Amamentar significa conforto, amor e acolhimento. É um ato que requer disponibilidade e doação. Muitas vezes é doloroso, difícil e cansativo. Porém, é satisfatório saber que o corpo da mãe foi responsável por nutrir o filho. E a recompensa vem através da conexão demonstrada quando os olhos se encontram e as mãos se tocam.
A lei nº 13.435, de 2017, instituiu o mês de agosto como o aleitamento materno no Brasil. A partir de então, durante todo o mês, são realizadas, em diversos locais do país, ações de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno. Assim, o mês de agosto passou a ser conhecido como Agosto Dourado, relacionado ao padrão ouro de qualidade conferido ao aleitamento materno e simboliza a luta pelo incentivo à amamentação.
O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil aponta que apenas 45,8% das crianças menores de seis meses eram alimentadas exclusivamente com leite materno. A meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde é que até 2025 ao menos 50% das crianças de até seis meses de vida sejam amamentadas exclusivamente. E que até 2030, esse índice chegue a 70%.
De acordo com a médica pediatra Suéllen Nasorri, o leite materno é a principal fonte de calorias e nutrientes nos primeiros mil dias do bebê, considerado período de desenvolvimento do pequeno. Ele contém uma combinação perfeita de macro e micronutrientes que fortalecem seu organismo, sendo de fundamental importância para o seu desenvolvimento. Até os seis meses, o aleitamento deve ser exclusivo no peito materno, depois disso a alimentação entra como complemento.
“Além disso, ele tem hormônios, fatores de crescimento, anticorpos, que ajudam na continuidade bacteriana benéfica do intestino infantil. Então, hoje em dia, é muito associado ao intestino e está muito relacionado ao desenvolvimento neurológico, então ele vai fornecer um ambiente intestinal favorável para a seleção de bactérias boas, o que favorece muito a imunidade do bebê. Ele ajuda tanto não só no desenvolvimento precoce, mas também para evitar as doenças crônicas não transmissíveis, que é a obesidade, a diabetes Tipo 2 e diminui inclusive o risco de alguns cânceres, como a leucemia, que já foi comprovado cientificamente. Então, ele é de fundamental importância, além das coisas que a gente já sabe, que diminui a desnutrição, melhora o crescimento, melhora o desenvolvimento cognitivo”, destaca a médica.
O aleitamento materno também é importante para as mães, que se sentem mais seguras, competentes e acolhidas. Além disso, diminui a ocorrência de doenças como o câncer de mama.
“As mães que amamentam mais, elas têm menor incidência de câncer de mama, diminui a chance de ter doenças neurológicas. O corpo da mãe passa pelo puerpério melhor porque diminui a quantidade de líquidos que extravasam, que deixam aquele inchaço na perna. Então é fundamental o aleitamento materno também para as mães”, complementa Suéllen.
REDE DE APOIO
O início da amamentação pode ser muito difícil, de acordo com a pediatra, principalmente porque o bebê passa pela fase de extero gestação, que corresponde às primeiras semanas de vida, sobretudo nos três primeiros meses após o nascimento. Nesse período, o pequeno é muito frágil e dependente, além de estar passando por uma fase de grande adaptação às condições ambientais fora do útero. Assim, ele demora a aprender a mamar de forma correta, precisando ser estimulado. Nessa fase, a rede de apoio da mãe tem papel fundamental.
“Neste momento, como o bebê não suga adequadamente, o peito da mãe pode ficar empedrado, que é quando aquele leite fica parado. Por ele ficar mamando o tempo inteiro, o bico do peito pode machucar. Então o que mantém o aleitamento materno é ter uma rede de apoio que, principalmente, é formada pelo pai do bebê e pelos avós do bebê que estão ajudando”, diz.
Muitas mães acreditam que o fato de o bebê querer estar no peito o tempo todo demonstra que o colostro não está sendo suficiente, o que não é verdade. A sucção não nutritiva é um movimento natural que ajuda na produção do leite.
GOLDEN HOUR
Suéllen explica sobre a “golden hour” ou “hora de ouro”, quando o bebê vai direto para o contato pele a pele com a mãe, independente se o parto tenha sido normal ou por cesárea, sendo colocado no peito, estimulando a produção do leite.
“A coisa mais importante neste momento do parto que chama ‘golden hour’, que é a ‘hora de ouro’ mesmo. O que que isso influencia no aleitamento materno? Este contato estimula a produção do leite, manda uma informação, só de ter esse contato com o bebê, já manda um estímulo para o cérebro que faz descer o leite e produzir o leite materno. Além disso, o bebezinho em contato com a mãe, ele começa a entender que ele saiu da barriga e nesse momento, nessa hora de ouro, nessa sucção, o bebê coloca a boquinha no mamilo e ele já vai ser estimulado a mamar. Difícil um bebê que faz a golden hour não ter com eficácia mesmo o aleitamento materno. Isso é o maior estímulo que a gente tem para que esse aleitamento materno dê certo”, afirma.
De acordo com a pediatra, o aleitamento materno vai predizer toda a genética do bebê, melhorando o futuro da criança, sendo pequenos passos para a formação de um adulto sadio.
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