Quanto vale o sorriso de uma criança? A pergunta tem difícil resposta, mas são exatamente esses sorrisos, de valor incalculável, que alimentam e energizam os voluntários do projeto Dr. Sara&Cura, que completa 24 anos de atuação em Catanduva, neste sábado, 12 de março.

Tudo começou em 1998, quando pessoas ligadas aos Rotarys Clubes de Catanduva, que mantêm o projeto até hoje, iniciaram a ação solidária com intuito de proporcionar momentos de alegria e descontração às crianças internadas no setor de pediatria do Hospital Padre Albino, como forma inclusive de contribuir no processo de recuperação.

“Foi um marco importante para a nossa cidade. Voluntários vestidos de jalecos coloridos e caras pintadas de palhaço, levando sorriso, música e livros para contar histórias às crianças”, enaltece Ricardo Baptista de Oliveira, corretor de seguros que entrou no projeto em 2005 e hoje coordena as atividades. Para a criançada, ele é o divertido Dr. Maffolldo.

O projeto se baseou no trabalho dos grupos 'Clown Care Unit' (New York, 1986) e 'Doutores da Alegria' (São Paulo, 1991), mas foi pioneiro ao conjugar 'clowns' e 'contadores de histórias'. Com a iniciativa, Catanduva tornou-se a quarta cidade do mundo a levar alegria às pediatrias dos hospitais e exportou a ideia para Olímpia, Barretos e Caraz, no Peru.

“Nesses 24 anos, passaram pelo nosso grupo muitas pessoas que deixaram suas residências em momento de descanso e se dedicaram ao trabalho voluntário, levando alegria às crianças internadas e fazendo com que elas esqueçam que estão em um ambiente hospitalar”, frisa.

Além do contato com os pacientes em seus quartos na pediatria, pronto-socorro e na Unidade de Tratamento para Queimados (UTQ), os palhaços do Sara&Cura também participam das festividades promovidas pela Fundação Padre Albino, como Carnaval, Páscoa, Festa Junina, Dia das Crianças e o Natal – sempre compartilhando guloseimas, presentes e carinho.

CRIATIVIDADE

Em meio à pandemia do coronavírus, no março de 2020, o grupo suspendeu as visitas às crianças, mas manteve suas reuniões online. Foi quando a criatividade falou mais alto e surgiu a ideia de gravar vídeos com músicas e exibir pelas redes sociais para que mamães e papais pudessem mostrar aos filhos. “Foi um sucesso, as visitas e comentários”, celebra o voluntário.

Outra alternativa foi gravar as brincadeiras e músicas em um pendrive com exibir na televisão da brinquedoteca do hospital. “Chamamos essa ação de ‘Estar presente, mesmo estando ausente’, que possibilitou que as crianças se divertissem, mesmo nos vendo só pela tevê.”

Sobre a trajetória recente, Ricardo Oliveira ainda relembra a perda sentida pelo grupo em 14 de abril de 2020, com o falecimento da Dra Risadinha, a voluntária Silvia Rodrigues de Jesus. “Foi uma notícia muito triste. Com certeza, é uma estrelinha lá no céu, cuidando de todos nós.”

As visitas presenciais chegaram a ser retomadas em dezembro do ano passado, com os voluntários devidamente paramentados, com máscara e todos os cuidados possíveis. Eles até chegaram a participar da festa natalina. Mas no início de 2022, com o aumento dos casos da Covid-19 na região, decidiram suspender novamente as atividades presenciais.

“Estamos aguardando para retomarmos nosso trabalho e podermos rever as crianças. Todos os voluntários estão esperançosos de uma volta com muita alegria e entusiasmo”, diz.

GRUPO HOJE

O projeto Dr. Sara&Cura é composto atualmente por 14 voluntários, misturando profissões diversas, entre contadores, administradores, professores e office boy. As visitas ao hospital, quando retomadas, são feitas aos sábados, às 14 horas, e domingos, às 9 horas.

“Neste dia 12 de março, quando completamos 24 anos de trabalho voluntário, gostaria de agradecer, em nome de cada criança que recebeu a visita desses fantásticos voluntários, os que já trabalharam e os que trabalham para que esse lindo projeto continue“, exalta.