Muitas mulheres relatam sofrerem com a perda ou lapsos de memórias durante e após a gestação. Atualmente, existem estudos que mostram que esse comportamento está diretamente relacionado às alterações hormonais experienciadas durante este período, como é o caso do hormônio progesterona, que mexe com a área relacionada à atenção.
A manicure Raphaella Jantorno vem sofrendo com a falta de concentração e vários esquecimentos. Ela conta que sofre com a falta de concentração e que já durante sua gestação sentiu que estava ficando assim. Porém, foi no período pós-gestacional, depois de dois meses do nascimento do seu filho, que ela notou ter piorado bastante neste sentido.
“Não sei se é devido a nossa correria diária ou por nossas preocupações, que mudam muito. Mas coisas bobas que eu fazia durante o dia, eu piorei. Chegando em casa, coloco a chave em tal lugar, aí passavam 10 minutos e eu já tinha esquecido onde tinha colocado a chave; já esqueci a panela ligada no fogão e fui dar banho na criança. Mas eu tento me policiar bastante. Hoje eu falo para o meu marido que eu preciso de alarme. Então, com isso, eu coloquei alarme no celular para tudo que eu vou fazer”, conta.
Mas, afinal, qual o motivo pelo qual as mulheres, mães, sofrem com esse problema temporário? A médica ginecologista e obstetra Natalia Rebellato explica que a falta de memória é apenas uma das mudanças que acontecem durante a gestação e que pode ou não permanecer no pós-parto. Esquecer nomes, compromissos e as dificuldades em se concentrar são as queixas mais frequentes em seu consultório.
“Esse fenômeno é conhecido como ‘momnesia’ ou ‘pregnancy brain’. Estudos já mostram que, sim, esse fenômeno de esquecimentos ocorre e o impacto maior seria na memória e na atenção da gestante. Essas alterações vão se tornar mais frequentes no terceiro trimestre da gestação. E existe a questão hormonal envolvida”, diz.
As mudanças hormonais, como o aumento da circulação de progesterona nesta fase da gestação, bem como a quantidade de sangue líquido nas células também influenciam na atividade cerebral.
“E além dessas influências fisiológicas que já acontecem na gestação, e não menos importante, há o cansaço físico, o estresse, o cansaço mental, a privação de sono, o descanso interrompido e de baixa qualidade. Tudo isso vai influenciar na memória e na atenção da gestante durante a gestação. Esses fatores podem piorar no período pós-parto, porque é um período muito difícil. O puerpério e a amamentação são períodos muito difíceis para a paciente, às vezes mais difícil do que a própria gestação. Nesse momento a paciente vai se encontrar mais frágil, precisando muito de uma rede de apoio. Por isso que sempre falamos que a rede de apoio é muito importante nesse período, ou seja, que a paciente tenha com quem contar e para ajudá-la nesse período. O sono da paciente nesse período também vai ficar muito prejudicado”, esclarece.
Ademais, toda a situação ainda vem acompanhada do medo, da ansiedade e da insegurança, além da dificuldade para amamentar, o que pode ocorrer com várias mulheres.
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