
A decisão do presidente americano Donald Trump de aplicar tarifa de 10% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos acendeu um alerta vermelho no setor produtivo nacional — especialmente no interior paulista. A medida, com forte viés protecionista, atinge também os empresários da região, que tem intensificado as exportações para o mercado norte-americano, principalmente no setor de cosméticos.
Para o despachante aduaneiro Marcio Marcassa Jr., da Rio Port, empresa especializada em comércio exterior, o tarifaço é um sinal claro de que o Brasil precisa rever urgentemente sua estrutura tributária. “Os EUA ainda estão sendo até bondosos ao aplicar ‘somente’ 10%”, afirma.
Segundo Marcassa, o cálculo feito pelos americanos leva em conta apenas a média de 11% do imposto de importação brasileiro. “Mas isso é a ponta do iceberg. Se somarmos IPI, Cofins, PIS/Pasep e ICMS — que pode chegar a 25%, dependendo do estado — o custo final dos produtos americanos no Brasil é muito alto. Isso fez com que os EUA nos colocassem na lista de países menos amistosos no comércio exterior.”
A tarifa única de 10% sobre os produtos brasileiros deve afetar diretamente empresários rio-pretenses que exportam para os EUA, especialmente do segmento de beleza e higiene pessoal, que vive um ciclo de expansão internacional. “Temos empresas que já estão estabelecidas no mercado americano, e esse aumento tarifário vai pesar na ponta: o consumidor final. Isso pode significar perda de competitividade e queda de receita”, analisa o especialista.
Além dos exportadores diretos, outros empreendedores da região que mantêm parcerias, fornecem insumos ou têm joint ventures com empresas americanas também sentirão os efeitos. “É uma rede. Quando um elo enfraquece, os impactos se espalham. Rio Preto tem crescido muito em relações internacionais e pode sofrer prejuízos importantes com essa decisão”, completa.
Para ele, a medida também traz uma oportunidade: “Se o Brasil conseguir avançar com uma reforma tributária que reduza a carga e simplifique processos, podemos virar um polo atrativo para outros mercados afetados pelos EUA. Mas, para isso, precisamos agir agora.”
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