A Semana da Psicologia da Unifipa trouxe à tona tema delicado e de extrema relevância social: “Violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes”. O encontro reuniu alunos dos cursos de Psicologia e Direito da instituição, estudantes de outras universidades, além de profissionais da psicologia e da área social, em programação que foi encerrada no último sábado, 30.
A temática foi abordada pela professora doutora Andreza Marques de Castro Leão, docente permanente do Programa de Pós-graduação em Educação Sexual da Unesp/Araraquara e pesquisadora nível II do CNPq. Em sua palestra, a pesquisadora destacou que a violência sexual infantil, em muitos casos, é invisível. “A violência sexual infantil geralmente não deixa marcas físicas; por isso é mais difícil de ser percebida”, alertou.
Ela explicou que a violência pode se manifestar em duas esferas: abuso sexual – com ou sem contato físico – e exploração sexual. Chamou ainda a atenção para práticas comuns no ambiente familiar que podem aumentar a vulnerabilidade das crianças. “Pais e familiares têm o hábito de beijar na boca de seus filhos. Isso torna a criança 40% mais vulnerável a aceitar um ato abusivo por outra pessoa, por considerar esse ato dos pais como normal.”
Segundo a professora, os abusadores podem estar nas esferas intrafamiliar, institucional e extrafamiliar, sendo que a maioria dos casos ocorre dentro de casa ou em locais próximos à residência. O vínculo afetivo e de dependência com os agressores dificulta a denúncia e a quebra do silêncio. “O medo de ser castigada faz com que a violência seja mantida em segredo.”
Para a pesquisadora é fundamental que pais, educadores e profissionais da saúde estejam atentos a sinais físicos, comportamentais e cognitivos que possam indicar abuso. “A criança precisa aprender que não importa quem seja: pediu segredo e tocou em seu corpo, isso não é legal. Para a educação infantil é preciso reforçar os três Rs: reconhecer um abusador, recusar qualquer coisa que venha de estranhos e recorrer a alguém de confiança.”
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