Maioria dos brasileiros não vai ao oftalmologista, mostra Datasus
Muitas doenças nos olhos passam despercebidas e podem causar graves sequelas, alerta oftalmologista.  
Foto: DIVULGAÇÃO - Risco da falta de acompanhamento a partir dos 40 anos se torna ainda mais grave, alerta Queiroz Neto
Por Da Reportagem Local | 24 de junho, 2022
 

Dados do Datasus, banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), mostram que em 2021 9,2 milhões ou só 5% dos brasileiros que são atendidos exclusivamente pelo serviço público de saúde foram ao oftalmologista. O pior é que esse grupo representa 80% da população. Em 2020, o número de consultas foi ainda menor: totalizou 7,2 milhões, uma redução de 34% em relação aos 10,8 milhões atendimentos realizados em 2019.  

Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, este cenário é bastante preocupante. Isso porque a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que a maior causa da deficiência visual no mundo é a falta de óculos. 

No Brasil, afirma, não existe uma política pública de saúde ocular para crianças e em um programa social dirigido pelo médico 70% nunca tinham ido ao oftalmologista. Os erros de refração – miopia, hipermetropia e astigmatismo respondem por 75% dos problemas de visão na infância, comenta. A miopia é a que mais cresce alavancada pelo maior uso das telas digitais.   

O oftalmologista conta que no consultório tem sido cada vez mais frequente receber crianças já em risco de desenvolver alta miopia que nem desconfiam estar enxergando mal de longe porque passam a maior parte do tempo olhando para uma tela de computador ou celular.   

”Até a idade de 8 anos os olhos estão em desenvolvimento e ganham maior plasticidade de acomodação quando são expostos às atividades ao ar livre  em que são exercitados para focalizar nas várias distâncias. Isso explica o resultado de uma pesquisa publicada na The Lancet que aponta o aumento de 40% na miopia entre as crianças brasileiras durante a pandemia”, frisa.  

ÓCULOS DE FÁBRICA  

O risco da falta de acompanhamento a partir dos 40 anos se torna ainda mais grave. Queiroz Neto ressalta que nossos olhos mudam conforme envelhecemos e a mais expressiva alteração a partir dos 40 anos é a presbiopia ou vista cansada que diminui a visão de perto. Isso acontece, explica, porque o cristalino do olho perde a flexibilidade que permite a troca automática de foco para enxergarmos de perto, meia distância e à distância.  

“Os óculos de fábrica não substituem os confeccionados nas óticas e só podem ser usados temporariamente”, afirma. Isso porque, explica, a graduação nas duas lentes é igual e todos nós temos um olho dominante que enxerga melhor. Além disso, para permitir a boa visão o centro óptico das lentes corretivas deve coincidir com a distância entre as pupilas, o que não é possível encontrar em prateleiras.   

“Muitas dessas lentes genéricas também podem induzir ao astigmatismo porque têm irregularidades que provocam distorção nas imagens, dor de cabeça, náusea e tontura.  Para uma emergência, quando você esquece ou perde os óculos numa viagem é aceitável. Além disso não”, salienta.  

Queiroz Neto alerta que algumas alterações nos olhos podem passar despercebidas por não terem sintomas. Este é o caso do glaucoma, doença que degenera o nervo óptico e em 90% dos casos é causada pelo aumento da pressão intraocular decorrente da dificuldade de escoamento do humor aquoso, liquido que preenche o globo ocular.  

Outras como a degeneração macular que causa perda irreparável da visão pode esta relacionadas a alterações metabólica como o diabetes, hipertensão, aumento do colesterol que nem sempre recebem acompanhamento. Não é brincadeira. “É comum pacientes descobrirem que têm estas alterações durante um exame de fundo de olho”, comenta. 

 

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Da Reportagem Local
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