Pela trajetória de três artistas negros do interior de São Paulo, o webdoc “Sankofa: O futuro é ancestral” aborda o apagamento das produções artísticas negras desde a Semana de Arte Moderna de 22. As contribuições para o mundo das artes, como proposta de renovação da arte brasileira, destacam-se na produção conduzida pelo Movimento Negro de Catanduva (MNC).
A direção e produção envolveu profissionais negros e o financiamento foi feito pelo Sesc Catanduva. O lançamento será nesta quinta-feira, 8, às 20 horas, seguido por bate-papo.
“O curta conta a história de uma menina que precisa produzir um trabalho sobre a Semana da Arte Moderna de 22 para a escola e percebe que figuras vistas naquele evento entram em contradição com as referências que ela tem de artistas. Além disso, nota que artistas reconhecidos hoje utilizavam da cultura negra e indígena nas suas obras, retratavam isso, só que esses negros e indígenas não estavam ali produzindo. Nessa trama, ela vai descobrindo artistas negros do passado e contemporâneos”, resume a diretora e produtora executiva Thayna Carvalho.
Ela conta que o projeto começou a ser desenhado nos meses de abril e maio por ela e a produtora de elenco Thainá Costa. “Nos aproximamos durante a produção de um podcast, em que eu fiz leituras dramáticas nas aberturas dos episódios”, lembra, em referência ao “Mandisa: Narrativas de Mulheres Negras”, dirigido por ela para celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, em julho.
De lá pra cá, a dupla decidiu abordar a questão racial de forma interligada à Semana da Arte Moderna de 22. “Questionamos onde estavam os negros durante a Semana de 22 e onde estão os artistas negros hoje? Não estavam presentes. Foram apagados. Mas decidimos ir além e ver o que foi produzido e o que é feito hoje. Por que nossos artistas negros são apagados?”
O resultado desse estudo é visto no documentário, a partir da menção a nomes como Pixinguinha, maestro, flautista, saxofonista, compositor e arranjador brasileiro, e dos irmãos Timotheo, precursores do modernismo, e de artistas de hoje, como é o caso de Guilherme Brito, Regina Aparecida da Silva e MC Gabiz, que compõem o elenco do docfic. Falando em atualidade, Thayna Carvalho afirma que em Catanduva muitas produções culturais só acontecem por esforço dos artistas e que viver da arte é muito difícil. A questão é ainda mais grave para os profissionais negros. “Quando falta oportunidade de produzir arte, é também uma forma de apagamento”, critica a produtora audiovisual que atua em São Paulo.
O webdoc “Sankofa: O futuro é ancestral” foi gravado em Catanduva e São Paulo e tem direção e produção executiva de Thayna Carvalho, que também compõe o elenco, além de produção de elenco de Thainá Costa, roteiro e pesquisa de Laís Motta e pesquisa de Ueliton dos Santos Alves. A produção ficará disponível nas redes sociais do Sesc Catanduva.
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