
Um dos principais estudiosos do país sobre mediunidade passará pela região no próximo final de semana. Nos dias 25 e 26 de julho, Jacobson Sant’Ana Trovão, coordenador nacional da Área da Mediunidade da FEB - Federação Espírita Brasileira e uma das principais autoridades sobre o tema, participará de eventos em Santa Adélia e Catanduva, na sexta e sábado, respectivamente.
A primeira atividade será no Centro Espírita Humildade e Amor, na sexta-feira, 25, às 20h, com palestra sobre o tema “A mediunidade e o controle dos pensamentos”. Já no sábado, 26, às 16h, será realizado minisseminário “Os desafios da mediunidade nos tempos atuais”, na Associação Beneficente Amigo Germano, em Catanduva, com transmissão ao vivo pelas redes sociais.
Os dois eventos integram a programação do mês “Mediunidade e Vida de Chico Xavier, organizado pela USE Intermunicipal de Catanduva, cujos encontros são oportunidades especiais para médiuns, dirigentes e interessados no assunto ampliarem conhecimentos sobre o tema. O advogado, professor e escritor Jacobson Trovão falou com exclusividade a O Regional.
O Regional: O que é mediunidade na visão espírita?
Jacobson Trovão: A mediunidade na visão espírita é uma capacidade psíquica humana de percepção da dimensão espiritual ou extrafísica, também chamada de faculdade mediúnica, ou seja, é um sentido a mais que o ser humano tem. Assim como nós temos a faculdade visual ou a visão, temos a faculdade auditiva ou audição, temos um sexto sentido que é o sentido mediúnico, a faculdade mediúnica ou sentido espiritual. Podemos perceber a mediunidade espalhada nas pessoas através da intuição, da inspiração, ou de forma um pouco mais evidente, como numa psicografia, numa psicofonia, ou incorporação, como era chamada essa possibilidade mediúnica, assim como a vidência. Então, é uma capacidade psíquica que todas as pessoas têm, algumas em graus mais avançados e outras em graus mais sutis, mas não menos perceptíveis em todas as pessoas.
O Regional: Muitas pessoas dizem ouvir e ver espíritos, mesmo sem nada conhecerem de espiritismo. Isso pode acontecer?
A capacidade de ver e de ouvir os espíritos é uma capacidade do ser humano, que não foi criada pelo Espiritismo. Temos informações de videntes, ou clarividentes, ou clarialdientes, aqueles que veem e ouvem os espíritos, em todas as culturas, em todas as épocas da humanidade. Nós vemos registros bíblicos em que o próprio Mestre Jesus, no alto do Monte Tabô, viu duas pessoas, Moisés e Elias plenamente transfigurado. Isso para citar apenas uma passagem bíblica do Novo Testamento. Nós vamos encontrar a presença dos espíritos continuamente junto das pessoas. Então essa capacidade de percepção é inerente a cada um de nós. Algumas pessoas têm isso de forma mais clara, alguns são capazes de desenvolver a vidência ou audiência. Mas isso não é uma atribuição do Espiritismo, porque o Espiritismo não criou a mediunidade. O Espiritismo estuda a mediunidade. É bem diferente. Porque a mediunidade existe em todas as culturas, em todos os tempos. Nós vamos perceber a mediunidade nos faquires, nos profetas, nos xamãs, nos pajés. Essa é uma capacidade mediúnica própria do ser humano. Não é um privilégio de algumas pessoas. Mas é uma possibilidade que todas as pessoas detêm.
O Regional: Quem são os Espíritos e o que recomenda para quem registra a presença deles?
Os espíritos são as pessoas que já viveram na Terra. Espírito não é um ser à parte, um ser criado especial por Deus. Nós todos somos espíritos que estamos ocupando temporariamente um corpo físico. Então, quando a gente sai do corpo físico, a gente continua sendo aquilo que sempre foi, com as características próprias, com seus anseios, expectativas, enfim. A personalidade não se perde, ela não desaparece. Só que, tecnicamente, passa-se a utilizar essa expressão, que é mais ou menos genérica, não é? O espírito, ou seja, alguém que está fora do corpo físico. Mas são pessoas identificáveis. Nós temos uma personalidade qualquer que a gente conhece quando sai do corpo físico eu vou chamá-la pelo próprio nome, porque ela ainda é a mesma pessoa de antes. Então, os espíritos somos nós, são as almas dos homens que já viveram no corpo físico e que continuam se relacionando com as pessoas que estão no corpo físico, porque a morte não nos separa totalmente. Então quando alguém percebe a presença de um espírito, primeiro identificar se é um espírito bom, se é um espírito enfermo, não ter medo, não apavorar, não precisa ter nenhum receio, porque o espírito não vai te assaltar. Tem gente que tem pavor de ver o espírito, mas não tem essa necessidade, porque na verdade o espírito não vai fazer nada, porque todo o contato que a gente tem com o espírito não é físico, é psíquico. Então, quando a gente encontra o espírito, embora nós possamos até vê-lo, o contato é mental. A gente deve, identificando um bom espírito, agradecer pela presença, pelo amparo, pela proteção. Se for uma alma inferior, um espírito sofredor, alguém que esteja perturbado, pedir a Deus que o abençoe, que o ampare, que o encaminhe para hospitais, escolas do plano espiritual em que ele possa se recuperar. Nós vivemos na sociedade dos Espíritos, se pudermos chamar assim, para nos referirmos à dimensão espiritual. Então, nós estamos tendo um contato muito próximo. Apenas a gente não os registra de forma consciente, ou pelo menos a maioria da população.
