Dores nas costas, dificuldade para pegar objetos e se locomover é um dos sintomas da hérnia de disco. Dados do IBGE, apontam que a doença atinge cerca de 5,4 milhões de brasileiros e, segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, oito em cada dez pessoas no mundo sofrem de hérnia de disco.
“Nossa coluna vertebral e formada por ossos, chamados vértebras, e entre cada vértebra existe o disco intervertebral. Caracterizada pelo deslocamento do disco intervertebral, a hérnia de disco é uma lesão que provoca dores nas costas e alterações de sensibilidade que podem se estender até a região dos membros inferiores. O problema ocorre com mais frequência na região lombar, embora também possa ser observado na porção cervical ou em qualquer outra área da coluna vertebral”, explica a Vanessa Carla da Costa Cegatti, fisioterapeuta, especialista na saúde da mulher e instrutora de pilates.
Ela destaca que a maioria dos casos de hérnia de disco ocorre em decorrência do envelhecimento. “O termo “hérnia” significa projeção ou saída por meio de um orifício, ou fissura, enquanto o disco intervertebral é uma estrutura fibrosa e cartilaginosa que atua como amortecedor da coluna. A hérnia de disco, portanto, diz respeito ao desgaste dos discos intervertebrais — podendo levar ao extravasamento ou abaulamento da estrutura, o que prejudica sua função protetora de coluna e gera os sintomas de dor. A maioria dos casos de hérnia de disco ocorre em decorrência do envelhecimento, um processo natural do organismo que leva ao enfraquecimento e rompimento da camada externa do disco intervertebral. O rompimento do anel fibroso faz com que o núcleo do disco seja projetado para fora, causando uma protuberância que faz pressão nas estruturas nervosas vizinhas.”
Vanessa pontua outras possíveis causas da hérnia de disco. “A chamada hérnia de disco desencadeia uma resposta inflamatória que, geralmente, se manifesta por meio de dor. Além do processo natural de envelhecimento, podem ser apontadas como outras possíveis origens desta alteração: traumas (como quedas, acidentes); doenças que afetam o tecido conjuntivo; doenças congênitas; herança genética; problemas mecânicos e levantamento de peso de forma inadequada.”
A fisioterapeuta frisa que a hérnia de disco é uma das principais causas de afastamento de trabalho e atinge, na maioria das vezes, pessoas entre 30 e 45 anos. “É a segunda maior causa de afastamento de trabalho, atrás apenas das doenças cardíacas e a faixa etária mais comum para o início dos sintomas é entre os 30 e 45 anos. Isso porque começa o processo de degeneração do disco, estrutura que dá mobilidade à coluna, havendo maior sobrecarga na coluna e elevando a probabilidade da doença.”
A especialista fala sobre os principais sintomas da doença. “O principal sintoma da hérnia de disco é a dor na coluna, que pode se manifestar em diferentes intensidades e variar entre desconforto localizado ou que irradia para outras regiões do corpo — como pernas e braços. Além da dor, podem surgir outros sintomas que variam de acordo com a região em que a alteração se localiza.”
Vanessa ressalta que pacientes com hérnia de disco podem apresentar incontinência urinária. “Pacientes com hérnia de disco cervical, por exemplo, podem sentir dor no pescoço, redução da força em um dos braços e até mesmo dormência ou formigamento dos membros superiores. Quando a alteração está localizada na região da caixa torácica, pode haver perda de força nos membros inferiores, dor que irradia para as costelas e dificuldade para segurar a urina.”
Problemas nos nervos e dormência também são sintomas da doença. “Quando a hérnia de disco está localizada na parte inferior da coluna, na região lombar, o paciente pode apresentar alterações no funcionamento do intestino e bexiga, além de perda de força nas pernas e sensação de dormência nos membros inferiores. A intensidade dos sintomas depende do comprometimento dos nervos da região afetada.”
Vanessa conta sobre como é feito o diagnóstico. “O diagnóstico da hérnia de disco pode ser feito por meio da observação dos sintomas e realização de um exame físico, devendo ser confirmado por exames como tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Essas avaliações são importantes também para identificar a localização exata da hérnia, o desgaste apresentado pelo disco intervertebral e o tipo de alteração que o paciente apresenta.”
Ela também explica sobre o tratamento. “O tratamento da hérnia de disco é normalmente dividido em duas etapas. Na fase aguda, o objetivo principal é aliviar a dor e controlar os demais sintomas apresentados pelo paciente — o que pode ser feito por meio do uso de medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares. Durante esse período, também pode ser recomendado repouso moderado.”
Vanessa frisa que o pilates pode ser um grande aliado no controle da crise de dor. “Na fase crônica, quando a crise de dor está controlada, é necessário evitar o surgimento de novas fases agudas. Isso pode ser feito a partir de fisioterapia, acupuntura, prática de exercícios adequados e melhoria da postura corporal. O pilates é um grande aliado nesse tratamento, pois trabalha alongamento, fortalecimento, postura correto, equilíbrio, coordenação motora e além é claro da respiração. O tratamento sempre varia conforme o quadro apresentado pelo paciente e suas necessidades individuais.”
A fisioterapeuta finaliza explicando que pacientes acometidos pela doença, são submetidos a cirurgia em casos específicos. “A cirurgia para tratar hérnia de disco é indicada para casos muito específicos, quando a condição é considerada grave e não houve melhora dos sintomas com uso de medicamentos e aplicação de outras terapias.”
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