miocardiopatia hipertrófica e displasia arritmogênica de ventrículo direito, por exemplo) podem evoluir de maneira silenciosa e o primeiro sintoma que a pessoa pode ter enquanto se exercita é a morte súbita, como exemplifica o médico do IMC.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a morte súbita cardíaca (MSC) é a morte natural e inesperada de causa cardíaca que ocorre no período de até 1 hora desde o início dos sintomas, quando há testemunha, ou que ocorre nas últimas 24 horas quando não há testemunha. O infarto agudo, por exemplo, é uma das causas de morte súbita, mas também pode estar associado a outros eventos cardiovasculares.
Segundo Adriano Fróes, além das síndromes coronarianas, outras condições associadas a cardiopatias congênitas como miocardiopatia hipertrófica, displasia arritmogênica de ventrículo direito assim como síndrome do QT longo, a síndrome de Brugada, taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica, miocardites podem estar associadas a essa ocorrência fatal.
O IMC, de Rio Preto é referência no interior paulista no atendimento e tratamento de pacientes com problemas e doenças cardíacas e vasculares, como também no ensino e pesquisa, sendo formador de centenas de médicos e na condução de estudos nacionais e internacionais. O instituto possui 100 médicos e 400 profissionais de outras áreas da saúde e de apoio, realiza mais de 3 mil consultas mensais e 421 mil exames ao ano, em pacientes de vários estados.
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