Especialista alerta mulheres para a prevenção do câncer de colo de útero
Ginecologista e obstetra Guilherme Spagna Accorsi explica que a doença é causada por infecção persistente do Papiloma Vírus Humano, o HPV
Crédito: Arquivo Pessoal - Guilherme Accorsi diz que o câncer pode se desenvolver tanto no colo do útero como no endométrio
Por Stella Vicente | 05 de março, 2023

O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada das células do epitélio de revestimento do colo do útero. Há dois principais tipos: o carcinoma epidermóide, tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso e representa cerca de 90% dos casos, e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular, representando cerca de 10% dos casos. Ambos são causados por uma infecção persistente por tipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano, o HPV.

O útero é o órgão feminino responsável por fornecer as condições necessárias para o desenvolvimento do bebê, e que tem formato de pêra, sendo o corpo do útero a parte superior e o colo do útero a região mais baixa e estreita que possui uma abertura central que liga o interior do útero à vagina.

É através do colo uterino que também se dá a passagem do feto durante o parto. Já o corpo do útero é a porção superior que possui uma camada interna, chamada endométrio, que habitualmente se descama mensalmente e é eliminada na menstruação.

Segundo o cooperado da Unimed Catanduva, ginecologista e obstetra, Guilherme Spagna Accorsi, o câncer pode se desenvolver tanto no colo do útero como no corpo do útero, o endométrio. “O câncer de colo uterino é causado pelo HPV vírus (principais sorotipos 16 e 18) e acomete principalmente mulheres entre 40 e 50 anos de idade. Já o câncer de endométrio, camada que reveste a parte interna do corpo uterino, é decorrente do espessamento dessa camada por hiperplasia, isto é, crescimento celular anormal, na sua grande maioria por estímulo hormonal anormal”, esclarece.

Ele afirma que o câncer do colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil, causado pela infecção de alguns tipos de alto risco do vírus HPV (Papilomavírus Humano), que é uma DST (Doença Sexualmente Transmissível).

A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é que sejam registrados neste ano 16.590 novos casos de câncer do colo do útero. Na maioria das vezes a infecção pelo HPV é transitória e regride espontaneamente, entre seis meses a dois anos após a exposição. Outros fatores de risco são a imunidade diminuída (HIV ou pacientes transplantados), genética, comportamento sexual e idade.

RITMO LENTO

O câncer do colo do útero tem desenvolvimento lento e pode cursar sem sintomas na fase inicial. “Pode progredir para estruturas pélvicas, como bexiga, reto e linfonodo considerado localmente avançado, em alguns raros casos de metástase para pulmão ou fígado. Nesses casos pode apresentar quadros de sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados”, diz Accorsi.

A detecção é realizada através do exame papanicolau, principal estratégia para verificar lesões iniciais e fazer o diagnóstico precoce da doença, quando não há sintomas. O exame é simples, segundo Guilherme, sendo realizado no consultório do ginecologista e consiste na introdução de um espéculo na vagina para coletar amostras da superfície externa do colo do útero e do canal endocervical.

“Quando o tumor é maior e apresenta sintomas, é possível realizar o diagnóstico através de biópsia do colo do útero. Porém, o exame preventivo papanicolau associado à pesquisa HPV vírus continua sendo o melhor método para detecção de lesões iniciais e a cura”, garante o especialista.

VACINA

Desde 2017, o Ministério da Saúde recomenda a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. O imunizante protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV e está disponível na rede pública. Os dois primeiros são considerados de baixo risco e causam verrugas genitais. Já os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. O ideal é que a vacina seja aplicada antes do início da atividade sexual, ou seja, antes do contato com o HPV.

“Com essa geração de meninas e meninos protegidos, o risco de lesões precursoras e do câncer será muito reduzido. É fundamental deixar claro que a adoção da vacina não substituirá a realização regular do exame de citologia, papanicolaou”, complementa Guilherme Accorsi.

Segundo a Prefeitura de Catanduva, há estoque da vacina contra o HPV em todas as unidades de saúde. Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos estão liberados para se imunizarem. Nestes casos, basta comparecer ao postinho do bairro com a carteira de vacinação para receber a dose, não tendo necessidade de atendimento prévio. “A intensificação será realizada juntamente com a campanha de multivacinação, seguindo o programa nacional de imunização”, revelou o órgão.

Autor

Stella Vicente
É repórter de O Regional.

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