Apesar dos avanços no tratamento, a hanseníase ainda é cercada de preconceitos. A falta de informações contribui para o estigma, dificultando o diagnóstico e o acesso ao tratamento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa a segunda posição no ranking global de casos de hanseníase, ficando atrás apenas da Índia. Dados do Ministério da Saúde de 2024 mostram que, entre 2014 e 2023, foram registrados quase 245 mil novos casos da doença no país.
Diante desse cenário, o mês de janeiro é marcado pela campanha “Janeiro Roxo”, que visa conscientizar a população sobre a hanseníase, reforçando a importância do diagnóstico precoce e combatendo o preconceito que ainda envolve a condição.
Considerada uma das mais antigas doenças a afligir o ser humano, a hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria “Mycobacterium leprae” e transmitida por vias respiratórias; afeta a pele e nervos periféricos, causando lesões e alterações na sensibilidade do tecido.
Segundo Thalita Ferreira, dermatologista e professora da Faculdade de Medicina Faceres, a doença se manifesta na pele em forma de manchas esbranquiçadas, amarronzadas, acastanhadas avermelhadas ou violáceas, além de nódulos e outras lesões.
“As áreas do corpo mais atingidas pela hanseníase são as extremidades das mãos e dos pés, rosto, orelhas, nádegas, costas e pernas. Outros sintomas da doença são sensação de formigamento, fisgada, choque e dormência; perda de pelos; redução da sudorese no local afetado; redução da força muscular das mãos e dos pés, além de caroços pelo corpo, sendo fundamental o diagnóstico precoce para evitar complicações graves”, explica.
Investimentos em educação, capacitação de profissionais de saúde e campanhas de conscientização são considerados peças fundamentais para reduzir a incidência da doença e combater a discriminação. “A evolução da doença ocorre de forma lenta e progressiva, podendo levar a incapacidades físicas que impactam a qualidade de vida nos âmbitos das atividades diárias, socioeconômico, psicológico, da dor e do bem-estar geral”, afirma Thalita.
TRANSMISSÃO
A hanseníase é transmitida por gotículas respiratórias, como tosse e espirros, de uma pessoa infectada e não tratada. Abraço, compartilhamento de pratos, talheres, roupas de cama e outros objetos não transmitem a doença. O tratamento interrompe a transmissão do bacilo logo após o início. O SUS oferece tratamento gratuito e acompanhamento integral por meio da Poliquimioterapia Única (PQT-U), que utiliza três medicamentos combinados. O tratamento, que dura de 6 a 12 meses, interrompe rapidamente a transmissão e previne complicações.
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