Os benefícios do leite materno são inúmeros, mas a amamentação pode ser um momento de desafio para muitas mães. Agosto é o mês de conscientização sobre a importância da amamentação, que é um processo natural, porém, não é fácil. Para auxiliar nesta jornada, existe o trabalho das consultoras, que ajudam a família que terá um bebê a se informar e também na prática.
A enfermeira e consultora internacional de amamentação, Francielle Catarucci, conta que a consultoria não é algo tão novo, mas vem ganhando muito espaço nos últimos anos como forma de os profissionais de saúde ajudarem as mães e assim melhorarem os índices de aleitamento materno no Brasil.
“É muito importante passar por uma consulta ainda no pré-natal para a identificação de alguns fatores de riscos que podem interferir no pós-parto, na produção de leite e até mesmo ser fator determinante para que essa mulher acabe não conseguindo amamentar”, diz.
A fisioterapeuta e especialista em saúde materno infantil, doula e consultora de amamentação, Larissa Ferreira, fala que a amamentação não é instintiva. O ser humano não sabe mamar e com a chegada do bebê, muitos problemas podem surgir e a profissional ajudará os pais a evitarem o desmame precoce.
“A consultoria em amamentação não é algo tão novo. Ela surgiu da necessidade dos problemas que surgem após a chegada de um bebê, como a descida do leite que pode causar nessa mãe, se ela não souber posicionar esse bebê na mama corretamente ou não souber fazer as massagens para evitar uma mastite para evitar uma fissura nessa mama, e um desmame precoce. Se ela não tiver essas informações e essa ajuda, pode ser que ela não consiga amamentar. E hoje no Brasil, o tempo de durabilidade da amamentação ainda é muito pequeno, é em torno de 54 dias apenas. Acreditamos que é por falta de informação e por falta dessa ajuda profissional que isso acaba acontecendo”, aponta Larissa.
Na opinião de Franciele, toda gestante deveria ter ao seu lado uma consultora para chamar de sua. Com ela, ainda no pré-natal, é possível identificar fatores que podem interferir na produção de leite. E Larissa complementa, dizendo que o trabalho da consultora é levar informação durante o período gestacional e ajudar depois que o bebê nasce.
“A consultoria de amamentação se inicia logo na gestação através da educação perinatal sobre posicionamento correto. Ela vai entender se esse bebê está engolindo, ou não, se esse bebê está mamando realmente ou se ele só está dormindo no peito, ela vai saber diferenciar o que é um colostro e o que é o leite de transição, o que é o leite que vem depois do colostro, ela vai saber fazer essas massagens, saber de quanto em quanto tempo esse bebê precisa mamar, vai entender se esse bebê realmente está sendo nutrido ou não. Eles vão aprender a importância dos nutrientes do leite materno porque nada imita o leite materno. Claro que a gente nunca vai deixar uma criança com fome, mas se essa mãe tem leite e essa família está sabendo como funciona o processo da amamentação ela vai entender que esse é o melhor alimento para o bebê”, explica.
De acordo com Franciele, o investimento em uma consultora de amamentação é muito barato se comparado com o uso de fórmulas infantis. “O investimento em uma consultora em lactação é muito barato quando comparado com o uso de fórmulas. As fórmulas infantis, infelizmente, tem um valor agregado bem alto, porque não é só sobre uma lata, mas a quantidade de leite que essa criança vai receber durante a sua vida. E tem um outro porém que é o mais agravante ainda, é a qualidade de leite que o seu filho vai estar recebendo. Então, tem inúmeras evidências científicas que comprovam que o leite humano, o leite materno, é o melhor leite, é o biocompatível com aquela criança. Aquele leite foi feito especificamente para aquela criança, então, tem todos os nutrientes e todo o fator imunológico que aquela criança precisa. Fora que vai evitar que essa criança adoeça, tenha muitas infecções. O custo-benefício é muito maior comparado com qualquer outro tipo de fórmulas e complementos que podem ser utilizados”, destaca.
Para Larissa, o trabalho da consultora de amamentação deveria ser oferecido no SUS (Sistema Único de Saúde). “Eu penso que deveria ser sim um serviço também oferecido no SUS, não que ele não seja ofertado indiretamente. Indiretamente os postos de saúde oferecem palestras, nós temos o banco de leite também, mas eu acredito que, assim, falta um pouco mais de treinamento, um serviço mais direto para essas famílias. E eu acredito que logo isso vai acontecer pela importância que tem, por tudo que gere em torno da amamentação, a importância que tem, esse vínculo da mãe e do bebê, a informação é o item número um do enxoval do bebê. E se preparar para o nascimento é fundamental para essa nova etapa da vida”, complementa.
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