
Referência quando o assunto é autismo, o projeto Corujas do Bem comemorou ontem o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado anualmente em 2 de abril, com atividades e decoração especial. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, como forma de enfrentar o preconceito contra as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O Corujas do Bem atende, diariamente, 150 alunos da cidade e da região.
“Nós somos uma clínica especializada em autismo. Então, temos todas as terapias, Aba, Teacch, Pecs, integração sensorial, musicoterapia, arteterapia, pintura em telas, fisioterapia, então temos tudo especializado para o autismo. Trabalhamos o autista em toda a sua necessidade, com planos individuais de atendimento”, ressalta Renata Armiato, diretora da entidade.
Sobre o 2 de abril, ela frisa que a data é muito importante para a causa, mas vai além: “Tem que ter um dia para as pessoas se conscientizarem, mas o dia de conscientização é todos os dias.”
Renata pondera que, ao falar sobre conscientização, traz-se a consciência para o momento presente. “Quando isso ocorre, a gente se coloca nesse mundo azul, como a gente chama, que é o autismo. E quando a gente se coloca nesse mundo azul, a gente entende a necessidade de conhecer, de ser suporte, de amparar e de amar as nossas crianças.”
Porém, a gestora reforça que o autismo não pode ser romantizado. “As pessoas romantizam um pouco o autismo. As crianças são lindas, são maravilhosas. Mas o autismo em si traz grandes desafios, seja dentro da família, que precisa ter suporte, dentro da sociedade, dentro da educação, dentro da saúde. Então, são inúmeros desafios quando se tem um laudo de autismo.”
“Nesse dia o que fica mais latente para todo mundo é tomar consciência do meu papel enquanto sociedade, como posso colaborar, não só financeiramente, é colaborar com empatia, com respeito. Quando eu vejo uma criança num shopping, na escola, na igreja e ela estiver se jogando, batendo na mãe ou muito nervosa tapando seus ouvidos, eu não devo ter aquele olhar discriminatório, ter a reação de não fazer nada ou criticar. Devo ter uma reação de respeito, amor, entendimento, de como eu posso ajudar”, orienta Renata.
Ela reforça que é importante que as famílias orientem seus filhos dentro de casa sobre o que é o autismo, ensinar a ter empatia e a não fazer bullying. “Esse é o olhar, essa é a consciência que eu acho que todas as famílias de crianças, adolescentes e adultos com autismo buscam.”
DIFERENÇAS
Renata Armiato diz que a mensagem a ser transmitida é que o autista é um ser humano como qualquer outro, diferente como todos somos, cada um com a sua peculiaridade. “Eu sou diferente de você, como você é diferente de muitos, mas eu estou aqui em sociedade, com o direito de ir e vir, com o direito de participar de uma sociedade, com o direito de ser incluso numa escola, de estar ali no meio porque nesse meio que eu aprendo, que eu autista consigo aprender olhando o meu amigo, que uma criança típica, vejo como ele faz e eu aprendo.”
E completa: “Todos nós, enquanto sociedade, vamos pensar naquela mãe. O que eu posso fazer para essa mãe? Como eu posso ser uma rede de apoio? Porque com os números galopantes que temos de diagnóstico de autismo, em pouco tempo nós teremos um autista por família. Então, hoje você não tem um autista na sua família, mas amanhã você não sabe. Então essa consciência vai fazer com que todo mundo tenha mais empatia, mais amor e, principalmente, mais respeito.”
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