
Pesquisa paleontológica que envolveu a análise de centenas de fósseis desvendou a rica e complexa vida de crocodiliformes fossilizados na região de São José do Rio Preto, especificamente com fósseis dos municípios de Cedral, Ibirá e Monte Aprazível.
O estudo, que analisou centenas de fósseis, revelou que quatro grupos distintos desses "crocodilos" antigos coexistiam na região durante o Período Cretáceo Superior, há cerca de 85 milhões de anos, cada um com suas adaptações ecológicas únicas.
Para a realização dos estudos, o grupo de pesquisadores analisou mais de 200 fósseis de crocodiliformes regionais depositados nas coleções dos museus paleontológicos de Uchoa e de Monte Alto. Os fósseis incluem ossos, dentes e osteodermos coletados desde a década de 1990.
Entre estes achados, um pequeno pedaço de crânio chamou a atenção dos pesquisadores. O material foi descoberto em 6 de setembro de 2008 pela bióloga e pedagoga Angélica Fernandes dos Santos (conhecida como "Gelca"), durante atividade de prospecção no município de Ibirá.
No entanto, somente agora em 2025, revisitando esses materiais, os paleontólogos conseguiram identificar um conjunto de características distintas no fóssil que embasou a definição de uma nova espécie dentro do grupo dos Itassuquídeos. O novo integrante da paleofauna regional foi batizado de Ibirasuchus gelcae, onde o nome genérico, Ibirasuchus, faz referência a Ibirá, onde o fóssil foi descoberto, e o epíteto específico, gelcae, presta tributo à descobridora do fóssil.
O novo crocodiliforme era um carnívoro de aproximadamente 4 metros de comprimento, com hábitos semiaquáticos, que conviveu com outras formas descobertas na região, como a “tartaruga” Amabilis uchoensis e os dinossauros Thanos simonattoi e Ibirania parva.
A pesquisa foi liderada pelo paleontólogo Fabiano Vidoi Iori (Museu de Paleontologia Pedro Candolo – MPPC, de Uchoa, e Museu de Paleontologia Prof. Antonio Celso de Arruda Campos – MPMA, de Monte Alto), em colaboração com os pesquisadores Felipe Chinaglia Montefeltro (Unesp), Thiago da Silva Marinho (UFTM), Leonardo Silva Paschoa (MPPC), Renan Oliviera Fernandes (MPPC) e Sandra Simionato Tavares (MPMA).
“Esses achados expandem nosso conhecimento sobre a diversidade e a ecologia dos crocodiliformes cretácicos, reforçando a importância da Formação São José do Rio Preto para a compreensão da paleofauna regional e suas interações paleoecológicas”, reforça Iori.
Paleofauna local tem quatro grupos de ‘crocodilos’
Foi possível identificar a presença de quatro grupos principais de crocodiliformes na região:
Esfagesaurídeos: crocodiliformes com crânios curtos e dentes adaptados para moer, sugerindo uma dieta herbívora ou, possivelmente, onívora, que incluía plantas, insetos e pequenos vertebrados.
Peirosaurídeos: predadores terrestres de médio a grande porte, os peirosaurídeos possuíam membros longos e postura mais ereta, parecida com a de mamíferos, o que lhes conferia agilidade em ambientes terrestres.
Baurussuquídeos: robustos e com dentição especializada para cortar carne, os baurussuquídeos eram grandes predadores terrestres.
Itassuquídeos: grupo engloba formas mais aquáticas, com corpos alongados e focinhos afilados, semelhantes aos crocodilos modernos, indicando uma dieta mais generalista.
DESCOBERTAS EM CATANDUVA
A partir de escavações em blocos de rochas feitas em 2011 durante a duplicação da rodovia Comendador Pedro Monteleone, em Catanduva, foram encontrados restos fossilizados de uma rã pré-histórica, o Baurubatrachus santosdoroi, anunciada em setembro de 2022, do crocodilo Caipirasuchus catanduvensis, revelado ao mundo em junho de 2024, e do crocodile Epoidesuchus tavaresae, cuja espécie foi confirmada em setembro do ano passado.
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