Escritores de Catanduva fazem sucesso com obras para todos os gostos e idades
Sid Castro, Tamiris Volcean e Guilherme Bartholomeu compartilham da mesma paixão pela escrita e falam sobre o atual momento da profissão
Fotos: ARQUIVO PESSOAL - Sid Castro expõe algumas das obras assinadas por ele no país e no exterior
Por Stella Vicente | 25 de julho, 2022
 
 

É comemorado nesta segunda-feira, dia 25 de julho, o Dia Nacional do Escritor. A data foi instaurada em 1960 com a realização do 1º Festival do Escritor Brasileiro, organizado pela União Brasileira dos Escritores. Dentre os idealizadores estava Jorge Amado, um dos grandes nomes da literatura no Brasil.  

A data tem como objetivo mostrar o quão importante é o trabalho desses profissionais que transmitem, por meio da escrita, conhecimento e cultura, contando histórias, criando personagens e até mesmo denunciando problemáticas da sociedade. Dessa forma, são responsáveis por transformar indivíduos e, consequentemente, o mundo.  

Seja por meio de contos, crônicas, romances, ficção ou relatos reais, um escritor é capaz de narrar um enredo de forma a cativar e transformar seus leitores. Por isso, o Dia Nacional do Escritor busca não somente homenagear escritores e escritoras do país, mas também dar voz aos anseios e necessidades dessa classe, que nem sempre recebe o reconhecimento que merece.  

Em Catanduva, há vários escritores de sucesso, até mesmo com obras publicadas internacionalmente, mas que ainda sentem dificuldade em divulgar e expor seu trabalho tanto na região quanto no cenário nacional.   

Sidemar Vicente de Castro, conhecido como Sid Castro, é formado em Letras e em Comunicação Social. Atualmente, é diagramador de livros, revistas e jornais, trabalhando mais com análise de livros para outros escritores. Porém, possui uma história no meio literário que por si só daria uma narrativa fantástica, gênero que, inclusive, é seu favorito.  

“Sempre fui leitor, particularmente, de literatura fantástica, como ficção científica, terror e fantasia, além de não-ficção histórica e científica, mas comecei pelas revistas de quadrinhos, escrevendo roteiros para outros desenhistas. E também como redator para a imprensa, para o jornal, sites e revistas locais”, explica Sid.  

Ele começou a publicar profissionalmente como escritor em 2009, pois, segundo Sid, houve um boom na literatura de fantasia após o sucesso de Harry Potter e Crepúsculo, o que abriu as portas para autores nacionais do gênero.   

“De lá para cá, participei de 20 antologias de contos e noveletas por diversas editoras em quatro estados e no exterior. Em 2016, meu conto na segunda antologia, chamada ‘Pindorama, in Contos Imediatos’, foi traduzido para o francês por um escritor daquele país, que lê em português, e publicado na revista francesa de contos Galaxies. Em inglês, o mesmo conto participou do Writers of Future, da Fundação Ron Hubard, nos EUA, ganhando menção honrosa”, conta o profissional que, apesar da bagagem internacional, vê o mercado brasileiro pouco aberto para seus próprios autores. 

“Exceto por alguns poucos autores que podem viver como escritor, a maioria têm de ter alguma outra atividade para sobreviver. O ofício do escritor tem certo glamour, com certeza, mas poucos autores vivem exclusivamente dele. Em boa parte, pelo pouco consumo de livros no país, assim como dificuldade de distribuição e divulgação de autores nacionais fora da grande mídia”, esclarece. 

O DESPRESTÍGIO DO OFÍCIO 

Tamiris Volcean possui dois livros publicados e está trabalhando em um terceiro  

 

Quem também nota essa desvalorização da profissão é Tamiris Tinti Volcean, jornalista, escritora e atualmente doutoranda em Literatura Brasileira pela USP. Ela relata que, ao seu ver, essa precarização se deve muito ao fato de a profissão não ser nem ao menos considerada uma profissão para a maior parte da população brasileira.  

“É como se a escrita fosse feita apenas por diversão, algo informal, que não monetiza e, portanto, não merece valor. Quando, na verdade, destinamos horas a fio, dias inteiros, para construir a próxima história, real ou fictícia. A verdade é que o escritor fica em um limbo, um abismo que se encontra entre o jornalista e o artista. Essa indefinição também contribui para a desvalorização. Mas é preciso lembrar que há muito estudo envolvido no processo de construção de um livro, uma crônica ou um conto”, elucida a escritora de 30 anos.  

Tamiris já publicou dois livros de crônicas. O primeiro, em 2016, reúne escritos feitos por ela desde seus 18 anos. Já o segundo livro, 'Solidões Compartilhadas', foi publicado no final de 2020, em plena pandemia, com a finalidade de libertar mulheres para que possam sentir prazer em “reconhecer e degustar nossa própria solidão quando só podemos contar com a nossa própria companhia”, cita Tamiris, que já está trabalhando em sua terceira obra. 

OS ESCRITORES DO FUTURO 

Guilherme Bartholomeu começou a ler livros a partir do sucesso de Harry Potter  

 

Porém, nem tudo está perdido para essa classe tão importante e que definitivamente merece mais reconhecimento. Conforme Sid relembrou, o boom dos livros fantásticos fez com que surgissem também novos amantes da leitura e, por consequência, da escrita. Exemplo disso é o advogado e escritor Guilherme Bartholomeu, de 25 anos.  

“Eu comecei a ler sagas fantásticas como Percy Jackson e Harry Potter, até chegar às obras mais densas da literatura brasileira e internacional. Creio que seja importante leituras apropriadas para cada idade, para assim crianças e adolescentes desenvolverem o gosto pela leitura. Minha grande influência da ficção fantástica é George R.R. Martin. Já no Brasil, adoro ler Jorge Amado. São grandes influências de autores para minha escrita”, expõe Guilherme.  

Ele, que até o momento possui uma obra publicada, também de fantasia, chamada 'A Queda do Rei - As Crônicas de Rasaiev', já está trabalhando nas próximas, sendo uma delas sequência da anterior e um romance de época.

“O escritor é um artista. Ele entretém pelas palavras, cria mundos, realidades paralelas, amores fictícios que nos prendem, e até mesmo retrata a própria realidade. Faz as pessoas se divertirem e refletirem sobre sua existência, modo de pensar e agir. É uma forma de arte que deve ser mais valorizada e apreciada, pois o escritor dedica sempre parte de sua alma às suas obras, e isso é incrível”, afirma o jovem autor. 

Autor

Stella Vicente
É repórter de O Regional.

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