Médicos reforçam alerta contra a automedicação e medo de consulta
Fábio Macchione dos Santos e Viviane Honori dão sequência à abordagem feita por O Regional com foco na importância da prevenção
Por Guilherme Gandini | 19 de janeiro, 2023

A série de reportagens iniciadas por O Regional no último domingo sobre mudança de comportamento e medicina preventiva tem como foco, nesta edição, a automedicação, perigosa consequência para os pacientes que não procuram por orientação profissional.

De acordo com o médico pneumologista Fábio Macchione dos Santos, evitar a consulta médica preventiva é um comportamento injustificado e desaconselhável que vem perdendo adeptos diante da busca por medidas preventivas para retardar ou evitar o aparecimento de doenças.

Ele lembra que existe relação entre a precocidade no diagnóstico e “a consequente instituição da pertinente estratégia terapêutica com a evolução clínica do paciente para a grande maioria das afecções patológicas”, especialmente, em relação às doenças oncológicas.

“Quanto mais precocemente se estabelece um diagnóstico, maior a probabilidade de controle da ameaça e a obtenção da cura.  Os profissionais de saúde contam com protocolos bem definidos de exames e acompanhamentos clínicos que devem ser seguidos especificamente por cada paciente, com o objetivo de detectar eventuais inconformidades em fases precoces”, completa.

Fábio Macchione também censura a automedicação. “Não tem embasamento nenhum nos dias atuais”, diz, lembrando que culturalmente a população tem a tendência de valorizar medicações para amenizar os sintomas sem a definição da causa: “espantar a fumaça sem apagar o fogo”.

“Essa situação é bem comum na prática pneumológica, especialmente no uso dos “xaropes” para a tosse e dos “antigripais”. Reitero que essa prática pode trazer sérias consequências aos pacientes, especialmente, por mascarar sintomas e retardar o correto diagnóstico”, alerta.

MULHERES PRIMEIRO

A mudança de comportamento das pessoas vem acontecendo de forma lenta e progressiva, avalia Fábio Macchione, mas tal conduta é mais evidente no público feminino. “Entre os homens, especialmente nos mais idosos, ainda existe significativa resistência em reconhecer a importância de mudança de estilo de vida, realização de adaptações e ajustes em comportamentos deletérios no cotidiano e busca de orientações profissionais com objetivos preventivos”, comenta.

Para o especialista, a medicina preventiva vem ganhando força entre os brasileiros, ainda que de forma distinta entre diferentes grupos etários, gêneros e nível sócio cultural, devido à informação em massa. Macchione defende: “As campanhas institucionais preventivas ao suicídio (Setembro Amarelo), câncer de mama (Outubro Rosa) e de próstata (Novembro Azul), entre outras, são extremamente importantes, devendo sempre serem incentivadas e divulgadas.”

 

‘O medo não muda uma realidade’

A médica geriatra Viviane Honori diz que o medo da consulta médica e de “descobrir” algo ruim faz parte da questão humana, mas que é preciso enfrentá-lo. “Não podemos deixar esse medo nos paralisar. O medo não muda uma realidade… então devemos descobri-la enquanto é possível enfrentar sem maiores repercussões”, defende ela, em referência aos exames preventivos.

“Não tem exemplo melhor que o da colonoscopia, que deveria ser realizada como exame de rastreio de câncer de intestino. Muita gente chega [ao consultório] falando “nossa mas eu tenho medo do exame” e, quando descobre algo precoce, percebe a importância de diagnosticar antes de maiores complicações”, exemplifica a profissional.

Viviane afirma que a mudança de comportamento das pessoas é evidente, mas que ainda é preciso avançar. “Muita gente procura o geriatra hoje buscando justamente envelhecer com qualidade, mesmo que isso signifique procurar possíveis doenças. Ao mesmo tempo, ainda chega muito paciente em estágio avançado de doença por falta de acesso ou conhecimento.”

A especialista reforça que o diagnóstico precoce pode significar a cura em muitos casos. “Existem diversas recomendações de “pesquisar” doença assintomática visando ao tratamento precoce e com menor morbidade”, pontua e orienta especial atenção a sintomas refratários: “Se eu tenho uma dor de cabeça que não melhora, será que não tem algo de errado?”.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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