Ruas traçadas na prancheta, a era dos trens e expansão econômica
Trajetória é recuperada com auxílio dos professores Luiz Roberto Benatti e Sérgio Bolinelli
Foto: Arquivo/O Regional - Progresso urbano no início da história do município foi extremamente rápido
Por Guilherme Gandini | 14 de abril, 2023

Ernesto Ramalho traçou no mapa o arruamento inicial da cidade em cima da mesa de trabalho, xícara de café ao lado dos papéis. A partir da Estação Ferroviária, morro acima, riscou o braço maior da cruz de Cristo - a rua Brasil. Cem metros abaixo, riscou o braço menor: o antigo Parque das Américas: como são três, ele desenhou três seções ocupadas por imenso jardim.

Os veículos subiam a rua Brasil, porque esse era o percurso lógico de uma cidade em crescimento, como a espinha dorsal da criança ao alongar-se rumo à adolescência.

A rua fronteira à estrada de ferro ele chamou de Rio de Janeiro, capital da República por 60 anos. A paralela ascendente foi chamada de São Paulo, nosso Estado. Visionário, deu-se conta da expansão da futura cidade. Traçou-lhe as radiais: 7 de Setembro e 15 de Novembro.

O relato dos primeiros 20 anos do município é do professor Luiz Roberto Benatti, recuperado nos arquivos de O Regional, que traz ao final menção a expoentes do planejamento urbano. “Catanduva ergueu-se da prancheta pelas mãos de Ramalho. Ele desenhou nossa topografia urbana 60 anos antes de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, em Brasília”, salientou.

Entre as diversas versões sobre a fundação de Catanduva, os historiadores destacam duas. Uma delas afirma que o povoado teria se iniciado quando uma família mineira chamada Figueiredo chegou ao local no final do século XIX, em torno de 1890, onde deu início à primeira lavoura e construiu a primeira casa de telhas no bairro São Francisco. Os Figueiredo teriam recebido as terras como herança da família Moreira, de nacionalidade portuguesa.

Outra versão diz que a cidade teria sido fundada por Antônio Maximiano Rodrigues, mineiro de Conceição do Rio Verde, que teria adquirido terras da região por volta de 1890, fazendo, posteriormente, a doação de alqueires de sua propriedade para a paróquia de São Domingos. Existe ainda uma terceira versão, mais descartada pelos historiadores, que aponta Domingo Borges da Costa, conhecido como Minguta, como fundador.

Historicamente, sabe-se que Catanduva surgiu em meados dos anos 1850, em terras que pertenciam ao município de Araraquara e que, posteriormente, originaram Jaboticabal, Monte Alto e São José do Rio Preto, de onde viria a se desmembrar o município de Catanduva.

Inicialmente Catanduva foi conhecida por Cerradinho, depois foi elevada a Distrito de Paz, com o nome de Vila Adolpho, em 1909, numa homenagem ao Coronel Adolfo, influente político de São José do Rio Preto, município ao qual a vila pertencia.

Com a chegada da Estrada de Ferro em 1910, foi criado o Município de Catanduva, pela lei nº 1564 de 1917, sendo que a instalação do mesmo ocorreu em 14 de abril de 1918, em solenidade realizada no Clube 7 de Setembro. Toda essa sequência histórica foi referendada pelo professor e historiador Sérgio Bolinelli, que mantém viva a memória da cidade no Museu Padre Albino.

ERA DOS TRENS E EXPANSÃO

Com glebas de terra colocadas à venda, a preços considerados baixos, as fazendas foram se formando ao redor de Catanduva. Os casarões eram circundados por imensas plantações de café, que por muitos anos foi o principal produto da cidade. O progresso urbano, nesse início da história do município, foi extremamente rápido, prendendo-se ao desenvolvimento da fértil zona rural. O cultivo do café e a penetração ferroviária, junto à assistência médico-hospitalar e educacional que florescia, constituíram fatores decisivos para a evolução da área urbana.

A ampliação da fronteira agrícola de Catanduva se deu após a chegada da Estrada de Ferro, em 1910. A partir daí, as terras agriculturáveis foram ocupadas pelo arroz, feijão, milho, pastagens e café. Aos poucos, os cafezais passaram a ser a cultura dominante na maioria das propriedades rurais, até a década de 1950, quando passaram a ser substituídos pelos laranjais e canaviais.

No período de 1980 a 1990, a laranja viveu seu grande momento no município. Incentivados pela indústria de sucos, os agricultores tomaram coragem para substituir de vez os cafezais pela laranja. No entanto, no final da década de 90, o alto custo da produção e a baixa produtividade, além do “amarelinho”, praga que dizimou os pomares, tornaram inviável o cultivo da laranja.

Paralelamente, o assédio dos produtores de açúcar e álcool, oferecendo vantagens irrecusáveis em troca do arrendamento de terras para o cultivo da cana-de-açúcar, reduziu ainda mais a área destinada à laranja. Assim, seguiu-se a expansão da cultura canavieira. A cana começou a ser cultivada em Catanduva na década de 50. Hoje, a Cidade Feitiço e Capital dos Ventiladores integra a 4ª maior região sucroalcooleira do Estado, sendo esta sua principal fonte de riquezas.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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