Arqueiro chama a atenção com balestras em espetáculo circense
Emanuel Rios incorpora o personagem depois de anos de treinamento com o equipamento dotado de arco e flecha
Foto: Divulgação - Arqueiro usa capa e capuz em entrada cheia de suspense no Império Cirkus
Por Guilherme Gandini | 25 de janeiro, 2023

“Agora vamos surpreender vocês”. Esta é a promessa feita ao público pelo locutor do Império Cirkus, durante as exibições feitas na cidade, ao anunciar o Arqueiro. Com capa preta e capuz, o profissional entra no picadeiro para apresentação diferenciada nas artes circenses, em que ele usa sete balestras – equipamento semelhante a uma espingarda com arco e flecha.

O artista que incorpora o personagem é Emanuel Rios, um dos filhos do seu Peri, fundador do circo e nome conhecido no mundo dos espetáculos circenses. Seu apelido, aliás, está eternizado no nome do próprio circo: Im(peri)o, com as quatro letras grafadas em cor diferenciada. Com o pai, que faleceu durante a pandemia, Rios rodou o país, de circo em circo, junto à família.

Ele aprendeu a gostar das artes nesse dia a dia, durante a infância, tendo o circo como o quintal da sua casa. “Todos os circos familiares passam esses aprendizados de geração para geração”, diz Rios, que trabalha com soldador, nas etapas de instalação e manutenção da estrutura, e é um dos astros do tradicional globo da morte, além de locutor em parte do espetáculo.

A ideia do Arqueiro surgiu quando Emanuel Rios trabalhou no Beto Carrero World, no globo da morte, e teve contato com Hans “Pantar” Moretti, artista de Las Vegas. “Fiquei maravilhado, encantado e com aquilo na cabeça. Só que, na época, era distante pra mim. O equipamento até hoje é importado e caro”, comenta. O tempo passou, a vida seguiu, mas a ideia ficou guardada.

Anos depois, ao assistir à apresentação de um amigo em outro circo, viu número parecido com o artefato de arco e flecha. O equipamento havia sido comprado fora do país. “Já que ele foi para Las Vegas fazee o globo da morte, olha a opção aí. Ele viajava e trouxe os equipamentos pra gente. Até que ele foi para fora do Brasil trabalhar com esse número e eu segui aqui”, conta.

O problema é que, assim que todos os equipamentos estavam comprados e Rios já estava treinando, surgiu a pandemia do coronavírus – um dos piores períodos para o mundo do circo. O Império Cirkus ficou em Santa Rita do Passa Quatro, sem poder se apresentar e, portanto, sem renda para que seus artistas sobrevivessem. A maioria buscou empregos na cidade.

Por outro lado, sobrou mais tempo para que o Arqueiro treinasse. “Estudei sobre o arco, sobre a flecha, sobre o vento, fui treinando, inventando novos desafios, até chegar ao ponto que eu acertei uma aliança. A flecha passou por dentro da aliança”, relata o atirador, que fez sua primeira exibição oficial após a pandemia, com mais de quatro anos de treinamentos.

Rios tem dez balestras ao todo: sete vão ao palco com ele, sendo uma delas a 01, a principal. Na apresentação, ele dispara flechas para acertar bexigas fixas e em movimento, dividir uma folha de jornal ao meio e cortar uma linha que segura um brinquedo. Ao final, ajusta os equipamentos para, com disparos automáticos, fazer série de tiros até atingir uma maçã sobre sua cabeça.

“É um número diferenciado”, reconhece o Arqueiro, que diz que está preparando novo número em que ele apagará uma vela ao disparar a flecha com sua balestra. No país, segundo ele, apenas cinco atiradores fazem números semelhantes nos circos que rodam pelo país.

HISTÓRIA

O fundador do Império Cirkus foi Adão Santos da Silva, multiartista e empresário circense, conhecido no mundo do circo como Peri, que faz referência ao seu nome de palhaço, Pericola. Natural de Itaperuna, no estado do Rio de Janeiro, ele faleceu em 2020, aos 84 anos, vítima da Covid-19, deixando a esposa Raquel, com quem foi casado por 46 anos, três filhos e sete netos.

Peri começou sua trajetória no circo vendendo pipocas com 11 anos de idade, depois foi ajudante para montar e desmontar o circo. No picadeiro, apresentou-se como trapezista, malabarista, equilibrista e tantos outros papeis, incluindo o inesquecível palhaço Pericola. Trabalhou no Circo Portugal, Estoril, Beto Carreiro e grandes empresas do mundo das artes.

No início, eram ele, a esposa e três filhos dentro do trailer. Quando a família começou a crescer, ele alimentou o sonho de ter o próprio circo, para evitar que a família se espalhasse. Assim nasceu o Império Cirkus, em 2010, que passou por todos os estados brasileiros e até países da América do Sul. Desde a morte de Peri, o circo leva a frase “Aqui até a tristeza pula de alegria”.

AINDA DÁ TEMPO

O Império Cirkus vai encerrar sua temporada em Catanduva no próximo domingo, dia 29. Nesta quarta-feira, dias 24 e 25, as cadeiras populares custam R$ 9,99 e as caderias vips R$ 14,99 para quem apresentar print da imagem que está disponível em www.facebook.com/imperiocirkus7 A sessão começa às 20h30. No sábado, serão duas apresentações: 18 e 20h30, e no domingo, às 16, 18 e 20h30. O circo está na av. Eng. José Nelson Machado. Informações: 15 98100-9223.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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