
Neste dia 21 de março, a Igreja Presbiteriana Independente (IPI) de Catanduva completa 104 anos. É, pelos registros históricos, a igreja evangélica mais antiga da cidade, que está prestes a completar 107 anos. Organizada em 1921, a IPI teve como primeiro pastor o reverendo Ceciliano José Ennes, que mais tarde se destacaria como educador em São Paulo.
A vertente independente do presbiterianismo surge no Brasil em 1903, um tempo de ânimos nacionalistas, de afirmação da identidade brasileira nas artes, na cultura e no cenário político internacional. O nome “independente” vem de um desejo de emancipar a igreja dos missionários estadunidenses, na sua administração e na evangelização do Brasil – o sonho de uma igreja de brasileiros, para brasileiros, que pense e fale o Evangelho de Cristo na língua do nosso povo.
As igrejas presbiterianas se beneficiaram da grande movimentação humana promovida pela expansão da cultura do café, especialmente nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, bem como da infraestrutura criada para escoar essa produção.
Com a antiga Estrada de Ferro Araraquarense, pastores pioneiros puderam cobrir grandes distâncias e dar suporte a numerosas comunidades de crentes que surgiam nas cidades servidas pela ferrovia. Ao se desenvolverem esses grupos, eram organizados em igrejas – como foi o caso da igreja de Catanduva.
“Quando a comunidade aqui começou a crescer, tornou-se necessário um templo, um espaço próprio onde pudesse celebrar seus cultos e dar instrução religiosa aos que se convertiam à fé. Chegado o momento de construí-lo, no início dos anos 1930, a IPI de Catanduva contrariou as tendências da arquitetura sacra da época, que ainda valorizava estilos tradicionais, como o gótico. Foi vanguardista e optou pelo estilo Art Déco, que compartilha com outras construções históricas da cidade, tais como o Colégio Catanduva, a Faculdade de Medicina e a Associação Espírita Amor e Caridade”, relembra o reverendo Eduardo H. Chagas, pastor da IPI de Catanduva.
Não apenas na arquitetura a comunidade se mostrou vanguardista. A IPI de Catanduva consolidou personalidade própria na forma de lidar com quem pensa diferente, especialmente graças ao longo pastorado do reverendo Neudir Baptista, que conduziu a igreja entre os anos de 1979 e 1997. Ele foi pioneiro no diálogo ecumênico e interreligioso na cidade, cultivando amizades com colegas evangélicos, padres e bispos católicos e com preletores espíritas, e ainda hoje é lembrado com carinho, dentro e fora da igreja.
“É seguro dizer que o jeito de ser da IPI de Catanduva, ainda hoje, espelha o de seu mais longevo e querido pastor: acolhedor, inclusivo, disposto a estar junto, ouvir e dialogar com carinho e respeito”, enaltece Chagas.
Segundo o religioso, essa característica de diálogo e cooperação também leva membros da igreja a não apenas doar seu tempo nos serviços internos da igreja, tais como coral, grupos de estudo e oração, mas também a participar de ações voluntárias, em grupos como a Associação de Voluntários contra o Câncer (AVCC) e o Projeto Semear, para além das ações de assistência da própria igreja.
“Ao celebrar seus 104 anos, a IPI de Catanduva tem certeza de sua identidade e vocação: deseja ser para esta cidade uma fonte que a abasteça do amor de Deus, um espaço onde pessoas que desejam esse amor o recebam de maneira generosa e acolhedora. Um lugar onde a Bíblia Sagrada é levada a sério, estudada com afinco e praticada de coração, mas sem fundamentalismos. O culto praticado pela comunidade une tradição e contemporaneidade, comprometido com a compreensão da verdade bíblica, a expressão sincera de nossos louvores a Deus e o exercício do amor ao próximo”, completa o reverendo.
CULTO ESPECIAL
Para comemorar os 104 anos da Igreja Presbiteriana Independente, no domingo, 23, haverá celebração especial pelo aniversário, no culto das 19h30. Será pregador o reverendo Valdir Brisola, de São José do Rio Preto, e haverá recepção ao final. O templo fica na rua Bahia, 522, no Centro.
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