Hospital de Base alerta para queda de idosos: problema de saúde pública
No HB de Rio Preto, em 2024, 115 cirurgias foram realizadas para tratar lesões subdurais crônicas causadas por quedas
Foto: Divulgação - HB orienta que idoso deve ser avaliado por especialista quando ocorrer trauma craniano
Por Da Reportagem Local | 18 de dezembro, 2024

As quedas são um dos maiores riscos à saúde de pessoas idosas e podem resultar em consequências graves, muitas vezes fatais. Entre 2013 e 2022, 70.516 idosos morreram no Brasil devido a quedas, sendo este o terceiro maior motivo de mortalidade entre os maiores de 65 anos, segundo dados do Ministério da Saúde. Em Rio Preto, o Hospital de Base (HB) alerta para a importância de procurar atendimento médico imediato após qualquer incidente desse tipo, pois muitas vezes os danos internos não são visíveis a olho nu.

As quedas se tornam um problema crescente à medida que as pessoas envelhecem, especialmente após os 60 anos. Segundo a médica Laura Cardoso, geriatra do Hospital de Base, os fatores relacionados ao envelhecimento aumentam significativamente o risco de quedas nesta faixa etária. "Ao longo do tempo, o envelhecimento afeta nossos músculos, flexibilidade e postura. Isso torna os idosos mais suscetíveis a quedas, pois eles perdem a capacidade de manter o equilíbrio e de reagir rapidamente em situações de risco", explica a especialista.

A perda de massa muscular e óssea é uma das principais razões para o aumento do risco de quedas. "Com o envelhecimento, há uma perda óssea natural, que pode ser ainda mais acelerada por doenças como diabetes, doenças cardiovasculares e artrite reumatoide", afirma. Essas comorbidades não só intensificam a perda de músculo e osso, mas também afetam a acuidade visual e auditiva, tornando os idosos ainda mais vulneráveis. "Pacientes com dificuldades de visão e audição têm maior propensão a cair", acrescenta.

Além disso, as doenças neurológicas, como o declínio cognitivo e a depressão, também contribuem para o aumento do risco de quedas. “O envelhecimento também está relacionado com as doenças neurológicas, o paciente que vem com um declínio cognitivo, tem um aumento no risco de quedas. Paciente depressivo, também têm maior risco de cair por alteração do humor", explica Laura. Ela ressalta que o envelhecimento afeta todos os sistemas do corpo, e isso contribui para a maior chance de quedas.Fatores de risco, como a idade avançada, também não podem ser modificados. A especialista alerta que mulheres, especialmente as mais magras, possuem um risco maior de quedas e fraturas. "Se a pessoa já sofreu uma queda ou teve uma fratura no passado, as chances de um novo acidente aumentam consideravelmente", afirma. Ela também destaca que o histórico familiar tem um papel importante. "Se há antecedentes de fraturas, especialmente de fêmur, em familiares próximos, o risco de quedas é ainda maior", pontua.

Outro dado importante, segundo a geriatra, é o alto risco de mortalidade nos primeiros dois anos após a queda. "O risco de morte aumenta significativamente, mesmo que a pessoa tenha sido submetida a cirurgia e a recuperação tenha sido bem-sucedida. As consequências da queda são sentidas por mais tempo, e a mortalidade é mais alta nesse período." Após esses dois anos, o risco diminui e se estabiliza, tornando-se semelhante ao dos outros pacientes.

LESÕES NEUROLÓGICAS 

Os recentes acidentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 79 anos, e do cantor Agnaldo Rayol, de 86, evidenciaram esse problema de saúde pública que afeta milhares de pessoas idosas no Brasil: as lesões neurológicas referentes às quedas. Só no HB de Rio Preto, em 2024, 115 cirurgias foram realizadas para tratar lesões subdurais crônicas causadas por quedas.

Ricardo Caramanti, neurocirurgião do HB, explica que o aumento no número de cirurgias relacionadas a traumatismos cranianos está relacionado ao envelhecimento da população e à maior busca por atendimento médico. “Nosso serviço realiza cerca de 1.800 cirurgias neurológicas por ano, e aproximadamente 125 delas são para tratar hematomas subdurais crônicos. Esse número vem crescendo, o que indica que os idosos estão sofrendo mais traumatismos cranianos e, consequentemente, buscando mais o atendimento médico”, afirma.

De acordo com o especialista, muitas vezes os idosos que sofrem quedas não relatam o incidente, seja por vergonha, medo de sobrecarregar os familiares ou até pela falta de percepção do risco. "Muitos pacientes omitem a queda, não querem incomodar a família ou evitar o hospital. Porém, isso pode ser fatal. Quando se trata de hematomas intracranianos, por exemplo, pode ser que o sangramento seja pequeno e imperceptível inicialmente, mas se não tratado, pode se agravar e resultar em sérios problemas de saúde", alerta o neurocirurgião.

O alerta é claro: quando ocorre um trauma craniano, mesmo que sem perda de consciência, é fundamental que o idoso seja rapidamente avaliado por um médico especializado. A recomendação é realizar exames de imagem nas primeiras 4 a 6 horas após a queda para verificar possíveis hematomas.

"O impacto de uma queda pode variar. Hematomas mais agudos podem causar perda de consciência e déficits focais, semelhantes aos de um acidente vascular cerebral (AVC), enquanto hematomas crônicos, como os subdurais, podem manifestar sintomas mais sutis, como dores de cabeça persistentes, fraqueza progressiva e até problemas de memória, muitas vezes confundidos com Alzheimer ou demência", explica Caramanti.

Ele ainda ressalta que o tratamento adequado pode reverter a condição e permitir que o idoso recupere suas funções normais, caso o hematoma seja drenado a tempo. A prevenção e o tratamento rápido de lesões internas podem salvar vidas e evitar sequelas graves para os idosos.

 

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Da Reportagem Local
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