Quase metade da população adulta brasileira (48%) será obesa e outros 27% terão sobrepeso daqui a 20 anos. Serão 130 milhões de pessoas, segundo estudo realizado pelo pesquisador Eduardo Nilson, do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Brasília. Esses números justificam a importância desta sexta-feira, 11 de outubro, o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade.
“O sobrepeso e a obesidade em adultos estão aumentando rapidamente no nosso país ao longo do tempo. Hoje, já são 56% dos adultos nesta situação. As autoridades públicas, entidades, empresas e a população em geral precisam se mobilizar para adotar medidas visando conscientizar as pessoas a cuidarem de sua saúde”, afirma a médica endocrinologista Mariana Mendes, do IMC – Instituto de Moléstias Cardiovasculares, de Rio Preto.
Ela ressalta que a obesidade é uma doença crônica e multifatorial que pode levar a outras condições denominadas comorbidades, pois, com o excesso de gordura corporal instala-se no organismo um processo inflamatório constante.
“O aumento do peso causa ou agrava vários outros problemas, como doenças cardiovasculares, cânceres, diabetes e doença renal crônica, dislipidemia, apneia do sono, esteatose hepática e alterações osteomusculares, entre outras”, enumera Mariana. “São doenças que acabam reduzindo o tempo e a qualidade de vida da pessoa”, conclui.
Pensando na prevenção do sobrepeso e da obesidade, a endocrinologista aponta ser importante trabalhar em todas as faixas etárias, desde a primeira infância até a idade adulta, melhorando os ambientes alimentares por meio de políticas regulatórias e fiscais que facilitem escolhas alimentares saudáveis, como consumir uma diversidade de alimentos frescos e minimamente processados e, ao mesmo tempo, evitar escolhas não saudáveis, como alimentos ultraprocessados.
A obesidade é caracterizada pelo excesso de peso proveniente do acúmulo de gordura corporal, representada por um índice de massa corporal ou IMC igual ou acima de 30. Diversos fatores podem ser enumerados como coadjuvantes na condição de obesidade, são eles: fatores genéticos, psicológicos, sociais, metabólicos.
Má alimentação, sedentarismo, fatores endócrinos e genéticos contribuem para a obesidade e o excesso de peso.
Segundo a endocrinologista do IMC de Rio Preto, o tratamento deve basear-se em etapas, como mudança de hábitos, reeducação alimentar e a prática regular de exercícios físicos. “O ideal é um acompanhamento multidisciplinar, em que além do médico, o paciente tenha acesso a nutricionista, educador físico e psicólogo”, orienta Dra. Mariana. “Sem o acompanhamento especializado, além de a chance de o resultado não ser o esperado, corre-se o risco de piorar alguma doença pré-existente, às vezes até desconhecida para o paciente”, completa.
Houve avanços no desenvolvimento de medicamentos, salienta a endocrinologista, porém, com ressalva: “Nem todas as medicações servem para todos os pacientes que buscam perda de peso, por isso é essencial passar por uma avaliação clínica para identificar qual o tratamento mais indicado para cada caso”, alerta a médica do IMC de Rio Preto.
Autor