Médicos confirmam que procura por prevenção tem aumentado
Virada de ano também leva muitas pessoas a procurarem por orientação médica para o início de uma vida mais saudável
Por Guilherme Gandini | 15 de janeiro, 2023

A máxima de que “quem procura, acha” sempre teve adeptos na área da saúde. São pessoas que evitam agendar qualquer consulta médica de rotina, a não ser que estejam doentes. Preferem negligenciar cuidados de prevenção, segundo dizem, por receio de diagnósticos não favoráveis ou preocupantes. Porém, a busca pela medicina preventiva em contraposição à curativa está aumentando, segundo afirmam profissionais consultados por O Regional.

“Em minha rotina com o consultório, verifico cada vez mais raramente o perfil de paciente que “foge” do médico. Estes são levados pelos familiares, quase que forçados. Atualmente, as pessoas buscam uma opinião médica em fases mais jovens, mesmo sem doença estabelecida, a fim de [obter] orientações de estilo de vida e prevenção”, afirma o cardiologista Rodrigo Serpa Sestito, que diz acreditar que a Medica tem, realmente, tomado tendência mais preventiva.

“Com o conhecimento adquirido nas últimas décadas, fica mais evidente e propagado que bons hábitos melhoram a qualidade de vida das pessoas”, completa ele, relembrando outro velho ditado: “prevenir é melhor do que remediar”.

“Acredito que com programas de saúde promovidos por instituições governamentais ou não, bem como com a facilidade de acesso à informação com a internet, doenças como Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Melitus, Infarto, AVC podem ser evitadas ou postergadas na vida do indivíduo. Cada vez busca-se cuidados alimentares, controle de peso, exercício físico”, reforça.

A cardiologista Fábia Guidotti Menegolli reforça o discurso do colega de profissão: “Nas últimas décadas, com as campanhas de conscientização das agências de saúde, vemos cada vez mais aumentar a procura aos serviços de medicina  preventiva e a busca por conselhos para manutenção da saúde e mesmo avaliações para o início de atividades físicas”.

Ela relembra que o comportamento de se evitar a consulta médica foi passado de geração para geração, mas que diante dos esclarecimetnos sobre os benefícios da prevenção, as coisas estão mudando. “Foi um movimento inicialmente percebido nas faixas etárias mais jovens que buscavam alternativas a tratamentos tradicionais e prevenção a problemas de saúde enfrentados por pais e outros familiares. Porém com o passar dos anos tem se tornado mais frequente pacientes de faixas etárias avançada se interessarem pela medicina preventiva.”

Para João Marcelo Porcionato, médico de Família e Comunidade, nunca se tratou de medo de ir ao médico, mas sim de uma cultura baseada na cura e não na prevenção. “É cultural. No Brasil procuramos auxílio de médicos somente quando adoecemos. Ainda existe um longo caminho a se percorrer, porém acredito que evoluimos nos últimos anos”, opina.

Os três profissionais frisam que o diagnóstico precoce de qualquer doença representa facilidade no que virá pela frente. “Quanto mais precoce, maior a chance de cura por se tratar de uma doença em estágio inicial, mas mais importante que a cura, o diagnóstico precoce pode evitar que uma doença se instale ou evolua de uma forma grave”, garante Fábia. “Não representa a cura, mas um prognóstico bem mais favorável”, completa Porcionato.

Sestito lembra que, atualmente, fatores predisponentes de várias doenças estão bem definidos, casos da obesidade, sedentarismo, tabagismo e alimentação inadequada, por exemplo. “A consulta com seu médico e a realização de exames periódicos é uma medida importantíssima para detectar a predisposição a doenças com grande potencial de complicações.”

ANO NOVO, VIDA NOVA?

Questionados se a virada de ano motiva as pessoas a procurarem orientação médica e mudarem seus hábitos, os três profissionais confirmaram que esse comportamento é real.

“Início de ano é tempo para renovação. Talvez as mudanças de hábitos sejam as principais promessas do ano que passa. Sempre é tempo para iniciar uma atividade física, começar um regime, se programar em consultas e exames de rotina”, comenta Sestito.

Fábia reforça: “Esses marcos de tradição são ótimos para revigorar as energias e abrir novas oportunidades para adotar hábitos mais saudáveis. Períodos de férias que coincidem com a passagem do ano também facilitam a realização de exames e consultas médicas”.

Porcionato pondera que o que ocorre no início do ano é que a maioria das pessoas busca por melhorias na vida pela mudança de ciclo cronológico. Mas ele lembra que não existe um momento ideal para uma avaliação clínica e que o importante mesmo é procurar um médico.

FINAL DE ANO E SEUS EXCESSOS 

Os médicos consultados pela reportagem dizem que a virada de ano é favorável para a busca pela medicina preventiva também devido aos excessos das festas do final de ano anterior. Tais celebrações costumam ser recheadas de comidas não habituais, temperos mais fortes, guloseimas e pelo consumo de bebidas alcoólicas, aliado à redução da atividade física. Isso tudo, dizem eles, em conjunto, acaba por desregular o equilíbrio das funções orgânicas.

A nutricionista Amanda Pedrassoli engrossa o discurso dos colegas e diz que, após o período de festas, podem surgir sintomas como inchaço, dores de cabeça e abdominal, ganho de peso, má digestão e disfunção intestinal. “Isso acontece devido à mudança total da alimentação e dos horários que nos prejudicam e muito”, diz ela. “Nosso relógio alimentar vai acabar alertando nosso organismo que estamos com fome em horários desregulados e forçando a nos alimentar, muitas vezes com alimentos mais calóricos, assim como nos excessos feitos no final do ano.”

Ela usa do bom humor para falar sobre o “momento correto” de procurar orientação profissional. “Sabe quando você faz de tudo para emagrecer e não consegue? Quando restringe demais sua alimentação achando que essa é a melhor estratégia? Quando tem vontade de melhorar sua qualidade de vida? Então, esses são alguns sinais de que você deve procurar um nutricionista.”

O mesmo vale para pessoas que vivem resfriadas e sem ânimo, que costumam fazer dietas malucas, que precisam ganhar peso ou massa muscular ou têm intolerância à lactose, doença celíaca ou alguma outra que restringe a alimentação e exige acompanhamento nutricional.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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