Estudo relaciona consumo de alimentos ultraprocessados a risco de câncer
Médica Kathia Abdalla frisa que pesquisa mostrou que chance de aparecimento da doença pode ser revertida com mudança de hábitos
Foto: Divulgação - Centro de Oncologia do Austa Hospital é uma das referências na região de Rio Preto
Por Da Reportagem Local | 23 de março, 2023

O que muitas pessoas comentam sobre os alimentos processados como contribuintes para maior possibilidade de câncer foi confirmado. Um estudo feito pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo comprovou que uma dieta composta de alimentos processados ou ultraprocessados está associada ao maior risco de desenvolvimento de vários tipos de câncer, sendo os mais específicos os tumores de cabeça e pescoço, de esôfago, colorretal, fígado e câncer de mama pós-menopausa. A pesquisa foi publicada na edição deste mês da revista científica The Lancet Planetary Health.

Segundo a médica Kathia Abdalla, do Centro de Oncologia do Austa Hospital, de Rio Preto, a pesquisa é de extrema importância porque os resultados apontam não só para a relação de maior risco do consumo de ultraprocessados com o aparecimento tardio de câncer, algo que já era conhecido, como também esse risco pode ser revertido com mudança de hábitos.

"O estudo mostra que a substituição de 10% do consumo diário alimentar de ultraprocessados ou processados pela mesma quantidade de produtos in natura e não processados, como frutas, verduras e legumes, esteve associada à redução do risco de desenvolvimento de câncer", destaca a médica oncologista do Austa Hospital.

A pesquisa, chamada Epic, acompanhou por uma década (de março de 1991 a julho de 2001) 521.324 indivíduos em 23 centros, em 10 países: Alemanha, Dinamarca, França, Grécia, Itália, Holanda, Noruega, Reino Unido, Espanha e Suécia.

Os voluntários foram divididos em quatro grupos de acordo com a média diária de consumo de cada categoria de alimento: no primeiro grupo, a dieta era quase 77% composta de alimentos in natura e menos de 5% de alimentos ultraprocessados; no segundo e terceiro grupos, as proporções de alimentos in natura caíam e de alimentos ultraprocessados aumentavam de modo que, no quarto grupo, a proporção de alimentos in natura era de 63% e mais de um quarto (25,3%) do consumo diário era de alimentos ultraprocessados.

Os pesquisadores acompanharam os pacientes durante esses 10 anos para avaliar o risco de desenvolvimento de 25 tipos de câncer: cabeça e pescoço, esôfago (adenocarcinoma e esquamoso), estômago (dois tipos), cólon, reto, fígado, vesícula, pâncreas, pulmão, rins, bexiga, glioma (medula e cérebro), tireóide, mieloma múltiplo, leucemia, linfoma não-Hodgkin, melanoma, cervical, endometrial, ovário, próstata e mama.

Do total de participantes, 450.111 pacientes, 47.573 (ou 10,5% do total) tiveram algum diagnóstico de câncer e foram acompanhados até 2013. O estudo mostra, portanto, que a redução dos casos de câncer passa pela mudança de hábitos alimentares pela população, conforme salienta a oncologista.

CONSUMO AUMENTA

O Brasil apresentou avanços no que diz respeito às políticas de alimentação, com o lançamento, em 2006, do Guia Alimentar para a População Brasileira, e posteriormente, em 2009, com a classificação Nova, mas o consumo de ultraprocessados vem aumentando nos últimos anos.

"Enquanto que em países desenvolvidos o consumo diário de ultraprocessados é em torno de 30%, chegando a 60% no Canadá e Estados Unidos, no Brasil, está na faixa dos 20%, mas vem crescendo gradativamente nos últimos anos", afirma Nathalie Kliemann, primeira autora do estudo e pesquisadora da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da OMS (Organização Mundial da Saúde).

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