Pesquisador da USP que ‘analisou’ Estação Cultura defende tese na terça
Foto: Arquivo Pessoal - Eduardo Bacani Ribeiro estuda o patrimônio ferroviário que pertenceu à EFA
Arquiteto e urbanista Eduardo Bacani Ribeiro esteve em Catanduva diversas vezes durante o trabalho de pesquisa
Por Guilherme Gandini | 15 de dezembro, 2024

O arquiteto e urbanista Eduardo Bacani Ribeiro defenderá, na terça-feira, 17, a tese de doutorado ‘Estrada de Ferro Araraquara: entre as invisibilidades e as potencialidades de complexos ferroviários do Noroeste Paulista’ na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Um dos pontos analisados no estudo foi a Estação Cultura de Catanduva.

Ribeiro é um profundo estudioso sobre a Estrada de Ferro Araraquara (EFA). Durante o mestrado, também na USP, ele investigou o desenvolvimento da ferrovia desde a sua fundação, em 1895, em Araraquara, até ela atingir São José do Rio Preto, em 1912, passando, é claro, por Catanduva.

O profissional é bolsista da Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo e o foco de suas investigações, desde a graduação, tem sido o patrimônio ferroviário que pertenceu à EFA. Ele teve orientação da professora Beatriz Mugayar Kühl, um dos maiores nomes, no Brasil, em torno da temática industrial/ferroviária e do restauro arquitetônico.

Segundo o pesquisador, a Estação Cultura Deca Ruette, em Catanduva, é um projeto pioneiro, já que a transformação do espaço, de ferroviário para cultural, aconteceu em 2006. Na pesquisa, ele ainda traça relação entre o edifício e outro ponto histórico da cidade: o prédio da Fatec.

“Considero muito importante essa iniciativa de preservação desse espaço ferroviário, pois, se olharmos para o histórico de Catanduva, a estação estava ali antes da fundação do município. Ela é, portanto, um elemento importante para refletirmos, por exemplo, esses entrelaçamentos entre o sistema ferroviário e o desenvolvimento urbano no noroeste paulista”, pontua.

Ele afirma que manter viva a antiga estação ferroviária catanduvense, mais do que preservar a imagem de uma edificação emblemática na paisagem local é, também, reafirmar o valor cultural de um espaço de grande significado para a memória da localidade.

O prédio, segundo Ribeiro, tem estilo Art Déco. “Identificamos, por meio da observação de diversas outras estações, localizadas em diferentes regiões do Brasil, que esse estilo, ainda pouco evidenciado nas pesquisas, manifestou-se na arquitetura ferroviária quando a ferrovia era um meio de transporte em declínio, isto é, que perdia espaço para as rodovias.”

Ou seja, o Art Déco é uma das últimas manifestações estilísticas vinculadas a essa produção arquitetônica. “A partir da presença desse estilo na arquitetura ferroviária, entre os anos 1930-1940, podemos refletir sobre questões que vão desde as transformações pelas quais a arquitetura passava naquele momento, com introdução de novos materiais e um despojamento das formas, até os últimos estágios de avanço dos trilhos em algumas regiões do país.”

ABANDONO

Diferentemente de Catanduva, as antigas estações ferroviárias estão abandonadas. Na linha da EFA, segundo Eduardo Ribeiro, várias estações e outras tipologias ferroviárias estão esquecidas, subtilizadas e em condições materiais bastante críticas – quando ainda não se tornaram ruínas.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

Por Da Reportagem Local | 30 de setembro de 2025
Baep prende quadrilha que fez série de assaltos na região
Por Da Reportagem Local | 30 de setembro de 2025
Blitz multa 26 motoristas por recusa ao bafômetro na cidade
Por Da Reportagem Local | 30 de setembro de 2025
ONG Filhos de Pelo arrecada ração nas igrejas de Catanduva