Uma em cada três crianças brasileiras entre 5 e 9 anos está acima do peso, segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde. Esta realidade alarmante foi o alerta feito por médicos e instituições de saúde na segunda-feira, 3 de junho, Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil.
Esse é considerado um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, afetando mais de 220 milhões de crianças em idade escolar.
Para a médica pediatra Claudia Atanes, do Austa Hospital, de Rio Preto, o aumento de crianças obesas ou com sobrepeso é consequência sobretudo de mudanças no estilo de vida, com a adoção de hábitos mais sedentários. “As crianças e adolescentes dedicam muito tempo a celulares e computadores, em detrimento de brincar e praticar atividades físicas. Consomem demais “fast foods”, alimentos mais práticos, porém, ultraprocessados, com alto teor calórico, que prejudicam a saúde”, destaca.
Segundo ela, a má alimentação e a diminuição de atividades físicas podem fazer com que crianças e adolescentes obesos apresentem dificuldades respiratórias, aumento do risco de fraturas, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e efeitos psicológicos, como baixa autoestima, isolamento social, transtornos alimentares, entre outras doenças com riscos graves à saúde.
O aumento do sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes é uma questão de relevância mundial. Quando associados à alterações metabólicas específicas, podem desenvolver conjunto de sinais e sintomas que levam à Síndrome Metabólica (SM). Eles são o aumento da circunferência da cintura, da pressão arterial, da glicemia de jejum e de triglicerídeos e a diminuição do colesterol HDL, conhecido popularmente como colesterol “bom”. Ele ajuda a remover o excesso de colesterol LDL do sangue.
Segundo o estudo Atlas Mundial da Obesidade 2024, a taxa anual de crescimento da obesidade e sobrepeso, entre 2020 e 2035, será de 1,8%. Segundo os dados, a prevalência de crianças e adolescentes com IMC (índice de massa corporal) elevado era de 34% em 2020, com mais de 15 milhões de afetados. Em 2035, a projeção é de que essa taxa chegue a 50%, somando mais de 20 milhões.
O impacto, no entanto, não se resume ao presente, podendo perdurar por toda a vida, salienta Claudia Atanes. Segundo a pediatra, estudos médicos apontam que crianças acima do peso possuem 75% mais chance de serem adolescentes obesos e 89% dos adolescentes obesos podem se tornar adultos obesos.
“Brincadeiras são fundamentais para as crianças fazerem atividade física de forma prazerosa, com benefícios à saúde e ao bem-estar. Essa é uma boa alternativa para manter as crianças em movimento, com desenvolvimento da parte física e da parte cognitiva, ou seja, de memória e aprendizagem”, afirma.
Para que estes hábitos de vida saudáveis sejam adotados pelas crianças e adolescentes, a pediatra ressalta ser a participação dos pais imprescindível, incentivando a boa alimentação, a prática de atividades físicas e, principalmente, dando bons exemplos aos filhos ao levá-los para consultas médicas periódicas.
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