Dois estudos publicados na revista científica British Journal of Sports Medicine apontam que a prática de atividade física pode reduzir em cerca de 40% o risco de desenvolver nove tipos de câncer, entre eles cabeça e pescoço, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim e pulmão.

Para o cirurgião oncológico do Centro de Oncologia Catanduva, Rodrigo Michelli, o resultado da pesquisa só corrobora o que os médicos vêm insistindo há anos: a importância da atividade física na prevenção do câncer.

“Sabemos que em torno de 10 a 15% dos casos de câncer são hereditários, isto significa que os outros 85% podem ser evitados tendo em vista medidas que dependem de nós, como hábitos saudáveis, alimentação natural, evitar o tabagismo e o álcool, controlar o peso e praticar atividade física”, destaca.

De acordo com um dos estudos, uma boa aptidão cardiorrespiratória - capacidade de uma pessoa de fazer exercícios aeróbicos, como correr, andar de bicicleta e nadar por períodos prolongados ou mesmo subir escadas - pode reduzir o risco de câncer em até 40%, principalmente em homens. A análise final incluiu mais de 1 milhão de homens, durante período médio de monitoramento de 33 anos.

Outro estudo com dados de quase 131 mil mulheres apontou que a atividade física, aliada à predisposição genética e à prática de exercícios, reduz de 38% a 41% o risco de câncer de mama. Já aquelas menos propensas e que passam mais tempo sentadas tiveram probabilidade 100% maior de sofrer da doença triplo negativa, a mais difícil de tratar.

Segundo o médico Ugo Vicente, cirurgião oncológico do Centro de Oncologia Catanduva, a recomendação do Ministério da Saúde é a prática de 150 minutos de atividade física moderada durante a semana.

“Os exercícios melhoram o funcionamento do sistema imune, ajudam a reduzir a inflamação sistêmica, o inchaço, o sobrepeso e a obesidade e modulam a ação hormonal, que ajuda na redução do tecido gorduroso. Quem pratica atividade física só tem benefícios”, ressalta.

OUTROS FATORES

Segundo os especialistas, não é somente a prática de exercícios que vai fazer com que a pessoa não tenha câncer, mas sim um conjunto de fatores que contribuem para a diminuição de chances de aparecimento da doença.

“Quando se fala em fatores de risco para o câncer, temos a obesidade, consumo de álcool e cigarro, má alimentação; o sedentarismo é apenas um dentre os outros fatores. Por isso, cada vez mais, insistimos para que as pessoas tenham uma vida mais saudável e natural”, completam.

Outro ponto de destaque é o rastreamento precoce através dos exames. “Precisamos, inclusive, reforçar a importância dos exames de prevenção e rastreamento, como a mamografia, colonoscopia, Papanicolau, PSA, entre outros, que podem detectar o câncer precocemente, aumentando as chances de cura desse paciente. Portanto, procurar seu médico com regularidade é fundamental”, finalizam.