Celebrado em 19 de setembro, o Dia Nacional do Teatro tem como objetivo homenagear os profissionais das artes cênicas do Brasil. Por aqui, essa manifestação artística se desenvolveu ao longo do século XIX, trazendo influências do romantismo e da comédia e seguindo, em muitos aspectos, os padrões europeus.
Porém, com o passar do tempo, o teatro brasileiro foi sendo remodelado, transformando-se em algo para além do mero entretenimento. Hoje, o teatro é também símbolo político, de resistência e de aprendizado. Na cidade de Catanduva e também na região há vários talentos que se destacam nesse meio.
Uma das referências quando se trata de teatro regional é a Cia da Casa Amarela, de Carlinhos Rodrigues e Drika Vieira, que tem reconhecimento nacional e até mesmo internacional. Para Carlinhos, o teatro é justamente isso: uma forma de instruir e educar.
“Comecei em 1979, num trabalho social que fazíamos para comunidades mais carentes. O teatro mexeu demais comigo, em todos os sentidos”, diz o profissional.
Juntamente com Drika, criaram em 1988 um grupo de teatro onde trabalharam de forma ininterrupta até 1995. Neste ano, fundaram a companhia de teatro profissional que hoje carrega produções conhecidas, premiadas e aclamadas pela crítica especializada.
“Nossa filosofia é que o público deve sair do teatro diferente de como entrou. Algo tem que acontecer numa sala de espetáculos, na rua, onde a peça acontece. É preciso que o espectador se sensibilize, reflita, questione, mesmo que as sensações provocadas em cena sejam de estranhamento. O teatro pode acender luzes e é nisso que acreditamos”, relatam os atores.
O TEATRO NA REGIÃO
Sobre o cenário atual do teatro em Catanduva e nas cidades vizinhas, Carlinhos e Drika se mostram otimistas e dizem que, quando se passaram a viver exclusivamente disso ainda na década de 1990, não havia uma tradição profissional na cidade, pois havia falta de estrutura e de conhecimento técnico.
“Hoje temos muitos talentos e o futuro deverá ser melhor, esperamos. Contudo, a permanência e a sobrevivência no teatro estão muito acima de uma proposta imediatista, política e de interesses secundários. O teatro pede renúncia, entrega, humanidade, ou seja, alma de artista e aí não basta apenas talento. É algo mais que não será um prêmio, um edital, um subsídio ou um patrocínio que vai garantir vida longa nos palcos”, ressaltam.
A Lei Aldir Blanc proporcionou que a região se mobilizasse com muitas ações culturais, valorizando os artistas locais, no entanto sua continuidade foi prejudicada pelas mudanças realizadas pelo governo federal que novamente deixou os artistas desamparados, sem recursos e sem incentivos.
“É uma luta constante, pois já não temos mais Ministério da Cultura, falta-nos leis de incentivo além das já conhecidas”, acrescentam Carlinhos e Drika.
Eles acreditam que o Brasil segue carente de políticas culturais que realmente transformem o teatro e toda expressão artística, incentivando novos núcleos de pesquisa, trupes e artistas. Diferente do que acontece em outros países, o brasileiro não vê na arte e cultura um bem essencial. Logo, o teatro é encarado como algo supérfluo e os artistas não são vistos como profissionais.
“O teatro é uma das mais intensas formas de troca humana. Ele pode transformar vidas, ampliando horizontes através de uma visão mais clara e de uma busca mais profunda sobre quem somos”, finalizam Carlinhos e Drika.
PRÓXIMOS COMPROMISSOS
Ao longo desta semana em que se comemora o Dia Nacional do Teatro, a Cia da Casa Amarela estará no Teatro Municipal apresentando a peça Padre Albino: legado para uma cidade. O evento faz parte das comemorações da Semana Monsenhor Albino, promovida pela Fundação Padre Albino.
'O Príncipe' é uma das produções da Cia da Casa Amarela
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