Psicóloga aborda maternidade real, sem romantismo: "a perfeição não existe"
Daniely Melo afirma que o foco da mãe deve estar direcionado em atender da melhor maneira possível as necessidades dos filhos
Foto: ARQUIVO PESSOAL - Daniely Melo diz que figura de ‘mulher-maravilha’ é equivocada sobre o materno
Por Guilherme Gandini | 08 de maio, 2022
Nem tudo o que é mostrado nas redes sociais é real. Aquele momento de felicidade exposto na foto pode ser fake – e é preciso ter isso sempre em mente. Situação semelhante vivem muitas mães que, moldadas pela sociedade, cobram-se para serem perfeitas”, como se isso fosse possível. É a figura romantizada do papel de mãe, que joga grande peso sobre as costas femininas.  

De acordo com Daniely Melo, psicóloga e mãe do Enzo, de 5 anos, o primeiro passo para lidar com isso, é a desconstrução da ideia de perfeição. “Precisamos entender que maternidade perfeita não existe. É necessário que o foco da mãe esteja direcionado em atender da melhor maneira às necessidades básicas e essenciais dos filhos. O que devemos buscar é a maternidade possível”, indica.  

Sobre as comparações com outros exemplos maternos, Daniely considera que tudo o que é visto à distância deve ser relativizado e colocado dentro da própria realidade. “É natural querermos sempre o melhor para nossos filhos, o que muitas vezes nos leva a idealizar alguns cenários. Mas como dizia Freud, só podemos nos comparar com nós mesmos no passado.”  

Neste sentido, diz ela, para lidar com a cobiça sobre o que é ideal, sem gerar autocobrança desproporcional, é importante que sejamos conscientes de nossa própria realidade. O que precisamos é fazer o melhor com o que temos”, salienta Daniely.  

Outra recomendação da profissional está relacionada ao sentimento de culpa, muito comum entre as mamães, fruto de eventual constatação de falha na educação da criança. “Costumam dizer que onde nasce uma mãe, nasce uma culpa. Isso se deve ao estigma pré-concebido da mãe na figura de “mulher-maravilha”, uma ideia que considero equivocada sobre o materno”.  

A solidão também está entre as grandes queixas de mulheres que se tornam mães. A nova rotina com o bebê acaba por não bater mais com a agenda dos amigos e com os encontros de sempre.  

SOBRECARGA  

Em boa parte dos casos, as mães acabam ficando sobrecarregadas com tantas responsabilidades que vão além das primárias (essas, em teoria, devem ser divididas com os pais), como trocar fraldas, dar banho e a amamentação. A orientação é que a chamada rede de apoio possa ser uma aliada preciosa para aliviar a rotina, especialmente para as mamães de primeira viagem.   

“Uma rede de apoio pode ser formada por pessoas que auxiliam na criação dos filhos e que convivem com a família, como o pai, avós, padrinhos, tios, vizinhos ou mesmo pessoas próximas que já passaram pela situação e podem ajudar, seja com a experiência ou em tarefas de casa.”  

As redes de apoio também são importantes para que a mãe tenha tempo de dedicar algum momento de seu dia para cuidados pessoais e, principalmente, de sua saúde. “Não é preciso deixar de ser mulher para ser mãe. De acordo com cada realidade, dentro das possibilidades do cenário, a mulher precisa cuidar de si”, afirma Daniely. 

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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