Não há outra forma de prevenir a raiva a não ser pela vacinação, alerta veterinário
De 2009 a 2019 foram notificados 49.562 casos de raiva em nove espécies, como bovinos, equídeos, cães e gatos, entre outros
Foto: ARQUIVO PESSSOAL - Veterinário Tácio Simões Lembo fala sobre sintomas e importância da prevenção
Por Myllayne Lima | 06 de maio, 2022
 

A raiva é uma doença infecciosa viral aguda grave, que acomete mamíferos, inclusive o homem, e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelo Vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae. 

De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), entre 2010 e 2020, foram registrados 39 casos de raiva humana. Já o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que recebe as notificações de raiva animal, informa que de 2009 a 2019 foram 49.562 casos em nove espécies, como bovinos, equídeos, cães e gatos, entre outros. 

“A raiva é uma zoonose (doença transmitida de animais para seres humanos, ou vice-versa), um vírus que acomete o sistema nervoso central do hospedeiro, e pode levar a óbito em curto prazo. A transmissão da raiva ocorre quando os vírus da raiva existentes na saliva do animal infectado penetram no organismo através da pele ou de mucosas, por meio de mordedura, arranhadura ou lambedura”, destaca o veterinário Tácio Simões Lembo.  

A doença é manifestada de forma diferente em cada tipo de animal. No caso da raiva canina, o período de incubação é, em geral, de 15 dias a dois meses. “Na fase prodrômica os animais apresentam mudança de comportamento, escondem-se em locais escuros ou mostram uma agitação inusitada. Após 1 a 3 dias, ficam acentuados os sintomas de excitação. O cão se torna agressivo, com tendência a morder objetos, outros animais, o homem, inclusive o seu proprietário, e morde-se a si mesmo, muitas vezes provocando graves ferimentos. A salivação torna-se abundante, uma vez que o animal é incapaz de deglutir sua saliva, em virtude da paralisia dos músculos da deglutição.” 

Tácio pontua ainda que há alterações no latido e comportamentais. “O latido se torna rouco ou bitonal, em virtude da paralisia parcial das cordas vocais. Os cães infectados pelo vírus rábico têm propensão de abandonar suas casas e percorrer grandes distâncias, durante a qual podem atacar outros animais, disseminando a raiva. Na fase final da doença, é frequente observar convulsões generalizadas, seguidas de incoordenação motora e paralisia do tronco e dos membros. A forma muda se caracteriza por predomínio de sintomas do tipo paralítico, sendo a fase de excitação extremamente curta ou imperceptível. A paralisia começa pela musculatura da cabeça e pescoço; o animal apresenta dificuldade de deglutição e suspeita-se de “engasgo”, quando então seu proprietário tenta ajudá-lo, expondo-se à infecção. A seguir, vêm a paralisia e a morte.” 

Ele também fala sobre a raiva felina. “Na maioria das vezes a doença é do tipo furioso, com sintomatologia semelhante à raiva canina. Atenção dever-se-á dar a outras sintomatologias que podem ocorrer quando a raiva em cães e gatos for transmitida por morcegos, fato que vem ocorrendo em algumas regiões do país.” 

A raiva em bovinos possui período de incubação mais longo. “Na raiva transmitida por morcegos hematófagos –Desmodus rotundus - o período de incubação é geralmente mais longo, com variação de 30 a 90 dias, ou até mais. A sintomatologia predominante é da forma paralítica”, salienta Tássio.  

Em outros animais domésticos, Tácio frisa que há ingestão de objetos estranhos. “A sintomatologia da raiva em equídeos, ovinos, caprinos e suínos é bastante semelhante à dos bovinos. Depois de um período de excitação com duração e intensidade variáveis, apresentam sintomas paralíticos que dificultam a deglutição e provocam incoordenação das extremidades. Muitos animais apresentam alteração de comportamento e ingestão de objetos estranhos.” 

Nos animais silvestres a manifestação da doença ocorre de forma semelhante ao dos cães. “A raiva ocorre naturalmente em muitas espécies de canídeos e outros mamíferos. Com base em estudos epidemiológicos, considera-se que os lobos, as raposas, coiotes, chacais são os mais susceptíveis. Os morcegos (hematófagos ou não hematófagos), guaxinim e as “mangostas”, apresentam um grau menor de susceptibilidade. A sintomatologia dos canídeos silvestres é, na maioria das vezes, do tipo furiosa, semelhante à dos cães.” 

O veterinário alerta que a única forma de prevenção é através da vacinação. “Não há outra forma de prevenir a raiva a não ser pela vacinação. Lembre-se que a prevenção é o melhor remédio e, ainda mais, nessa situação. É preciso garantir a prevenção à raiva em filhotes, logo com quatro meses de vida. Depois, a vacina antirrábica deve ser dada em doses anuais.” 

O QUE FAZER 

Tácio dá dicas em caso de contato com animal acometido pela raiva. “Caso se depare com um animal com suspeita de raiva, é importante não ter contato físico e ligar imediatamente para o CCZ – Centro de Controle de Zoonoses da sua cidade, para que um profissional recolha adequadamente o animal e faça a avaliação.” 

Ele finaliza falando sobre a transmissão da raiva em humanos. “Humanos podem ser infectados pelo vírus da raiva, isso pode ocorrer quando se tem contato com a saliva de mamíferos infectados, não penetra em pele íntegra, somente através de ferimentos abertos ou das mucosas. Seja através de mordidas, lambidas ou penetrando por feridas abertas, por exemplo.” 

403 animais imunizados em Catanduva 

A Prefeitura de Catanduva, por meio da Secretaria Municipal de Saúde e Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ), segue com a Campanha de Vacinação Antirrábica. De acordo com o setor, foram aplicadas, neste ano, 403 doses da vacina contra raiva em cães e gatos. 

A vacinação ocorre mediante agendamento. A imunização é realizada na Unidade de Vigilância de Zoonoses, na rodovia Vicente Sanches, Km 1, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 7 às 12 horas e das 13 às 17 horas. A solicitação deve ser feita pelo telefone (17) 3524-2445. 

 

 

Autor

Myllayne Lima
Repórter de O Regional.

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