O ambulatório do Hospital Emílio Carlos realizou cerca de 4.400 procedimentos oftalmológicos relacionados a casos confirmados de glaucoma, em 2022. A doença ocular pode levar à perda gradual da visão e o alto número de casos na região mostra a importância da conscientização e prevenção. A convite do jornal O Regional, a médica oftalmologista responsável pelo ambulatório, Maria Elizabete Jimenes de Campos, apresentou detalhes sobre os tipos da doença, seu diagnóstico e tratamento.
“O glaucoma é uma doença crônica, pode acontecer em um ou nos dois olhos e é muitas vezes silenciosa, só que sempre progressiva. Ela vai causando um dano no nervo ótico de tal forma que a pessoa sem perceber vai perdendo o campo visual, principalmente na periferia”, diz a especialista.
Ela reforça o fato de que o diagnóstico deve ser feito pelo médico oftalmologista, sendo muito difícil um clínico geral ou de outra especialidade detectar glaucoma. Isso porque a constatação ocorre por meio do exame do fundo de olho, da análise da pressão intraocular e testes complementares, como o do campo visual, que é o principal deles.
“A gente também faz um acompanhamento com a retinografia, uma foto do fundo do olho, que dá detalhes sobre o aspecto do nervo óptico. O diagnóstico do glaucoma é importante porque ele é a principal causa de cegueira irreversível tanto no Brasil quanto no mundo todo. Cerca de 50% dos casos cursam até uma idade avançada sem diagnóstico e a pessoa já vai fazer o diagnóstico quando já teve uma perda importante da visão”, complementa Maria Elizabete.
DOIS TIPOS
A oftalmologista descreve os dois tipos de glaucoma existentes. O de ângulo aberto, também chamado de glaucoma crônico simples, acontece principalmente por fator hereditário, ou seja, se tem vários casos na família. Ocorre principalmente em negros e entre os orientais, sendo também mais comum em pessoas com idade avançada, principalmente acima de 65 anos.
Porém, o diagnóstico pode ser feito principalmente após os 45 anos de idade e entre as mulheres geralmente é mais precoce. Em casos de alta miopia, principalmente acima de 6 ou 7 graus, o paciente tem maior probabilidade de ter esse tipo de glaucoma de ângulo aberto.
Já o glaucoma de ângulo fechado aparece em pacientes que têm hipermetropia alta. Nestes casos, é indicado que os pacientes com grau mais alto, tanto de miopia quanto hipermetropia, consultem-se com frequência no oftalmologista, ao menos uma vez ao ano.
“Quando você tem já vários casos de glaucoma na família, ou quando você já tem alguma pessoa na família que perdeu a visão e ficou cega pelo glaucoma, você tem também uma maior probabilidade de ter a doença e também de ter a perda visual, mesmo que seja silenciosa”, afirma a especialista.
TRATAMENTO
O tratamento do glaucoma depende do tipo de doença, mas geralmente é feito por meio de colírios. Dessa forma, apenas o médico oftalmologista está apto a indicar o tipo de colírio ideal para cada paciente. Não é correto usar um colírio de alguém que já esteja tratando a doença ou tentar fazer o tratamento sozinho. Cada olho é diferente dos demais e necessita de um tipo de colírio específico.
“A gente tem um laser específico para tratamento de glaucoma e ainda, quando não é possível o tratamento com colírio ou o laser não tem resultado, um tipo de remédio feito via oral, ou os microimplantes, que a gente pode colocar dentro do olho. Ou então também a cirurgia, que tem os seus riscos, como toda cirurgia, e o resultado não é 100% para todos os pacientes. Por isso que o principal tratamento para o glaucoma é o clínico, na forma de colírio”, esclarece Maria Elizabete.
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