Com montagem inédita no Brasil, o espetáculo “Dois Papas” será apresentado nos dias 17 e 18 de outubro no teatro do Sesc Rio Preto, às 20h, e segue para compor a 11ª edição do Festival Nacional de Teatro de Jales, nos dias 21 e 22 de outubro, como parte de uma parceria institucional entre o Sesc São Paulo e a Prefeitura Municipal de Jales.

Com direção de Munir Kanaan, a peça traz o encontro entre dois líderes da Igreja Católica com visões discordantes: o conservador Papa Bento XVI, interpretado por Zécarlos Machado, e o progressista cardeal argentino Jorge Bergoglio (futuro Papa Francisco), vivido por Celso Frateschi. A montagem marca a primeira versão internacional do texto de Anthony McCarten, autor do livro homônimo e do roteiro do filme da Netflix dirigido por Fernando Meirelles, indicado a três Oscars.

A encenação brasileira propõe uma imersão na intimidade e nos dilemas desses dois homens públicos, revelando o lado humano por trás das vestes papais. A trama parte do momento em que Bergoglio viaja a Roma para pedir sua aposentadoria, mas é surpreendido por uma convocação de Bento XVI, que considera renunciar ao papado.

O diálogo que se segue é marcado por tensão, respeito e humor, explorando as complexidades de suas diferenças. “O que move essa história é justamente a possibilidade de escuta mútua diante das diferenças”, destaca o diretor Munir Kanaan.

Além de Frateschi e Machado — que voltam a dividir o palco após “Santa Joana”, de Bernard Shaw, nos anos 1980 — o elenco conta com Carol Godoy e Eliana Guttman, intérpretes de personagens femininas próximas aos protagonistas: a Irmã Sofia, jovem freira argentina transformada pelos ensinamentos de Bergoglio, e a Irmã Brigitta, editora de livros religiosos e confidente de Bento XVI.

A montagem aposta em elementos visuais para potencializar a narrativa. O cenário branco, concebido como instalação cênica, se transforma com figurinos, objetos e projeções, criando desde ambientes sacros até os momentos mais íntimos dos personagens. O uso de vídeomapping insere conteúdos documentais e amplia o impacto estético do espetáculo, enquanto a trilha sonora ambienta e guia as transições com sutileza.