Referência, Recanto Nosso Lar exalta o Dia Mundial do Alzheimer
Anelino de Jesus Rocha conduz instituição há 32 anos e relembra trajetória e avanços no cuidado com as idosas
Foto: Divulgação - Recanto Nosso Lar atende 40 senhoras idosas com a doença de Alzheimer
Por Guilherme Gandini | 21 de setembro, 2023

A história do Recanto Nosso Lar começou em 1992, quando um grupo de abnegados, cerca de 50 ao todo, decidiu ocupar o prédio pertencente à Associação Espírita Nosso Lar, na rua Teresina, que é utilizado pela entidade até hoje. A intenção, na época, era criar um abrigo para senhoras idosas. Foram dois anos de reforma e preparação até que foi recebida a primeira interna.

Segundo o presidente da instituição, Anelino de Jesus Rocha, o Lino, logo no primeiro ano foi possível constatar que as senhoras portadoras de Alzheimer não tinham onde ficar, por não serem acolhidas pelas outras entidades. “Misturar pessoas com demência com outras que gozam da razão é muito difícil, então foi opção minha começar a trabalhar com o Alzheimer”, conta.

Ele frisa que até hoje o atendimento às pessoas com doença mental é mais difícil e exige equipe maior do que a vista em outras instituições. Isso é comprovado pelos números do Recanto Nosso Lar. Há, atualmente, 40 senhoras no local, incluindo acamadas e em estado terminal, e 37 profissionais envolvidos no atendimento – quase um funcionário para cada residente.

“Muitas dessas pessoas precisam de um cuidado especial que a família não tem como cuidar, não tem condições ou espaço e até falta de conhecimento técnico. E é aí que a gente entra para dar esse aporte à família, não só onde acolhemos a idosa, mas a família toda”, pontua Lino.

Ao longo dos anos, o trabalho foi conduzido com o apoio das organizações da sociedade civil, clubes de serviço e da população, que faz doações. “Sem esse apoio a gente não conseguiria tocar a entidade”, garante. Foi assim, aos poucos, que o prédio foi sendo ampliado, que as normas da legislação foram sendo atendidas e que mais senhoras passaram a ser acolhidas.

Lino lembra que as manutenções e melhorias não param, como a recente instalação de armários individuais para as idosas. “Trocamos todo o telhado, colocamos a energia fotovoltaica, pois gastávamos em torno de R$ 2 mil de energia elétrica e hoje gastamos R$ 150. Tudo isso graças à ajuda que vem da sociedade”, diz ele, explicando que o telhado foi doado pela Ambev.

A ajuda do poder público começou apenas em 2021, ainda que em quantia reduzida. Das 40 vagas, 14 são subsidiadas com recursos da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social e 20 pela Secretaria de Saúde. A liberação da verba aconteceu depois de pleito conjunto feito pelo Recanto Nosso Lar, Recanto Monsenhor Albino, Vila São Vicente e Lar dos Velhinhos.

AJUDAR O PRÓXIMO

Responsável pela condução do Recanto Nosso Lar há 32 anos, Lino diz que sempre teve a vontade de ajudar alguém. “Isso é uma coisa inata, a gente não se torna uma pessoa voltada para um serviço assistencial de uma hora para outra. Quando resolvemos utilizar este espaço e construir um abrigo, éramos 50 pessoas e depois de um ano a maioria queria fechar e eu entendi naquele momento que Deus falava comigo que o maior trabalho que existe é a caridade. Eu disse: ‘se vocês não querem, eu vou tocar isso’, porque Deus nos chamou para esse trabalho.”

Ele menciona que sempre teve o apoio da família e que, nos primeiros anos, ao lado da esposa, trabalhou como cozinheiro, faxineiro, cabeleireiro... “Esses 32 anos eu me dediquei de coração e sou muito agradecido a Deus pela oportunidade dada de colaborar em prol do mais carente.”

‘Aproveitamos este dia para divulgar que existimos’

O Dia Mundial da Doença do Alzheimer, celebrado nesta quinta-feira, 21, é utilizado anualmente pelo Recanto Nosso Lar para realização de palestras e divulgações sobre o trabalho da entidade. Uma das responsáveis por essas abordagens é a assistente social Ana Paula Manfrim. “Muitas pessoas nos perguntam, onde se encontra esse local, onde é? Então a gente pegou o dia 21 para ir nas escolas e divulgar que nós existimos e como que as pessoas podem nos ajudar”, diz.

A profissional lembra que é possível auxiliar a entidade com alimentos, fraldas geriátricas e doações via Pix. Quem preferir pode se cadastrar e contribuir mensalmente. O endereço é rua Teresina, 1.106, na Vila Santo Antônio, em Catanduva. O telefone é 17 3522-2265.

Atenção aos primeiros sintomas

A Doença de Alzheimer é uma das formas mais comuns de demência, trata-se de uma condição progressiva causada pelo acúmulo das proteínas tau e beta-amilóide no cérebro. Essas proteínas deterioram as regiões e estruturas cerebrais. Quando essas proteínas não desempenham suas funções adequadamente, as sinapses, que são as conexões entre os neurônios, deixam de funcionar, resultando na morte desses neurônios devido a esse mau funcionamento.

As áreas mais afetadas são as associadas a memória, aprendizagem e coordenação motora. Cada paciente com a Doença de Alzheimer é acometido de forma diferente e única. No entanto, existem pontos em comum, por exemplo, o sintoma primário mais comum é a perda de memória. Muitas vezes, os primeiros sintomas são confundidos com o problema de idade ou estresse.

Com o avançar da doença, vão aparecendo novos sintomas como confusão mental, irritabilidade, agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória em longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade. Antes do aparecimento dos sintomas, a Doença de Alzheimer vai-se desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se não diagnosticada e assintomática durante anos.

O tratamento visa minimizar os sintomas, proteger o sistema nervoso e retardar o máximo possível a evolução da doença.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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