O Regional: Você participará da programação da USE em homenagem à Mediunidade e a Vida de Chico Xavier. O que ele representou para o espiritismo?
Chico Xavier representou e representa muito para o Espiritismo. É um espírito que trouxe para nós uma melhor compreensão da própria doutrina espírita. Nós tivemos a codificação do Espiritismo por Allan Kardec, que iniciou com a publicação do Livro dos Espíritos, em 1857, e depois as cinco obras que vieram, Revista Espírita, mas com Chico Xavier nós passamos a ter uma melhor compreensão, digamos assim: Kardec trouxe a base, Chico Xavier com os espíritos que ele psicografou, os livros que ele nos trouxe, nos deu um entendimento melhor dessa base, como que elevando um edifício. Então é um médium excepcional, de capacidade única na história da humanidade, que vem realmente descortinar a realidade espiritual de forma contundente, muito clara. Os livros, as mensagens psicografadas por Chico, continuam até hoje sendo motivo de pesquisa e comprovação real da mediunidade, além de ser uma pessoa excepcional. Eu digo ser no presente, porque embora ele tenha desencarnado, ele continua vivo em função da própria imortalidade da alma. Então, Chico Xavier, aquela pessoa amável, bondosa, caridosa, foi indicado para uma possível concorrência ao Prêmio Nobel da Paz, foi considerado a personalidade ímpar junto aos brasileiros. É uma pessoa respeitadíssima. Nós temos por Chico Xavier toda admiração, todo respeito. Podemos considerar a contribuição de Chico Xavier para a doutrina espírita e para a humanidade como uma contribuição de longas consequências. Podemos dizer que de futuro nós teremos um referencial de vida espiritual calcado naquilo que ele nos trouxe. Então, a vida e a obra de Chico Xavier são inspiradoras para todas as pessoas.
O Regional: Deixe mensagem para a comunidade da região e em especial às pessoas que têm interesse sobre o tema da mediunidade, apesar de não terem conhecimento sobre o assunto.
Teremos a oportunidade de conversar sobre mediunidade, mas a possibilidade de compreensão desse assunto não está circunscrita aos adeptos espíritas, está aberta a todas as pessoas, porque o tema mediunidade é de interesse universal, não necessariamente doa espírita e nem pretende transformar as pessoas em espírita. O estudo da mediunidade é para abrir a nossa consciência acerca de uma realidade na qual nós vivemos e que ainda não percebemos na sua totalidade. A mediunidade precisa ser desmistificada, ser vista no dia a dia, nós todos somos médiuns, nós todos lidamos com mediunidade continuamente através da intuição, através da inspiração. Quem é que nunca teve uma intuição, uma inspiração, um sonho premonitório? Algo que lhe tocou o coração, que você vê que não procedeu de si próprio, mas do seu exterior. Então hoje o estudo da mediunidade é necessário para que a gente possa compreender a realidade na qual nós estamos inseridos. É muito mais do que simplesmente se preocupar com a formação doutrinária dessa ou daquela pessoa. O estudo da mediunidade nos dá condição de compreender a própria vida, a vida que temos. Então todas as pessoas estão convidadas a participar, porque terão plenamente oportunidade de trocar ideias conosco, fazer perguntas. Nós vamos, nesses estudos que faremos aqui, descortinar um novo panorama acerca da mediunidade, a mediunidade transcendente, a mediunidade vida, a mediunidade ser humano, a mediunidade capacidade psíquica. É isso que é importante nos tempos atuais, porque quando a gente tem toda essa compreensão, a gente vive melhor, se relaciona melhor com as pessoas, tem melhor compreensão com aquilo que passa e, em última consequência, passamos a caminhar com os nossos próprios pés, construindo o nosso progresso e a nossa felicidade.
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