90% das pessoas não sabem que cigarro faz mal ao coração, diz pesquisa
Cardiologista Adriana Bellini Miola, do IMC, ressalta importância de as pessoas buscarem distância do tabaco
Foto: Divulgação - Adriana Bellini Miola diz que benefícios à saúde são imediatos ao parar de fumar
Por Da Reportagem Local | 29 de agosto, 2024

Esta quinta-feira, 29 de agosto, é Dia Nacional de Combate ao Fumo e, embora o consumo de tabaco no Brasil tenha diminuído cerca de 35% desde 2010, segundos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o vício ainda resiste entre milhões de brasileiros, com atenção especial para os jovens.

Os malefícios são enormes aos pulmões e sistema respiratório, porém, outro órgão fundamental do corpo humano é fortemente atingido e pesquisa da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) mostra que grande parte das pessoas não se atenta: o coração.

Apesar da clara evidência sobre os males do cigarro ao sistema cardiovascular, o levantamento revelou que a maioria das pessoas não tem consciência desta relação.

Quando questionados sobre quais fatores podem aumentar o risco de doenças cardíacas, somente 10% das pessoas ouvidas apontaram o cigarro. A pesquisa foi feita com 2.764 pessoas de Rio Preto, Araçatuba, Araraquara, Bauru, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos, Sorocaba, Vale do Paraíba e na capital paulista.

Um dado apenas revela a gravidade deste desconhecimento. Por ano, mais de 33 mil pessoas morrem por problemas cardiovasculares que derivam do tabaco, segundo o Ministério da Saúde. O fumante tem o risco de morte súbita até quatro vezes maior do que não fumantes. Trata-se da maior causa evitável de mortes no mundo.

"Se 90% da população não sabe do quanto o fumo faz mal ao coração e sistema vascular, então grande parte dos fumantes corre sérios riscos", afirma a cardiologista Adriana Bellini Miola, do IMC - Instituto de Moléstias Cardiovasculares, de São José do Rio Preto. "O mais importante é que as pessoas tenham consciência que precisam parar de fumar, pois estão sujeitas a terem sérios problemas de saúde e até mesmo risco de morte, associados aos danos dos pulmões e sistema cardiovascular", completa a médica.

Estudo feito por pesquisadores da Fundação do Câncer aponta que o tabagismo responde por 80% das mortes por câncer de pulmão em homens e mulheres no Brasil.

Já o coração é afetado pela liberação de adrenalina provocada pela nicotina, que acelera o ritmo cardíaco, aumenta o consumo de oxigênio e a pressão arterial, além de agredir a parede interna dos vasos sanguíneos, chamada de endotélio. Somente essa reação já é o suficiente para deixar as artérias mais vulneráveis ao depósito de placas de gordura.

Outra interferência acontece no mecanismo de contração e relaxamento do coração. Isto resulta em uma maior dificuldade para o sangue circular.

Segundo Adriana, entre as principais doenças cardiovasculares causadas pelo tabagismo estão a insuficiência coronariana, infarto do miocárdio, aneurisma da aorta abdominal, arritmias graves e AVC – acidente vascular cerebral. "Fumar acelera o processo conhecido como oxidação do colesterol e favorece a formação da placa de aterosclerose. A associação com outros fatores, como hipertensão e diabete, aumenta o risco progressivamente", completa.

Independentemente da frequência com que a pessoa fuma e se é cigarro (eletrônico inclusive), cachimbo ou charuto, uma única unidade já provoca malefícios, não importa a quantidade. "Fumar pouco ou esporadicamente também faz mal", enfatiza.

A médica lembra ainda que o fumante passivo também está exposto ao perigo. Há estudos que apontam que conviver com quem fuma afeta o coração, além de aumentar em duas vezes o risco de câncer.

VIDA SEM TABACO

A cardiologista do IMC de Rio Preto enfatiza que os benefícios são imediatos quando o fumante abandona o vício. Segundo ela, após parar de fumar, há redução de cerca de 50% no risco de infarto no primeiro ano. Porém, são necessários cerca de 10 anos sem fumar para igualar o risco cardiovascular de um ex-fumante ao risco de quem nunca fumou.

Para se livrar do vício, existem vários métodos que podem ser utilizados, desde a parada abrupta até o suporte de produtos à base de nicotina, as chamadas terapias de reposição.

"O ideal é parar completamente. Dependendo do perfil do paciente e do seu grau de dependência, o tratamento poderá incluir a associação de técnicas multidisciplinares. Podem ser utilizadas as terapias de reposição, como o uso de chicletes e adesivos de nicotina, e medicamentos específicos e antidepressivos", relata a cardiologista.

É comum de muitos ex-fumantes aumentarem o peso após abandonar o cigarro. Por isso, alimentação saudável e prática de atividades físicas devem ser incorporadas à rotina do ex-fumante, sob acompanhamento de um médico e de um profissional de educação física.

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Da Reportagem Local
Redação de O Regional

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