Saúde substitui vacinas para driblar falta de imunizantes
Varicela e Meningocócica C não estão disponíveis nos postinhos de Catanduva
Foto: Divulgação/PMSBO - Metas de vacinação não foram alcançadas em todo o país nos últimos 5 anos
Por Guilherme Gandini | 18 de setembro, 2024

A falta de insumos essenciais para garantir a cobertura vacinal plena tem sido enfrentada por seis em cada dez municípios brasileiros. É o que mostrou pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) a partir de levantamento produzido entre os dias 2 e 11 de setembro, com a participação de 2.415 prefeituras. Do total, 64,7% têm vacinas em falta nas unidades de saúde.

A entidade explica que o Ministério da Saúde é o responsável por fazer a aquisição e a distribuição de todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação para os municípios. Já os Estados devem prover seringas e agulhas para que os entes locais vacinem a população.

“É importante lembrar que a vacinação foi um dos eixos do desfile de 7 de setembro deste ano. Apesar disso, o que verificamos, infelizmente, foi a falta de imunizantes essenciais há mais de 30 dias na maioria das cidades pesquisadas e ainda o risco de retorno de doenças graves, como a paralisia infantil”, destaca o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Para ele, a dissonância entre o discurso oficial do Governo Federal e a realidade municipal gera frustração e pressão sobre os gestores, que, além de lidarem com as expectativas da sociedade, enfrentam a falta de vacinas e insumos essenciais para garantir uma cobertura vacinal eficaz.

“Estamos cobrando do Ministério da Saúde que disponibilize os imunizantes para vacinar as crianças e suas famílias o mais rapidamente possível”, completa Ziulkoski.

O estudo da CNM questionou os municípios sobre quais as vacinas que estavam em falta e o imunizante Varicela foi a de maior predominância, não chegando a 1.210 municípios. A CNM destaca que esta vacina é utilizada para fazer o reforço das crianças de 4 anos contra a catapora.

A vacina para proteger as crianças contra a Covid-19 é a segunda mais em falta. O imunizante não está disponível em 770 municípios, com média de 30 dias de atraso. A vacina Meningocócica C está em falta em 546 localidades, com média de 90 dias sem o imunizante. Esta última protege as crianças contra bactéria que pode causar infecções graves e fatais, como a meningite.

CATANDUVA

De acordo com Adriano de Araújo, secretário de Saúde de Catanduva, o município tem conseguido substituir as vacinas faltantes, de forma a manter a cobertura. Atualmente, no lugar da Meningocócica C está sendo utilizada a Meningocócica ACWY. Já a vacinação contra varicela tem sido feita com a tetraviral, que cobre também contra sarampo, caxumba e rubéola.

“São algumas vacinas conjugadas que vêm (do Ministério da Saúde) e cobrem mais do que um único micro-organismo. A varicela isolada realmente não tem em estoque, mas a tetraviral também cobre varicela, então você consegue manter o esquema vacinal neste sentido. E a vacina contra a Covid-19 não está em falta no município”, pontua o gestor.

Metas de cobertura longe do ideal

No início deste ano, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgou estudo sobre as metas de coberturas vacinais de rotina nos últimos cinco anos. E elas não foram alcançadas em todo o país, exceto a BCG em 2022. Em 2023, justamente a vacina contra a Meningocócica C teve cobertura de 82,5%, abaixo da meta do Ministério, que é de pelo menos 95%.

Em Catanduva, conforme informações da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), a cobertura para a Meningocócica C é de 97,5% para menores de 1 ano e de 94,3% para 1 ano de idade.

Para o primeiro grupo, os índices de cobertura são de 88,3 para hepatite B; 88,3% para DTP; 55,6% para febre amarela; 88,6% para pólio injetável; 82% para pneumo 10; 88,3% para penta e 92% para rotavírus. Ao 1 ano, os números são 91% para varicela, 90% para tríplice viral, 86% para pólio oral bivalente, 85,5% para hepatite A infantil; 80,8% para DTP e 75,5% para pneumo 10.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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