A preparação para prestar vestibulares é um momento de grande apreensão para os estudantes. Ter um ritmo próprio, rotina diária, ambiente adequado para prestar atenção no conteúdo e, principalmente, acalmar a mente e controlar a ansiedade, para concentração nos livros e apostilas. Também há o maior desafio da geração atual, o desapego do celular durante o estudo.

Todos esses obstáculos devem ser moldados por cada vestibulando que almeja sua aprovação. O estudante Matheus Prieto de Oliveira, de Catanduva, frequenta o cursinho e pretende cursar Medicina. Sua rotina durante a semana é longa e dividida em partes.

“Começo a estudar às 7h30, quando chego no cursinho, e minhas aulas vão até 13h30, volto para casa e almoço. Volto a estudar durante toda a tarde, e, quando é mais à noite, vou para a academia”, detalha. Ao retornar dos exercícios, ele continua com os estudos. “Nessa hora, eu reviso mais os conteúdos, leio matérias que são mais fáceis e menores.”

Para o vestibular, o aluno tem que estar preparado em todas as matérias e Matheus compartilha como lida com essa questão: “Sempre me dei bem em várias matérias, a única que não gosto é redação, mas costumo ir bem e tento lidar com mais atenção, já que é algo essencial para o vestibular e com muito peso na hora da aprovação.”

O que ajuda muitos estudantes a não se perderem entres as disciplinas necessárias é ter um cronograma e divisão dos conteúdos. “Eu tenho um cronograma certo, baseado no vestibular que eu quero, então eu vejo quais as matérias têm mais incidência nas provas e faço todos os tipos de exercícios, dos mais fáceis, até os mais difíceis”, conta o jovem.

Ao mesmo tempo, especialistas alertam que os estudos não devem tomar 100% do foco dos alunos. Distrair a mente e aliviar a tensão é fundamental no processo. “Sou uma pessoa que prioriza ter a cabeça boa e eu gosto muito de sair com meus amigos. Tem vezes que estudo tempos maiores à noite para poder me reunir com eles no final de semana”, confidencia Matheus, garantindo que também aproveita essa fase da vida fora da mesinha de estudos.

Professor diz que celular é o vilão

O educador de história Cândido Henrique Ronchi está nas salas de aula todos os dias com alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Para ele, a maior distração é o uso do celular sem controle. “Essa necessidade constante de acompanhar as redes sociais para saber o que está acontecendo atrapalha. Se o celular está do lado e começam alarmes, notificações e mensagens, você não termina o que está estudando. O processo de estudo requer concentração e se você não está com todo foco para não interromper a linha de raciocínio e absorver o conteúdo, acaba sendo tudo superficial.

As pausas para não pesar a mente são bem-vindas, no ponto de vista do professor, porém, devem ser feitas com cautela. “As pausas precisam ser feitas programadas, você estipula os períodos, estudar 1h30 e descansar 20 minutos, elas não podem ser aleatórias. O mais importante durante os estudos é a disciplina, com disciplina o aluno consegue resultados satisfatórios.’’

O ambiente de estudo também faz parte do processo. “Um local especifico faz toda diferença, o estudo não pode ser realizado deitado no sofá, o adequado é uma escrivaninha, com boa luminosidade e pouco barulho, para não se distrair”, orienta, completando. “O aluno não pode se boicotar, fingir que está cumprindo os horários dos estudos e não seguir corretamente.”

Saúde mental também é chave para o sucesso

A rotina de estudos, o ambiente correto e a concentração são partes da chave do sucesso para aprovações e conquistas. Assim como a saúde mental.

A psicóloga Moniéle Barbosa dos Santos ensina como lidar com a pressão que os estudos colocam na mente. “Para manter a saúde mental, mesmo diante da pressão dos vestibulares, é preciso ter em mente uma palavra-chave: equilíbrio. Mesmo que essa fase seja decisiva para o aluno, ele não pode focar em apenas um aspecto da vida. Para alcançar o objetivo da aprovação, tudo precisa estar caminhando bem. Então, embora seja necessário investir tempo nos estudos, também é preciso investir tempo na saúde, na família, nos amigos, no lazer, além do descanso.’’

Outro ponto importante é a sobrecarga que os alunos colocam em si mesmos. “É preciso reconhecer e respeitar os próprios limites. Muitos alunos “piram” porque não respeitam os limites do corpo e da mente, não entendem quando é hora de parar, respirar e descansar para recarregar as energias, então acabam por entrar em um processo de estafa mental/ esgotamento cognitivo: um cansaço extremo que os impede de seguir com os estudos.”, explica.

O que ajuda muitos estudantes, diz a especialista, são os hobbies. “A atividade física é uma prática primordial para quem deseja ter bom desempenho nos estudos. Num primeiro momento consideramos seu benefício associado à produção de hormônios que causam sensação de prazer e bem-estar, mas como o assunto é vestibular, vale reforçar que ela também contribui para o processamento cognitivo, uma vez que colabora com a produção de neurotransmissores e melhora a circulação sanguínea do cérebro, trazendo benefícios à memória e aprendizagem.”

Nesse período, a ansiedade é o sentimento recorrente. Por isso, Moniéle lembra que é preciso desacelerar. “Calma, respira. Respeite seu tempo e seus limites. Depois pergunte-se: tem alguma coisa que preciso ajustar? Equilibrar melhor o tempo, investir em autocuidado, descanso ou lazer? Estou dormindo bem e me alimentando bem? Preciso entender como está minha visão a respeito do vestibular, minha auto cobrança, minhas expectativas, meus pensamentos… Se o olhar para essa questão estiver pesado demais, deve-se procurar psicoterapia para conseguir encarar com mais leveza esse período desafiador.”